Sempre gostei muito do termo alfacinha "a outra banda". Quando ouço a expressão, utilizada a propósito do outro lado do Tejo, sinto uma imediata simpatia, porque a ligo implicitamente a quem tem uma vida mais dura, mais exigente, que nos deve merecer grande respeito. Ontem estive na "outra banda". Tinha chegado a Lisboa, cerca das seis da manhã, depois de uma ida-e-volta relâmpago, de mais de mil quilómetros, para participar num debate, lá bem no norte, em Chaves. Dormi umas horas e rumei para a "outra banda", inserido num exercício de idêntica natureza.
É a Europa, Portugal nela e o que se deve fazer para interessar os portugueses por essa temática que esteve no centro dessas duas conversas, com algumas dezenas de pessoas cada. Nestes dois dias, ouvi muito. Testemunhos desencantados de quem perdeu a esperança numa Europa na qual já acreditou, mas igualmente teimosas profissões de fé num projeto que, não obstante o facto de já ter tido melhores dias, nem por isso deixa de ser, para muitos, uma grande e entusiasmante aventura. E dúvidas, muitas dúvidas, algumas que somei às minhas. E porque a Europa não é uma ideia neutra, ela surge cada vez mais ligada, nos discursos comuns, às questões políticas caseiras, que quase sempre a poluem de algum desânimo.
Com o tempo, aprendi que o destino da ideia europeia, da sua popularidade, é isso mesmo, essa permanente dependência das agendas nacionais, das conjunturas, dos altos e baixos da vida dos povos. Para mim, contudo, e sem a menor sombra de dúvida, a Europa continua a ser o lugar geométrico onde se concentra o essencial das esperanças num futuro melhor para Portugal. Mas, às tantas!, isso talvez se fique a dever ao facto das minhas ideias também serem, muitas vezes, de uma "outra banda".
5 comentários:
O que eu tenho pena é que à semelhança de Buda-Oda e Peste não se equacione uma Lisboalmada com dois braços.
vendo bem a europa devia ter a outra banda, 2 ues, ou uma ue e uma aecl, cada uma constituida por paises mais ou menos homogeneos entre si, uma interactuando com a outra mas sem interferencias internas, uma com o €, outra possivelmente com moedas nacionais, bem, acabaria por ter os seus problemas tambem.
há anos que não vou à outra banda, que não atravesso o rio de cacilheiro, passar pelas pontes não é ir à outra banda, bom ritmo de trabalho !
a islandia retirou a sua candidatura à ue, fez bem, com a crise dela e as que vê nos outros, percebeu que não era bom meter se na toca dos lobos, afinal um país que não pertence a um grupo tem mais autonomia sem estar sózinho, tambem tem vantagens
para mim visitar Lisboa pela outra banda, ou seja quase sempre gostaria de deixar o carro na margem sul do Tejo para apreciar essa aproximação a Lisboa num cacilheiro, é algo mágico!
ficamos na expectativa da descoberta dessa bela capital de tantos segredos onde se encontram os testemunhos de tantas épocas e aventuras, por vezes tão amada por vezes tão mal amada, mas que recebe os visitantes com imensa luz e cor. A viagem pelo cacilheiro é mais lenta e mais contemplativa do que os solavancos da ponte 25 de Abril,
no entanto sem sempre o tempo permite atitudes contemplativas
assim poderá ser a aproximação á Europa, temos de ser cada vez mais rápidos no antecipar de decisões, e aí também solavancos não faltarão
The other side!
Depois da "quinta na avenida", é muito alfacinha...
antonio pa
Enviar um comentário