segunda-feira, abril 15, 2019

Notre Âme !


11 comentários:

Anónimo disse...

É um bocado de mim que se vai, caro Francisco.

Um abraço

JPGarcia

Luís Lavoura disse...

Calma Francisco. Isso que está na fotografia é feito de pedra, a qual não arde.
A grande maior parte da catedral não ardeu nem pode arder, porque é de pedra.

Anónimo disse...

Um monumento claramente sobrevalorizado que, se estivesse noutro país ou noutra cidade, não teria nem um décimo da fama. É uma desgraça, o fogo, mas não é o fim do mundo. Imaginem se fosse o monte de Saint-Michel...

jose reyes disse...

O douto Luís Lavoura, achista em resistência de materiais, vai seguidamente explicar-nos, à luz da sua "teoria das pedras", o curioso fenómeno dos granitos que não ardem mas explodem e se desintegram quando expostos às temperaturas geradas por um incêndio, e ainda o espantoso efeito de desagregação das pedras calcárias que não ardem mas se desfazem a temperaturas relativamente baixas. A bem da nação, of course, como é seu timbre.

Luís Lavoura disse...

Concordo com o anónimo.
O monumento está sobrevalorizado por estar numa cidade muito visitada, por turistas e outros. França (e a Europa) tem outras grandes catedrais, tão belas ou mais do que Notre Dame, mas, como menos gente as vai ver...
O incêndio também foi sobrevalorizado, dado que o importante na catedral - as pedras - não ardeu, somente ardeu o telhado e outras estruturas em madeira, que não têm grande coisa de original, nem eram certamente antigas.

Joaquim de Freitas disse...

O Senhor Luís Lavoura talvez conheça bem a resistência dos materiais, mas quando escreve que: “outras estruturas em madeira, que não têm grande coisa de original, nem eram certamente antigas”, esquece talvez que uma parte da “floresta” em madeira de carvalho que ardeu, as vigas do telhado, foi montada no século em que nasceu Portugal.

Sou um apaixonado de Paris e da Catedral de Notre Dame. E confesso que emudeci quando vi arder essa obra de milhares de mulheres e homens da idade média, artesãos da pedra e da madeira, que durante duzentos anos criaram esse testemunho da sua arte. E lamentar a sua perda me parece normal quando se é sensível ao trabalho paciente de gerações que nos deixaram essa silhueta inconfundível quando passeamos nos cais do Sena.

Sabe Senhor Lavoura, passei em Nova Iorque muitas vezes e conheci o WTC. Fui almoçar algumas vezes lá acima, e mesmo se comia mal havia o panorama. Não senti a mesma emoção quando lá passei depois do 11 Setembro e que “elas” já lá não estavam…

Mas tenho a certeza, que na semana próxima, quando for passear nos cais do Sena, a falta da silhueta familiar da flecha de Notre Dame, me vai impressionar.

Claro que Notre Dame tem muitas concorrentes na Europa. Mas Notre Dame não é uma igreja. Mesmo se é a religião católica que a anima, milhões de ateus e crentes doutras religiões a visitavam.

A História deu-lhe um lugar à parte no imaginário da Humanidade. Victor Hugo, talvez tenha contribuído. Napoleão e Henrique IV, aquele rei que disse que Paris valia bem a pena duma missa em Notre Dame, De Gaulle e todos os outros do passado, deram-lhe essa fama de que fala, que é bem merecida.

Mesmo a sinistra e trágica história de Jacques de Molay, Grande Mestre dos Templários, imolado pelo fogo no adro de Notre Dame por uma sombria história de dinheiro com o rei de França.

Quando vi as chamas devorar a catedral, questionei-me se este incêndio não fazia parte das Maldições que este lhe deixou no momento de expirar na fogueira.

Notre Dame é mais que uma igreja: Notre Dame é Paris e a França. E mesmo um pouco a Humanidade.



Joaquim de Freitas

Anónimo disse...

@ Sr. de Freitas.

Esqueceu-se de referir que a CND, durante a Revolução Francesa foi durante muitos anos transformada em depósito de cereais e outros materiais.
Em 1871 durante a Comuna de Paris foi saqueada novamente e deixou de ter culto. Não sei quando passou a ter culto de novo.
Desta vez podemos ver em directo a destruição provocada por estes tempos conturbados que se passam na sociedade francesa desde 1989.

Anónimo disse...

Com um bocadinho de jeito ainda conseguimos ver em Notre Dame a maternidade de todos aqueles que vieram de França transportados por uma cegonha.

Até me meteu nojo ver um pateta qualquer, no Parlamento Europeu, a sugerir que os eurodeputados oferecessem os seus ordenados para ajudar à reconstrução. Com a desgraça em Moçambique tão atual (onde as doações são uma pequena percentagem dos prejuizos), vem uma besta querer fazer da reconstrução de um monumento francês um projeto de todos os povos da "Europa". Fornique-se!!! - que é não ter qualquer noção das coisas.

Há aqui um cheirinho a uma espécie de racismo que faz uns povos "eleitos" serem merecedores de todos os nossos suspiros enquanto que outros bem podem ir para o diabo que os carregue!

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo de 17 de abril de 2019 às 16:54


Esta catedral foi muitas coisas desde o começo da sua história. Sobretudo durante a Revolução. Esteve mesmo prestes de ser arrasada. Porque há sempre “espertos” para destruir, mas poucos para construir. Isto faz-me pensar no que a aconteceu à bela muralha da minha Terra de Guimarães, que começou a ser desmantelada no século XVIII, para recuperar as belas pedras de granito.

Finalmente alguém parou o massacre, mas uma longa extensão de centenas de metros desapareceu, deixando o lugar para aquilo que os Vimaranenses chamam de “ Sala de Visitas” permitindo a construção duma frente dita pombalina do Toural, e outras construções no exterior da muralha do lado da Alameda.

Claro que este desastre de Notre Dame de Paris anima as paixões, mesmo num país como a França, laico, mas isto é devido ao seu simbolismo. Não é somente uma Igreja.

As pessoas sentem o que a Catedral significou desde a sua primeira hora, quando ainda era apenas um plano, e no momento em que um prego dourado foi plantado a partir do qual todas as linhas serão desenhadas e todos os cálculos iniciados.

Anónimo disse...

@ Sr. de Freitas

Fiquei a saber que o Sr. se interessa mais pelos construtores da pedra do que de factos concretos.
Enfim todos temos o direito de acreditarmos no que mais nos interessa enquanto deixarmos os outros acreditarem no que lhes interessa. Será isso a verdadeira democracia?
[ Não sei o que a muralha de Guimarães tem a ver com NDP. Será que foram os mesmos construtores que as fizeram?] [A bit far fetched]

Joaquim de Freitas disse...

Estamos na Páscoa, vamos lá ser magnânimos, com o anónimo e explico mais uma vez: A única semelhança que existe entre a Muralha de Guimarães e a Catedral, expliquei-a: Os “espertos” do costume começaram a desmantelar a Muralha no século XVIII, pelas mesmas razoes que hoje há já outros “espertos” em França que querem desmantelar a Catedral para ai construir outra coisa…porque há cada vez menos crentes que assistem à missa! Há pessoas que não vêm muito mais longe que a ponta dos seus sapatos!

Quer factos concretos? Vou-lhe dar mais um: Desde a fatídica hora, dessa funesta tarde, do trágico dia 15 de Abril, em que a Catedral de Notre Dame ardeu, até à hora em que escrevo este texto, 75 000 pessoas morreram de fome no mundo. E que ninguém esqueça, muitos destes humanos morreram também nos países ricos.

Durante o mesmo espaço de tempo, mais de mil milhões de euros foram oferecidos pelas ricas famílias e empresas de França, para a reconstrução da Catedral. E muito mais será oferecido por menos ricos e mesmo pobres.

Esta generosidade é extraordinária e talvez inesperada. E é bem-vinda, mesmo se ela constitui uma gota ínfima no oceano das fortunas que dormem nos paraísos fiscais e que foi subtraído dos impostos devidos e não pagos por muitos desses doadores.

Digo que é bem-vinda porque de todas as maneiras este dinheiro estava perdido para a colectividade, porque pertencia a uma meia dúzia de seres que detêm mais de metade da fortuna do mundo.

E digo que é bem-vinda, porque sou um admirador, como disse, da bela obra de milhares de mulheres e homens medievais que trabalharam durante duzentos anos para a conceber, essa bela Catedral de Notre Dame, que é muito mais que uma Igreja, mas um lugar de passagem de milhões de ateus e crentes do mundo inteiro, que apreciavam a sua beleza, e que graças a estes dons vai poder erguer-se de novo nas margens do Sena.

O que é chocante nas doações de mais de Mil Milhões de euros em três dias, é a facilidade com a qual tais somas foram doadas imediatamente, quando conhecemos as situações desesperadas de milhões de pessoas, vivendo de salários miseráveis, horários precários, e reformas insuficientes.

E sobretudo quando sabemos que, como escrevi mais acima, durante o mesmo espaço de tempo, 75 OOO pessoas morreram de fome no mundo, mesmo se sabemos bem que a França e as suas gentes ricas não podem acudir, sozinhos, ao mundo inteiro.

Mas o problema pode e deve ser analisado sobre outro ângulo. Que não vem para o caso.

Joaquim de Freitas

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