Como será o Brasil no ano dois mil? As crianças de hoje, já velhinhas então, lembrarão com saudade deste antigo país, desta velha cidade? Que emoção, que saudade, terá a juventude, acabada a gravidade? Respeitarão os papais cheios de mocidade? Que diferença haverá entre o avô e o neto? Que novas relações e enganos inventarão entre si os seres desumanos? Que lei impedirá, libertada a molécula que o homem, cheio de ardor, atravesse paredes, buscando seu amor? Que lei de tráfego impedirá um inquilino - ante o lugar que vence - de voar para lugar distante na casa que não lhe pertence? Haverá mais lágrimas ou mais sorrisos? Mais loucura ou mais juízo? E o que será loucura? E o que será juízo? A propriedade, será um roubo? O roubo, o que será? Poderemos crescer todos bonitos? E o belo não passará então a ser feiura? Haverá entre os povos uma proibição de criar pessoas com mais de um metro e oitenta? Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos) não farão às ocultas, homens especiais que, de repente, possam duplicar o próprio tamanho? Quem morará no Brasil, no ano dois mil? Que pensará o imbecil no ano dois mil? Haverá imbecis? Militares ou civis? Que restará a sonhar para o ano três mil ao ano dois mil?
lembro me de ver as piadas escritas e desenhadas de millor fernandes na revista cruzeiro, que há decadas se vendia bem e era lida em portugal. Os narizes dos personagens, o humor de pequenas máximas ou historias suas, etc
Bem..., eu diria que nos deixam saudosos do que ainda poderiam criar e partilhar, porque sempre que recordo qualquer um deles, assoma-me um sorriso. E isso não é bom? Uma 'herança' deveras rica e genial. É esse espólio que cada um deveria querer transmitir aos vidouros: a felicidade, mesmo que temperada com uma ou outra lagrimita - assim é o verdadeiro sabor da vida!
Senhor Francisco Eu fico cheia de orgulho pelo Brasil ter tido dois homens que vieram da simplicidade e se tornaram artistas incriveis, apesar das diversidades. Obrigada por lembra-los. com amizade Monica
11 comentários:
no Brasil, agora, a dar humor ao povo, só resta o Poder Judiciário! Pão e circo, como dizia Juvenal!
Saudação aos que Vão Ficar
Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarão com saudade
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avô e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarão entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
- ante o lugar que vence -
de voar para lugar distante
na casa que não lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juízo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos)
não farão às ocultas, homens especiais
que, de repente,
possam duplicar o próprio tamanho?
Quem morará no Brasil,
no ano dois mil?
Que pensará o imbecil
no ano dois mil?
Haverá imbecis?
Militares ou civis?
Que restará a sonhar
para o ano três mil
ao ano dois mil?
Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"
lembro me de ver as piadas escritas e desenhadas de millor fernandes na revista cruzeiro, que há decadas se vendia bem e era lida em portugal. Os narizes dos personagens, o humor de pequenas máximas ou historias suas, etc
Bem..., eu diria que nos deixam saudosos do que ainda poderiam criar e partilhar, porque sempre que recordo qualquer um deles, assoma-me um sorriso.
E isso não é bom? Uma 'herança' deveras rica e genial.
É esse espólio que cada um deveria querer transmitir aos vidouros: a felicidade, mesmo que temperada com uma ou outra lagrimita - assim é o verdadeiro sabor da vida!
"O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima".
Millôr Fernandes
Senhor Francisco
Eu fico cheia de orgulho pelo Brasil ter tido dois homens que vieram da simplicidade e se tornaram artistas incriveis, apesar das diversidades.
Obrigada por lembra-los.
com amizade Monica
"Até o suor do trabalho é diferente do suor do prazer" (Millor Fernandes)
"Em política nada se perde e nada se transforma - tudo se corrompe."
Millôr Fernandes
Carlos Fonseca
Eles vão deixando-nos cada dia mais tristes como a imagem que ilustra estas e outras tantas tristes noticias.
Marcaram sem dúvida a cultura brasileira. Ficarão, certamente, na muita escola de sofrrisos que deixaram.
"Deixa-nos tristes gente que nos punha alegres."in FSC
Bem Dito.
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