Aqui na Polónia, fiz hoje parte de um pequeno painel de seleção para emprego de jovens com idade inferior a 26 anos, todos com elevadas qualificações académicas, na esmagadora maioria dos casos já com alguma experiência, obtida através de estágios profissionais ou de outro tipo de atividade pós-académica. Era um grupo de escassas dezenas de pessoas, que representavam menos de 1% dos candidatos originais a ingressar na empresa em que trabalho. Dominavam as mulheres. A seleção durou um dia completo e não foi nada fácil. No final, o grupo ficou naturalmente reduzido.
Sinto sempre um sentimento estranho quando intervenho neste tipo de seleção - e isso já me aconteceu no passado, noutros contextos. As coisas são relativamente fáceis quando se trata dos melhores candidatos ou daqueles cuja reprovação não suscita grandes dúvidas. Há apenas que saber descontar o efeito "show off" e as limitações provocadas por um conjuntural stresse. Os problemas situam-se na "zona cinzenta", que abrange quantos nos "dividem". Por mais questões que coloquemos, por muito que os ouçamos, individualmente ou interagindo em grupo, ficamos na incerteza se contribuir para o seu recrutamento é um erro nosso que a empresa vai ter de pagar ou se, ao invés, não será injusto estarmos a arruinar todo o seu esforço. É que um simples "não" de qualquer membro do júri é, neste contexto, suficiente para afastar um candidato.
O que de fascinante teve este exercício foi a possibilidade de conversar, por horas, com pessoas que representam uma nova geração, que nos ajudam a perceber melhor o que é a Polónia de hoje e os anseios daqueles que irão integrar as suas elites. Foi muito interessante verificar a matriz cosmopolita destes jovens, desde logo traduzida no inglês em que os exames se processaram, a importância que para eles teve o programa Erasmus, a leitura diversa que fazem dos vários mundos exteriores com que contactaram e, muito em especial, o modo como olham a construção das suas carreiras, a grande aposta que fazem na sua valorização pessoal, a qual é, para muitos deles, bem mais relevante que a obtenção de um mero emprego. No final, ficamos felizes pelos que escolhemos, mas acabamos sempre o exercício com alguma dúvida relativamente a quantos mandámos de volta para o mercado de trabalho.
2 comentários:
V.Exª. fez-me lembrar de um facto em que fui incubido.
Escolher um candidato à Filial do Porto.Eram cerca de 150 candidatos e tinham que ter um certo perfil.
Concordo consigo, é muito difícil de entre tantos e bons fazer a selecção.
Mas, reservava-me o melhor. Numa prova escrita, em vez dos nomes dos candidatos, criptei, atribuindo-lhes um número.Eu queria isenção na qualificção. Conclusão, como ninguém sabia quem era quem,as notas não eram libertas.Por fim, sob coação tive de dizer a quem pertenciam as provas.
Curiosidade -Um dos elementos da Administração tinha sido deputado PS.
Todos têm telhados de vidro, PS, PSD e até CDS.
Cumprimentos
um país com futuro e já com presente, uma nova espanha no leste da ue.
trabalho interessante selecionar, embora por vezes ingrato
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