terça-feira, outubro 29, 2013

Rumo a Belém

Faltam dois anos e quase três meses para o país escolher o substituto do professor Cavaco Silva. Tal como naquelas corridas de bicicletas em pista em que os adversários quase não se movem, mas olham uns para os outros com imensa atenção, para ver quem "salta" primeiro, o ambiente pré-presidenciais começa a aquecer, à esquerda e à direita. Só quem estiver distraído é que ainda não notou.

Há já os que optam por ser mais explícitos nas suas ambições. Há os que arregimentam discretamente "tropas", por vezes com lugares misericordiosamente pagos. Há os que dão "casuais" entrevistas em tom "de Estado" (para suscitarem do putativo leitor um "ora aqui está alguém que dava um bom nome para Belém!") com um ar "mainstream" (isto é, "bloco central") e sempre com patriótica e crítica angústia, para ir com o tom do fado menor que estamos a viver. Há os que, por entre sorrisos, começam a falar dos perfis que não são adequados ao lugar que eles próprios podem vir a pretender. Outros virão. Os que, "com algum sacrifício", responderão a "apelos patrióticos", com "elevado sentido de responsabilidade", em face da "hora difícil que o país atravessa". E há os que estão calados, porque acham que o tempo é ainda de gestão de silêncios ou, num latim de feira, que o "primum milium passarorum est".

Daqui a tempos, começaremos a assistir a jornadas das "facas longas", isto é, as campanhas mais ou menos "negras" para liquidar putativos concorrentes, com boatarias sórdidas colocadas, como quem não quer a coisa, no seu local mediático habitual. Não é de excluir que surjam aventuras editoriais "ad hoc", como oportunas rampas de lançamento, assentes em estranhos e/ou estrangeiros capitais. Aproveitando a "lufada de ar fresco" que as recentes candidaturas "independentes" terão suscitado, veremos também emergir nomes "impolutos", dessa entidade mítica que é a "sociedade civil", numa espécie de "remake" das vestais do PRD.

Tenho a sensação que vamos ter algumas surpresas no "mercado" dos candidatos, para além dos "clientes" naturais e óbvios deste tipo de ocasiões, isto é, dos candidatos dos partidos disfarçados de personalidades independentes, sob o alibi do caráter "unipessoal" do cargo. Não falo em nomes, mas começa a ter alguma graça o discurso de quantos dizem (e já são alguns) que "é uma ideia que não me passa pela cabeça" (claro que não!) mas que ninguém sabe "o dia de amanhã" e não admitem que ninguém "condicione" o seu futuro. Onde é que eu já vi este filme?

22 comentários:

Anónimo disse...

Tenha cuidado, Senhor Embaixador!
Com o protagonismo que muito merecidamente vai tendo com as suas constantes aparições no cenário nacional, ainda um dia, sem dar por isso, vai ver o seu nome surgir entre os presidenciáveis!

Anónimo disse...

Uma coisa é certa: pior do que o actual locatário de Belém não haverá. Tão maus sim, piores não. Há quase oito anos no poleiro ( e mais dez como PM ) e aqui está como o País se encontra. Não pode dizer que não tem culpa, com os poderes que a Constituiçào lhe dá e ele nào usa. Até porque criou vários putativos sucessores, como os Drs. Barroso e Santana Lopes que também já exerceram o poder. Mesmo assim é só metade do tempo que JE dos Santos, com quem não consegue falar ao telefone, leva como PR ( e ainda foi PM, se bem me lembro ). Ao menos, se a menina Patrícia tivesse criado tanta riqueza em Portugal e em Angola como Isabel dos Santos criou...Para seus sucessores, que igualmente colocou em altos cargos, porque não pensarmos que apadrinharia pessoas que sempre ajudou e que até criou, como Oliveira e Costa, Duarte Lima, Dias Loureiro, Isaltino de Morais e outros que tais? Teria mais bitaites mas são estes, um bocado confusos mas verdadeiros, os que vêm à memória às seis da manhã.
P.S.: não estou a chegar do Procópio mas podia estar.

opjj disse...

Gente tão zelosa! Que eu saiba Cavaco Silva foi a votos contra os Bons aqui apregoados. Dor de cotovelo. Com dinheiro para distribuir todos são bons.
Está por desvendar a raíz do mal, a nacionalização do BPN.
Sobre vaticínios, direi apenas que alguém que instruiu Marcelo R..S qd este tinha entre os 3 e os 6 anos, disse que este um dia executaria um grande cargo.Penso que está na hora.

Defreitas disse...

Não falta nada. Todas as variantes são expostas neste "post".A tentação é grande, mas a melhor maneira de se libertar dum tentação ainda é de ceder a esta. O que me preocupa é que nenhuma das "opções" conhecidas não tem a intenção de elevar a massa na direcção da elite, o que seria ideal para o progresso da democracia, mas de abaixar a elite ao nível da massa! Por pura demagogia! Vamos assistir ao mesmo catalogo de promessas, para dar pouco, porque para acorrentar os povos é preciso adormecê-los primeiro.

Anónimo disse...

Eu que nunca sequer tinha pensado, até agora, no regime monárquico, começo seriamente a admitir que seria bem melhor do que regime republicano: teríamos um só rei e, em geral, um só pretendente e não esta turba de pretendentes! Quando ao resto não me parece que a bagunçada diminuísse…
Depois esta coisa de direita e esquerda, qual quê! O que manda é o dinheirinho, o capital e os tachos, e o resto são conversas…
Sr. Embaixador, parece que não deixou ninguém de fora…
antonio pa

jmc disse...

Já cheguei atrasado: ia propor precisamente o lançamento de mais uma candidatura mas já alguém se adiantou. De qualquer modo, depois do pastel de belém que um ministro tentou exportar, mas não conseguiu que ninguém lhe pegasse, difícil será não melhorar.

Anónimo disse...

Não tem emenda....

Vá lá confesse..se fosse Presidente poderia fazer uma Presidência aberta em......Paris !....

quel merveile!..

alexandre

Anónimo disse...

à sua atenção, Ler "A caça a Belém" no blog "O António Maria"



Alexandre

Bartolomeu disse...

O busilis não é haver candidatos. É haver quem alinhe na fantochada e vote.

Anónimo disse...

Para as presidenciais, em Portugal, a Troïka ainda não disse nada?
Eu penso que passará por aí.
Seja como for, os termos democracia, eleição presidencial, realidade do poder e da ação do Presidente da República e seus Ministros, com a presença e arrogancia da Troïka, perderam sentido.
Temos é de estar de bem com a Troïka e bico calado. Assi podemos continuar a fazer de conta!
José Barros

Anónimo disse...

Cavaco Silva, como todos os Presidentes, jurou cumprir a Constituição. Não cumpriu, ao permitir que este governo, de uma forma sistemática, deliberada e até acintosa, aprove, normas orçamentais que violam essa mesa Constituição por quem ele tem obrigação de velar e fazer cumprir. CS foi (ou é), indiscutivelemente, o pior PR desde Abril. Cauciona todas as violações quer constituicionais, quer sociais, quer económicas, quer políticas que o governo tem vindo a fazer desde que tomou posse. Um PR, em tempos de crise como a que atravessamos, é a última esperança de um povo que sofre. Deveria ser, nesse sentido, a “âncora” política desse mesmo povo. Mas não é. Cavaco, tal como o governo, prefere o sossego dos “mercados”do que defender os interesses dos tais “todos os portugueses de quem ele é, desde há 8 anos, Presidente”. Já nem falo do caso BPN que num outro país (EUA, R.U, ALE, etc) o teria levado á demissão. Cavaco perdeu, há já uns tempos, a confiança da esmagadora maioria da população. Não deixará saudades. Muito pelo contrário! Daí que, não será difícil alguém a seguir fazer melhor. Mas não é isso que importa. Seria bom que surgisse alguém com o sentido de Estado que tem faltado, que fizesse cumprir a Constituição, que sentisse o povo, que devolvesse a confiança (popular) que entretanto se perdeu, que, enfim, percebesse no que consiste o cargo presidencial. Há gente qualificada para esse exercício. Em ambos os quadrantes políticos. Gente discreta, que ainda não falou, nem apareceu. Inteligente, honrada e com sentido de Estado. Deixemos pois o primeiro milho para os pardais e aguardemos. Por último, não creio que Barroso, depois de ter desempenhado as suas funções actuais venha a ser candidato. Até porque DB sabe bem que nunca as ganharia.
R.

Defreitas disse...

Um pouco na sequência do comentàrio do Sr. José Barros, que aprovo:

A eleição presidencial ao sufrágio universal organizou um bipartismo , semelhante ao de muitos países "democráticos", impedindo "toda possibilidade de mudança económica e social real". Trata-se dum escrutínio propicio à personalização excessiva da vida política, na qual o "look" e o paleio mais ou menos fácil dos candidatos revestem, para a eleitora média e o eleitor médio, mais importância que as ideias e os projectos de sociedade. Aqui começa o estiolamento da democracia devido aos malabarismos políticos de todos os géneros.
A queda do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados, as violações constantes dos direitos do trabalho, a mutilação da Segurança Social, a privatização dos serviços públicos, os presentes feitos ao patronato, os favores fiscais aos mais ricos, o apoio do Estado às reestruturações dos gigantes da finança, da industria e do comércio , tudo isso visto "lá de cima" com um olho distraído e complacente, leva a crer que se trata dum projecto maduro bem reflectido do grande capital, que agarrou firmemente as rédeas do poder, e que conta no primeiro magistrado da nação um protector sem falha.
No cume do Estado e nas camadas seguintes do poder económico, toda a gente se "arranjou" e assim continuará graças ao bipartismo do ora tu, ora eu !

Anónimo disse...

Ponha-se o caldeirão à lareira. Acenda-se a lareira, ponha-se água q.b na dita e enfiem-se lá dentro os ingredientes: Fonte de Boliqueime, oráculo de Fafe (não de Delfos), oráculo com antepassados na Erada (Covilhã) porque os books vão lá para o Norte, oráculo misericordioso com cozidos suspeitos em Canal Caveira, o grande líder de Lajes/Barroselas. Camilo Castelo Branco enfia lá para dentro umas litradas de bagaço, pega-lhe fogo e... na noite escura surgirá um salvador... Onde está o velho alambique, pobre, do meu avô? E vamos cantando, comentando, recomentando, tviando, sicando... e rindo.Ou chorando!!!!! Arre porra, senhor prior, que é de mais! Andam a fazer de nós tansos? Um dia, vai sair-lhes o tiro pela culatra e, do lado de lá, o Manuel António Pina, que em Mafra tinha pavor de saltar para o galho, vai desforrar-se rindo a bom rir. Só que eles nem sequer isso percebem.

Isabel Seixas disse...

Subscrevo o anónimo das 2:13 na integra , sempre ganharíamos um presidente bem afeiçoadinho.

Anónimo disse...

Nem tudo o que parece é. Presidência aberta em Paris? Porque não na Venezuela? Escolher uma semana do cerco insuportável ao PS, com TODOS OS PATRÕES DA CS a estender passadeiras vermelhas, organização da cerimónia, mescla de populismo latino-americano com sabor a mensalão, interno/externo, só para discutir filosoficamente a tortura, somos tontos ou ingénuos? A Presidência? Depender do favor popular? Alguns dos presentes, estariam nessa de PR. Ando por aí em blogs, cxas de comentários, facebook, no basfond da baixa política e acho que o guião pode ir em sentidos não confessáveis.. Estou certa, certinha que o 1º passo do guião é substituir o SG por alguém + adaptável aos sonhos do personagem. Pode parecer injusto mas JS não perdoa aos infiéis, como é visível na entrevista a CFA. Em janeiro vimos em directo, o seu clone empurrar AC para a liderança. Falhou, continuou como ameaça até que encalhou pelo menos por agora, era o plano A. Entretanto estava a ser ensaiado o plano B. Há meses o clone criou uma página de facbook, com foto, nome CANDIADTO A PRIMEIRO MINISTRO. Nada de mal.No início de setembro aproveitando AJS ter a página pessoal muito dinâmica, o Sr candidato diariamente aparecia a comentar com link para a página do clone. Outubro até à eleição da direcção do grupo parlamentar, sossegou. Provavelmente não gostando da eleição voltou aos comentários, com mensagens do tipo MUDAR, MUDAR O PS, MUDAR O PAÍS.. Lindo. Durou até 27/10. O gestor da página, acordou/acordaram-no e cortaram-lhe o pio. Daí que não dando a candidatura a PR, por causa do "favor popular", podemos com um PS controlado ter acesso a funções que dispensem a massada do favor popular. Mau demais? Também acho? Injusto? Leia-se a entrevista sem ligar aos palavrões, para definir a personalidade não interessam nada. E os recados para dentro do PS nas entrevistas/monólogo à TSF,ANTENA1..Muita esperteza saloia, calculismo, mas sem contar com a inteligência dos outros. Acredite Sr embaixador, preste atenção aos pormenores, que o programa segue dentro de momentos. .É A MINHA OPINIÃO , QUE VALE O QUE VALE. Àquele teatro só estão de parabéns os que com ou sem convite faltaram, e conheço alguns.

Anónimo disse...

Anónima das 20.48,
Apesar de todos os defeitos que JS tem, é BEM melhor do que a actual criatura que temos em Belém! Hoje revelou-se, nas declarações que fez de apoio a este incrível governo. É um ministro de Passos Coelho, demitiu-se das suas funções de PR. Mas, descanse. JS não vai ser candidato.
Jarbas

Anónimo disse...

Convenhamos que Cavaco é o PR que temos.Como afirmou Soares temos que viver com aquilo que temos. A deslealdade para com o PM Socrates nao foi episodio do acaso mas parte de um programa autenticamente de direita, que justificou os inexplicáveis amens à permanência de Relvas e Machete no governo. Na direita so Marcelo podera ganhar, à esquerda Guterres ou Costa. Socrates nao anda numa fona por acaso...

patricio branco disse...

que o elejam como os italianos, é figura que não tem ultimamente servido para nada, até neste poder já não acredito, e tenho pena de assim sentir....

Anónimo disse...

Anónimo das 20,48. Lamento se dei a impressão de recear JS na PR. O que disse é mais do tipo, ele tem outros projectos e é desses que não gosto, e acho que justifiquei. Golpes baixos, mesmo executados por capatazes.

Anónimo disse...

Ao Anónimo das 20,48. Lamento se me expliquei mal, mas não tenho nenhum receio de JS a PR. Só não acredito que esse seja o projecto. O projecto é outro, como julgo ter documentado, e desse não gosto. Abomino, deslealdades, golpes baixos, mesmo de execução encomendada a capatazes fiéis. E já agora não gosto de Chefes,já tivemos. Desalinhada, livre, democrata e socialista de causa, sem papel passado.

Anónimo disse...

Anónimo de 29, 20,48. Certamente expliquei mal e não receio JS a PR. Só falei nesse aspecto, para dizer que não acredito seja esse o objectivo. Julgava ser claro o que não aprovo, não gosto de comportamentos que indiciam um outro objectivo. Tarefas executadas no terreno pelos fiéis de JS, com deslealdade e golpes baixos. Só isto. Eu me confesso não gostar de chefes, desalinhada, livre, democrata, socialista de causas, sem papel passado.

Anónimo disse...

E o dos domingos à noite lá se adiantou antes que alguém apareça e lhe passe à frente.

É uma candidatura tão óbvia, tão óbvia que até uma criança adivilhava as pretensões de nais uma alminha desejosa de poleiro!

Blá-blá-blá há anos, mas cargos públicos para levantar o Estado... Vai lá vai!!!

Isabel BP

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...