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Conheci pessoalmente Mangabeira Unger numa semana de reflexão política realizada na Grécia, nos idos de 90. Na ocasião, ao saber que havia um brasileiro no grupo, tive a imediata tentação, por um vulgar tropismo lusófono, de ir ter com ele. A surpresa foi imensa: deparei-me com um brasileiro que falava um português "macarrónico", muito mais à vontade em inglês, e que estava a anos-luz do esteriótipo do brasileiro "cordial" com que vulgarmente nos confrontamos. As suas teses, na área da ciência política, impressionaram-me então mais do que me convenceram, mas revelaram-me estar perante um intelectual de mérito. Isso mesmo confirmei, anos mais tarde, quando estive em Harvard, ao encontrar a estante de uma livraria recheada de obras de Unger.
Após chegar ao Brasil, em 2005, verifiquei que Mangabeira escrevia regularmente, na "Folha de S. Paulo", artigos fortemente críticos do presidente Lula. Foi, por isso, com alguma surpresa que o vi entrar no segundo Governo do Presidente brasileiro. Voltámos a encontrar-nos, e a recordar os dias comuns na Grécia, já em Brasília, quando pude tê-lo como convidado na Embaixada.
Mangabeira Unger regressa agora a Harvard. No futuro, pode vir a ser curioso ler o que terá recolhido deste seu efémero mergulho na política real.
1 comentário:
Os intelectuais e os professores dão-se habitualmente mal com a política. Unger não terá sido excepção.
Entre nós também já aconteceu...
Sabia dessa ruptura e vou estar mais atenta ao que sair. Deve ser curioso, de facto!
Mainardi escreveu sobre o tema há uns dias.
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