domingo, setembro 02, 2012

Rochefort

Passaram 45 anos. As ruas de Rochefort parecem-se pouco às do filme de Jacques Démy, onde é difícil encontrar uma loja de "frites", como a que madame Ivone por ali mantinha. Estou certo que as "demoiselles de Rochefort" com que nos cruzámos só por um grande acaso conhecerão essa tentativa francesa de emular os musicais americanos, para o que não faltaram mesmo George Chakiris e Gene Kelly. O filme, que há uns meses revi, faz parte de quantos não resistiram ao tempo: é chatote, primário e de uma simplicidade quase amadora, embora pretencioso. Salvam-se as caras larocas, claro.

Já devia ter aprendido, de uma vez por todas, a abandonar este meu perigoso gosto de rever filmes (e alguns livros) que me marcaram a memória longínqua. Saio muitas vezes desiludido do exercício. 

9 comentários:

Anónimo disse...

Pois quando o vi (há menos de um ano), no IFP de Lisboa, fez as delícias de todo o auditório (quase cheio).

E aquele café no meio da praça. Que design!

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Mas o Senhor também não é o mesmo dessa época.
Para rever algo que nos marcou é preciso ser capaz de recuar.
Recentemente acontece-me algo semelhante. Mas cheguei à conclusão que quando a coisa me agradou, eu era uma perfeita idiota.
O que não quer dizer que o não continue a ser...e não seja apenas uma idiota diferente!

patricio branco disse...

curioso, à distancia de 40 anos guardo a agradavel recordação dum musical de que muito gostei com boas canções e numeros de dança, uma historia feita várias histórias apropriadas ao tipo de pelicula, bons actores, boa imagem, algo fresco, saudavel, etc.
Foi de facto uma incursão dos franceses no musical à americana mas saiu bem.
Receio agora rever a pelicula depois de ler a entrada, mas talvez por isso mesmo o faça, vamos a ver.
jacques demy que encantara sentimentalmente com lola fazia com as demoiselles um verdadeiro musical, depois dos parapluies de cherbourg, um filme de dialogos cantados e em verso, nem bem um musical nem uma opereta, algo experimental, hibrido.
nas demoiselles de rochefort deve se ter visto pela ultima vez a bela françoise dorleac, que tinha feito antes la peau douce, em parte filmado em lisboa, drama de amor a preto e branco.
gene kelly foi bem metido nas demoiselles, cantou em francês com acento americano e dançou um numero de bonita coreografia.
rever, não rever?
uma outra incursão dos franceses no musical foi o mais recente policial huit femmes (com 2 das actrizes das demoiselles) com bonitas canções como mon amour, mon ami e message personnel.
rever peliculas ou reler livros vários anos depois, um exercicio interessante, pode ser gratificante ou decepcionante.

Anónimo disse...

Patrício Branco, depois disso já temos o magnífico "Les chansons d'amour" (2007). E há mais, embora pareçam maus clones da película que referi atrás.

Anónimo disse...

Eu sou um incondicional de Jacques Démy. Já revi muitas vezes os filmes dele, tenho-os quase todos em DVD e sempre gosto. "À chacun son goût", como dizia o Orloff no "Morcego" do Strauss (e "honni soit qui mal y pense"...)

a) Alcipe

Unknown disse...

Senhor Embaixador,
Tomei a liberdade de o citar numa entrada no meu blog. Espero que não encontre inconveniente de maior mas, caso assim não seja, retirarei de imediato a citação. Aqui -

http://cxnegra.wordpress.com/2012/09/03/rostos-de-crianca/

Obrigado

Unknown disse...

Senhor Embaixador,
Tomei a liberdade de o citar numa entrada no meu blog. Espero que não encontre inconveniente de maior mas, caso assim não seja, retirarei de imediato a citação. Aqui -

http://cxnegra.wordpress.com/2012/09/03/rostos-de-crianca/

Muito obrigado

patricio branco disse...

caro catinga, tomei nota, obrigado

Anónimo disse...

Curioso, um dos últimos filmes de Dorlearc, antes de morrer, nesse mesmo ano, naquele estúpido acicente de automóvel.
Como o tempo passa!
Bons tempos da cinematografia europeia, quando se via muito bom filme europeu, sobretudo francês, italiano e inglês.
Tenho alguma saudade desses tempos!
Hoje os filmes são tão trabalhados nos estúdios e com tanto efeito especial, tão parecidos no caso dos filmes de acção, surgem edesparecem ao fim de 3, 4 semanas, vai-se ao cinema e come-se piopcas, bebe-se coca-cola, etc. Bons tempos essses. E que bons filmes franceses haviam e se conheciam. Hoje, quantos filmes europeus passam nos nossos ecrãs?

Ah! Leão!

Quantos pontos poderia o Sporting ter poupado se tivesse havido uma decisão mais ponderada na escolha do sucessor de Amorim?