Uma historieta deliciosa que, já não sei a propósito de quê, Sérgio Godinho relatou, na conversa que teve com Leonor Xavier, durante a apresentação do livro desta última, no CCB, hoje à tarde.
Havia, há muitos anos, uma tasquinha pequena, numa determinada localidade da província portuguesa, propriedade de um casal muito idoso de beirões. A senhora estava na cozinha, o marido servia na sala e os pratos, sendo de grande simplicidade, eram de uma qualidade magnífica. Tinham poucas mesas, mas a casa estava quase sempre cheia.
Havia um senão: não serviam café. Quem por ali comia tinha, no final da refeição, de atravessar a rua e ir a uma confeitaria em frente, para ir tomar a bica. Alguns clientes começaram a embirrar com a lacuna e, um dia, confrontaram com isso o simpático proprietário, a quem estimularam a munir a casa de uma máquina de café.
O homem respondeu que não era nada que ele e a sua mulher não tivessem já pensado, acrescentando: “Mas já decidimos que não vamos comprar. Nós não temos filhos nem herdeiros. Quando isto acabar, para quem haveria de ficar a máquina?”
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