A vida editorial francesa, para além de coisas sérias e profundas que estão na génese de uma sociedade onde o valor das coisas intelectuais é muito respeitado, tem um "outro lado", com sucesso garantido. São livros fáceis, de um género perecível, ao final de algumas semanas.de exposição. Mas é um mercado muito rentável, a julgar pelos "tops" de vendas.
Este tipo de volumes, assentes nos "affaires", é, em si mesmo, muito francês. Nos últimos anos, contudo, parece haver uma crescente tendência para se ir para além da fronteira do mero "voyeurisme" político, passando para um terreno que mistura cada vez mais a alcova com a intriga. Dir-me-ão que isso sempre existiu; é verdade, mas agora há, claramente, mais.
Curiosamente, a imprensa francesa, sempre muito atenta à "petite histoire", pareceu, durante algum tempo, relativamente imune às histórias sentimentais clandestinas, contrariando a prática da sua congénere anglo-saxónica. Agora, começa também a mudar.
Em Portugal, este género de literatura tem escassos seguidores, se excluirmos algumas "obras" de escândalo que, depois de algumas semanas de evidência, saem para lugares discretos das mesas das livrarias. Geram dinheiro, rendem fotografias, queimam reputações e enchem os egos de alguns protagonistas. Mas, felizmente, não parece fazerem escola. E ainda bem.
2 comentários:
Senhor Embaixador felizmente que assim ainda é entre nós. Ao contrário, começaram a proliferar demasiadas revistas cor de rosa. Tantas, que se eu fosse do PS sugeria mudança de cor.
E, contudo, pode-se fazer essa "petite histoire", com algum humor e sem ofender. Veja-se o último Nouvel Observateur dedicado às "Femmes de Pouvoir".
Eu que estou a biografar duas delas, acredita que me "regalei" - literariamente falando, claro - com algumas petites histoires que não vira antes referidas? Vou confirmá-las e se forem verdadeiras estou com vontade de as mencionar.
Mas concordo consigo. Já chega de "estórias" de Maddies ou das mulheres mal amadas de Pinto da Costa. E alguns políticos também podem ter mais cuidado, porque caldos de galinha não fazem mal a ninguém...
Oi! muito legal o blog. Cheguei aqui durante uma pesquisa que estava fazendo sobre a Hardy. Adorei, e nem sabia que ela tem uma biografia. vou voltar aqui mais vezes, já que estou querendo ir estudar na França, no meu doutorado e quero saber mais desse país :)! abraços e até! :)
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