segunda-feira, outubro 28, 2013

Lou Reed (1942- 2013)

Já sucedeu a toda a gente. Estávamos em 2002. Entrámos para jantar, com uns amigos, num restaurante que estava na moda, em "downtown" Manhattan. Passámos por uma sala onde uma cara, numa mesa, me disse qualquer coisa. Minutos depois, saiu-me: "não era o Lou Reed que estava naquela mesa à entrada?". A reação foi imediata: "lá estás tu com a mania de que Nova Iorque é só vedetas!". Chegou o empregado e perguntei: "Na mesa, na outra sala, não está sentado o Lou Reed?". Com uma snobe ausência de expressão, respondeu: "Está.Vem cá muitas vezes jantar. Mora ali, na casa em frente". Julgo (já não recordo bem) que ninguém teve coragem para ir espreitar Quando saímos, já se tinha ido. Talvez para um "walk in the wild side". Agora, segundo a notícia que me chega, acabado de desembarcar em Varsóvia, logo depois da derrota do Sporting, Lou Reed morreu. É a vida, ou melhor, é a morte. Há um dia em que chega aos melhores.

4 comentários:

Helena Oneto disse...

Who never dreamed to take a walk on the wild side?

Anónimo disse...

Nunca fui a N.Y para meu desgosto e vergonha mas vi/ouvi Lou Reed 4 vezes em Londres.Festival Hall no concerto de promocao do album "New York",com a mulher - Laurie Anderson num "Meltdown Festival", outro concerto com a"Lulu orchestra" e finalmente em "Hammersmith Odeon" quando apresentou e Londres o "Berlin concert". Perdi sempre os concertos em Lisboa e Porto. Esta tarde de tempestade Londrina vou ouvir Lou Reed e recordar este meu favorito de sempre.

O filme "Nico" e um documentario louco e muito bom. Recomendo se ainda andar por ai.

Saudades de Londres

F. Crabtree

Julia Macias-Valet disse...

Aconteceu-me a mesma coisa com a Neneh Cherry ha cerca de 10 anos atras em Estocolmo.
E como o meu marido pôs em questão a minha memória visual (apesar de cantora estar um pouco mais rechonchuda que nos idos anos 80 quando dançávamos a som das suas musicas…) também perguntei ao empregado de mesa e sai vitoriosa da teima :-)

PS Também nao vivia longe e era uma habituée do restaurante/bar

margarida disse...

Comecei a leitura em direcção derivativa e deixou de fazer sentido a tentativa de graça (muito sem ela). O desaparecimento sacode-nos mais do que o riso.
E desta história soube em comentário ido, quiçá noutra vida. Foi bom. O passado tende a sê-lo.
Reed deixou herança audível e transmissível, tantos de nós não deixam nem sequer pó.

João Miguel Tavares no "Público"