Tínhamos a mesma idade, o que descobrimos num agradável e longo almoço a dois, há algumas semanas, aqui em Paris. Escritor, editor, tradutor, personalidade multifacetada de intelectual livre, Joaquim Vital era uma das grandes figuras da cultura portuguesa em França. Faleceu ontem, subitamente, em Lisboa.
Ouvira falar dele, há muito, através de amigos comuns. Ainda antes da minha vinda para França, a Manuela e o Nuno Júdice recomendaram que o procurasse. Só acabámos por conversar, com calma, muito mais tarde, já depois de eu ter lido o seu curioso "Adieu à quelques personnages", como aqui referi em Agosto do ano passado. Há semanas, enviou-me uma cuidada edição da "Ode Marítima" de Fernando Pessoa, sobre quem o tinha ouvido falar na Casa de Portugal, na Cité Universitaire de Paris.
Exilado desde os 18 anos, Joaquim Vital viveu em Paris desde 1973. Aqui fundou as "Editions la Différence", onde publicou traduções de muitos escritores portugueses, algumas das quais da sua própria autoria. Dos editores, escrevia: "Pode dizer-se, parafraseando Fernando Pessoa, que há três espécies de editores: os que publicam os livros de que gostam, os que gostam dos livros que publicam, os que não gostam de livros - e que não são editores. É a esta terceira categoria que pertencem os industriais e financeiros que decidiram, por razões de estratégia empresarial, atacar o mercado do papel impresso".
2 comentários:
Exmo senhor Embaixador, Fiquei muito comovido pelas palavras com que sua Excellência honrou a memoria do nosso jà saudoso joaquim Vital. Queria juntar-me para dizer aqui a minha amizade com o Joaquim e a familia dele.
Obrigado
Patrick Quillier
Tradutor de poesia portuguesa (editor do Fernando Pessoa na Pléiade)
Tive o prazer e a sorte de com ele ter convivido em Paris. Entrevisei-o para o Expresso (Actual) hà duas ou tres semanas. Tinhamos um almoço marcada para esta semana em Paris. Era um grande homem e uma pessoa muito boa. Que grande perda. Estou muito triste. Daniel Ribeiro
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