A propósito do artigo "A cara", que publiquei no "Jornal de Notícias" e aqui reproduzi, em que defini o perfil daquele em quem votarei para primeiro-ministro, Helena Sacadura Cabral, numa simpática nota no seu blogue, inquire de mim: "só me resta perguntar se ele conseguiu, sempre, encontrar ao longo dos anos em que terá votado, os políticos que cumpriram com este seu retrato. É que, basicamente, os votantes desejam sempre que o modelo seja este. Todavia o aumento inegável da abstenção parece demonstrar o contrário..."
É uma resposta difícil, se a queremos dada com sinceridade. E eu vou ser sincero sobre os meus votos, de toda a espécie. Que exerci várias vezes em Lisboa, outras no "círculo da Europa", mais do que uma vez em Vila Real (onde desde há uns anos estou inscrito!) e também no "círculo do resto do Mundo".
Desde que comecei a votar - a primeira vez foi em 1969 - não votei sempre da mesma maneira, longe disso!, mas votei invariavelmente no mesmo sentido, "if you know what I mean"... Cheguei a votar em partidos e pessoas que sabia, à partida, que não tinham a menor possibilidade de serem eleitos, quase apenas para aferir estatisticamente quantos "maduros" seguiam a mesma e teimosa opção. Votei, por vezes, mais contra certas pessoas do que a favor das que beneficiaram do meu voto, porque detestava a ideia de ver eleitas as primeiras (numas vezes tive sucesso, noutras não). Votei em favor de partidos diferentes, em eleições autárquicas e legislativas próximas, embora, como disse, sempre "no mesmo sentido". Votei em candidatos e partidos que foram derrotados e nunca me arrependi de nenhum desses votos, sem exceção. Abstive-me algumas (poucas) vezes, nunca votei branco ou nulo. Nunca votei (nem votarei) num qualquer referendo: levo a família ao local de voto e fico à porta. Acho o referendo um instituto caricatural e populista.
É uma resposta difícil, se a queremos dada com sinceridade. E eu vou ser sincero sobre os meus votos, de toda a espécie. Que exerci várias vezes em Lisboa, outras no "círculo da Europa", mais do que uma vez em Vila Real (onde desde há uns anos estou inscrito!) e também no "círculo do resto do Mundo".
Desde que comecei a votar - a primeira vez foi em 1969 - não votei sempre da mesma maneira, longe disso!, mas votei invariavelmente no mesmo sentido, "if you know what I mean"... Cheguei a votar em partidos e pessoas que sabia, à partida, que não tinham a menor possibilidade de serem eleitos, quase apenas para aferir estatisticamente quantos "maduros" seguiam a mesma e teimosa opção. Votei, por vezes, mais contra certas pessoas do que a favor das que beneficiaram do meu voto, porque detestava a ideia de ver eleitas as primeiras (numas vezes tive sucesso, noutras não). Votei em favor de partidos diferentes, em eleições autárquicas e legislativas próximas, embora, como disse, sempre "no mesmo sentido". Votei em candidatos e partidos que foram derrotados e nunca me arrependi de nenhum desses votos, sem exceção. Abstive-me algumas (poucas) vezes, nunca votei branco ou nulo. Nunca votei (nem votarei) num qualquer referendo: levo a família ao local de voto e fico à porta. Acho o referendo um instituto caricatural e populista.
Volto agora à pergunta da Helena. Se já houve políticos que cumpriram o que deles esperava com o meu voto? Claro que sim. Dois presidentes e dois primeiros-ministros. Os quatro cumpriram, no essencial, aquilo a que se tinham comprometido a fazer e que eu esperava que fizessem. E, nas duas eleições que aí vêm, vou fazer o mesmo, exatamente com a mesma confiança. Porque vou votar em pessoas de bem - só voto em pessoas que, à partida, tenho por pessoas de bem -, o que me sossega duplamente: faço o que puder para que sejam eleitos e fico também de bem com a minha consciência.
14 comentários:
A minha velha amiga, a 'velha senhora', tem andado muito em baixo - a idade não perdoa - mas hoje telefonou e ditou-me isto para lhe enviar:
atrevi-me a responder
no blogue da amiga helena
e vejo aqui com prazer
que a sua se coordena
co'aquela minha resposta
o meu bem vejo que aposta
nas mesmas minhas opções
pois eu gosto de quem gosta
indo ou não às eleições
agora vou, que demónio!
e claro voto no antónio
Oh palavras sábias que se adequam
a toda a gente e em qualquer circunstância,
rios de ética na verdade desaguam
todos se deitam com a sua consciência
Ah e votamos pelo bem da humanidade
com justiça e xenofobia da certeza
só sabemos que só nos pertence a saudade
dos sonhos tristes que abortaram por magreza...
façamos votos que os votos soem úteis
tão úteis como os afetos e o sentir
que as madrugadas se livrem de nascer fúteis
dos homens os que são mulheres parem de servir
o meu voto é no sonho e é fé na vida Costa, um LUAR, Senhora da aparecida
Também sempre votei sempre no mesmo sentido racional, conforme o que penso, independentemente da "banda desenhada" que aparece em cada eleição. Estamos de acordo.
Sim, temos que dizer à Sra. Helena que houve e ainda há, políticos que cumprem no essencial com aquilo que prometem. Não me venham com a estória de que os políticos são todos iguais para assim branquearem os pantomineiros e mentirosos que nos "governam" actualmente!
Meu caro Francisco
Quebrando a regra que me impus até Outubro, venho confessar-lhe:
1. Toda a vida votei desde que me permitiram. A primeira vez em Arlino Vicente, o que me valeu uma carga policial em avançado estado de gravidez do Miguel
2. Votei uma vez BE para ajudar a eleger o meu filho eurodeputado, mas andei mal comigo durante um tempo.
3. Não votei neste governo nem neste Presidente.
4. Infelizmente para mim, todas as restantes vezes, votei no "mal menor". E em partidos diversos.
5. Deixei de votar nas últimas eleições.
6. Não encontro, defeito meu decerto, alguém que me convença das suas promessas.
7. Finalmente, daqueles que, penso, referiu, a um jamais daria o meu voto. Conheço-o bem demais!
8. Fico satisfeita com a sua satisfação, que não posso fazer minha, pese embora já tenha votado em homens da sua confiança.
Pois se vota no António
e já esqueceu o Alcipe,
viu-se livre do demónio
que lhe trava o apetite,
querida velha Senhora.
Feliciano da Mata,
para a servir sem demora,
nem requebro ou acepipe.
Bem apanhado... O Senhor Embaixador tem uma atitude à inglesa" perante as eleições. Ainda bem. Se calhar desta vez vamos votar na mesma pessoa para Primeiro Ministro.
“O referendo é um instituto caricatural e populista!” Semelhante comentário chega a chocar, meu caro Francisco, sobretudo vindo de si. Naturalmente, respeito a opinião. O Referendo é um instrumento relevantíssimo em Democracia, ou assim deveria ser entendido. Infelizmente, no nosso país, esta figura jurídico-constitucional tem pouca relevância, nunca se utilizando sobretudo quando o deveria ter sido, para as questões de importância capital, como por exemplo que digam respeito á noss soberania. O caso da nossa adesão ao Euro, só para dar um exemplo, deveria ter sido objecto de um debate amplo, aprofundado e esclarecedor, sobre todas as consequências que tal integração monetária significaria para a nossa economia e a perda de soberania cambial, financeira e até orçamental (veja-se hoje o que, de algum modo, por essa via, sofremos com o tal Tratado Orçamental)a nível nacional e depois referendado. O problema, no nosso caso, no que respeita aos referendos, é que não existe uma cultura cívica de esclarecimento sério e honesto por parte dos Paridos em geral. Um referendo, sobretudo para questões mais importantes, como a que atrás mencionei (mas há vários outros, de antes e depois), acabaria muito provavelmente de servir outros fins que não os de esclarecer e explicar, com seriedade os eleitores. Seria, possivelmente, utilizado para mais uma campanha de desinformação e chicana política. Mas, tal não nos deve impedir de um dia se alargar a figura do referendo numa próxima revisão constitucional para mais situações e questões de relevância e soberania nacional. Argumentar-se-á, como muitos fazem, de que compete aos deputados, como representantes do povo e ao governo, saído de eleições livres, ter uma opinião sobre essas matérias. É má política e é perigoso, para além de, na minha humilde opinião, limitar direitos democráticos e constitucionais. Os políticos não representam os eleitores dos circulos que os elegeram, nada sabem das suas preocupações, nem querem saber, não vivem lá a maioria das vezes (ex: Portas por Aveiro, etc, etc), prometem coisas que nunca cumprirão e são meras correntes de transmissão das lideranças partidárias. Temos uma Democracia limitada por esse motivo. E ninguém altera este estado de coisas, para permitir uma maior aproximação entre eleitos e eleitores. E, no caso do referendo, impor-se-ia que o povo fosse consultado em matérias vitais para os seus interesses (economicos, financeiros, políticos, sociais, etc) e do seu país. Daí ter ficado chocado com a sua posição. Não leia isto como uma crítica, que não é, cada um é livre de ter a sua opinião. Apenas uma outra, opinião. Diferente.
Abraço!
O candidato mais bem preparado para PM, na minha ignorância e sem sombras ou névoas a toldarem-me as vistas é Joana Amaral Dias.
Ao Anónimo das 22:35 [procador de forma gratuita]:
Não há névoa que lhe tolde a visão porque o seu problema de toldagem visionária está no cérebro.
E aí, até a medicina (e a ciência, em geral) têm muita dificuldade em resolver os problemas.
Neurónios danificados pelo fanatismo ideológico não têm mesmo solução.
Veja-se o que está a acontecer com os fanáticos do Estdo Islâmico, dão-se ao desplante das maiores barbaridades e crimes, sempre convencidos da sua verdade intocável.
Sem solução, portanto.
Manuel Silva a falar de fanáticos outros, insurgido contra alguém que mais não fez que atrever-se a sugerir um nome que não o de Tó Costa.
Vórtices e nós mentais que as paixões clubísticas próprias segregam.
Anónimo das 13:01,
Sim, mosca.
Errata: Arlindo Vicente.
O qual acabou por desistir a favor da candidatura de Humberto Delgado, que levou o meu voto.
Se eu só votasse em pessoas que considero de bem, nunca tinha votado. Assim votei em todas as eleições desde 1975, embora cada vez com menos entusiasmo. Já votei algumas vezes em branco, que prefiro à abstenção. Quanto ao referendo acho que é apropriado ao nível local, por exemplo para as pessoas de uma aldeia dizerem se preferem um cinema ou um pavilhão desportivo. Concordo que não se deva utilizar para algo de mais complicado.
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