Numa noite, nos idos de 80, o embaixador português em Angola saiu de um jantar em minha casa, no "compound" da Embaixada - onde eram os escritórios e muitos de nós então vivíamos -, e arrancou ao volante para a sua residência, no bairro de Miramar. Tentava chegar antes da meia-noite, hora do "recolher obrigatório", que quase sempre implicava a possibilidade de encontrar patrulhas armadas, de humores variáveis e imprevisíveis.
Poucos metros corridos na Rua Karl Marx (antigamente, era Vasco da Gama...), enveredou por um caminho mais curto, que passava sob um prédio ocupado por "cooperantes cubanos". Ao aproximar-se do túnel do prédio, depara com umas pessoas que rodeavam uma senhora sentada no chão, aparentemente em dificuldades, que faziam gestos para o carro parar.
Luanda era então uma cidade sob tensão de guerra, mas as condições de segurança na cidade, em especial nessa zona, eram ainda razoáveis. Além disso, o embaixador era homem confiante e muito humano, pelo que não hesitou um segundo e parou. Tratava-se de uma grávida em aflições de parto e os circunstantes pretendiam levá-la para a maternidade de Luanda, o Hospital Josina Machel (antigo Maria Pia). As portas do carro abriram-se de imediato, para deixar entrar a senhora. Mas, fosse pelo esforço, fosse pela pressão do tempo, já não deu tempo e a criança acabou por nascer dentro do carro do embaixador de Portugal.
O nome dado à criança - vá-se lá saber porquê... - foi Maria Mercedes!
Poucos metros corridos na Rua Karl Marx (antigamente, era Vasco da Gama...), enveredou por um caminho mais curto, que passava sob um prédio ocupado por "cooperantes cubanos". Ao aproximar-se do túnel do prédio, depara com umas pessoas que rodeavam uma senhora sentada no chão, aparentemente em dificuldades, que faziam gestos para o carro parar.
Luanda era então uma cidade sob tensão de guerra, mas as condições de segurança na cidade, em especial nessa zona, eram ainda razoáveis. Além disso, o embaixador era homem confiante e muito humano, pelo que não hesitou um segundo e parou. Tratava-se de uma grávida em aflições de parto e os circunstantes pretendiam levá-la para a maternidade de Luanda, o Hospital Josina Machel (antigo Maria Pia). As portas do carro abriram-se de imediato, para deixar entrar a senhora. Mas, fosse pelo esforço, fosse pela pressão do tempo, já não deu tempo e a criança acabou por nascer dentro do carro do embaixador de Portugal.
O nome dado à criança - vá-se lá saber porquê... - foi Maria Mercedes!
4 comentários:
Então, não é todos os dias que se nasce num mercedes...
:))
E a nacinalidade da criança, qual foi?
Interessa-me o assunto porque hoje, em Portugal, tornou-se norma nascer em ambulâncias de bombeiros que no momento também de tornam parteiros. Que tal uma menina Nissan?
Que encanto!
E também gostaria de saber se o automóvel foi considerado 'território' nacional, só porque era tripulado pelo representante de uma outra nação. No caso, a portuguesa.
E Mercedes, originalmente, era nome de menina:
" (...) An automobile dealer and racing enthusiast, Jellinek had been racing DMG automobiles on which he had the name—Mércédès—painted for good luck after his daughter, Mércédès Jellinek. Later he contracted with DMG for a small series of dedicated sports cars containing an engine that officially bore his daughter's name.(...)"
Mais aqui:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mercedes_(car)
Que essa princesinha trigueira tenha tido saúde e sorte!
adorei a história.
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