A Volta a França já não desperta por aqui o entusiasmo de outros tempos, embora uma parte do país mantenha ainda uma nostálgica imagem dos tempos de Anquetil, Merckx, Hinaut, Induráin e de outras grandes figuras que, a partir da França, ajudaram a fazer a história do ciclismo mundial. Os sucessivos escândalos do doping, com a noção de que algumas das melhores corridas podem ter sido falseadas, bem como a concorrência mediática de outros eventos, acabaram mesmo por diluir o fantástico feito de Lance Armstrong, vencedor sucessivo de sete "Tours" (1999-2005), e que, este ano, decidiu regressar à competição.
Armstrong, em toda a sua glória-tragédia, desde o "record" de vitórias em "Tours de France" à ainda mais admirável vitória pessoal sobre o cancro, converteu-se, definitivamente, numa figura altamente polémica, que suscita emoções de dimensão irracional, potenciadas por um estilo pessoal com alguma arrogância. Por isso, a somarem-se às obras de cariz hagiográfico, que o louvam quase à escala dos deuses, aparecem, em paralelo, libelos impressos pelos seus detractores radicais, ambos quase no limiar do ridículo.
O "óscar" da paranóia anti-Armstrong deve ir, contudo, para "Lance Armstrong, l'abus!", um requisitório assinado por Jean-Emmanuel Decoin, chefe de redacção do "L'Humanité", órgão do velho Partido Comunista Francês, que considera que o "Tour de France" foi "desnaturado" pelo "imperialismo do post-Reagan". Segundo uma recensão do livro feita pelo "Le Monde" (confesso não ter tempo para a leitura destes exageros editoriais), o livro, epicamente dedicado "ao ciclista desconhecido", avança mesmo com um imperativo "Armstrong, go home!".
O anti-americanismo é uma arte que certa França cultiva com um requinte tal que, por vezes, chega a ser interessante de observar, pelo que releva de idiossincrático e quase identitário. Mas há limites!
Armstrong, em toda a sua glória-tragédia, desde o "record" de vitórias em "Tours de France" à ainda mais admirável vitória pessoal sobre o cancro, converteu-se, definitivamente, numa figura altamente polémica, que suscita emoções de dimensão irracional, potenciadas por um estilo pessoal com alguma arrogância. Por isso, a somarem-se às obras de cariz hagiográfico, que o louvam quase à escala dos deuses, aparecem, em paralelo, libelos impressos pelos seus detractores radicais, ambos quase no limiar do ridículo.
O "óscar" da paranóia anti-Armstrong deve ir, contudo, para "Lance Armstrong, l'abus!", um requisitório assinado por Jean-Emmanuel Decoin, chefe de redacção do "L'Humanité", órgão do velho Partido Comunista Francês, que considera que o "Tour de France" foi "desnaturado" pelo "imperialismo do post-Reagan". Segundo uma recensão do livro feita pelo "Le Monde" (confesso não ter tempo para a leitura destes exageros editoriais), o livro, epicamente dedicado "ao ciclista desconhecido", avança mesmo com um imperativo "Armstrong, go home!".
O anti-americanismo é uma arte que certa França cultiva com um requinte tal que, por vezes, chega a ser interessante de observar, pelo que releva de idiossincrático e quase identitário. Mas há limites!
3 comentários:
Chauvinismo, direi eu! Lamentável.
Nao so chauvinismo, e natural que os franceses nao gostem del
Caro Embaixador
Como sabe, tudo é relativo.
Do ponto de vista desportivo, e a titulo de exemplo humano, Armstrong é sem alguma duvida, um exemplo, uma referencia que ficarà na historia do Tour.
O resto é comércio!...
Carlos Falcao
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