Foi um jantar bem agradável, num restaurante à beira-mar, no Pireu. O embaixador português, a pretexto da minha passagem por Atenas, tivera a simpatia de convidar alguns colegas.
A meu lado ficou um embaixador de um país amigo, mas cujo nome agora me escapa, o qual, durante todo o jantar, me falou imenso das ilhas e das praias, dos armadores milionários que conhecia, dos cruzeiros para que era convidado e outros temas com idêntica intensidade lúdica. Estava em Atenas há mais de dois anos, mas a sua vocação para assuntos mais profundos parecia limitada, a julgar pela escassa sequência que dava às questões políticas que eu lhe colocava - como as "guerras" entre o PASOK e a Nova Democracia, a questão da Macedónia, o problema negocial em Chipre ou a dimensão orçamental do esforço militar grego, fruto das tensões com a Turquia.
A certa altura do jantar, levantei-me e, ao passar por uma mesa, pareceu-me vislumbrar nela a figura de Konstatinos Mitsotakis, que havia sido primeiro ministro por mais de três anos, depois de ter assumido vários cargos governamentais. Só o conhecia de fotografia, pelo que fiquei na dúvida se era mesmo ele. Regressado à mesa, referi o facto ao tal embaixador que tinha a meu lado, que logo retorquiu:
- Mistotakis? Quem é?
- Não se lembra? Foi primeiro ministro antes de Andreas Papandreou...
- Não tenho ideia... já não é do meu tempo.
Tive a tentação de lhe responder: "Ora essa! Também a Acrópole não é!". Há gente que devia ter escolhido outra profissão...
12 comentários:
Quando não se sabe o que é um Ministro Público não há diplomacia democrática que lhe resista. Mas... não sei
Estas situações são o pão nosso de cada na nossa administração. Mas a culpa não é deles, como sabe…
Provavelmente para impressionar alguém diz: estou a ler a princesa de Alorna. Muito interessante.
Eu interrogo: princesa? Diz a pessoa: não! duquesa!
Pois…
Um dos problemas pode ser o das 35h. por semana. Que fossem 40, para um cargo de diplomata não é tempo de trabalho suficiente. Mesmo um bom diplomata tem de trabalhar mais do que isso. Agora os que pensam só em jantaradas e no dia a dia, e que muitas vezes nem tempo para ler encontram, querem eles lá saber onde ficava a cidade europeia de Constantinopla se não é do seu tempo!
José Barros
E a primeira cidade de características europeias fundada fora da Europa é o Funchal, a 12 horas de barco (de pesca) de Casablanca! Numa reunião preparatória da Expo (antes da ponte estar concluída) subiamos o rio com embaixadores acreditados em Portugal, numa "antevisão" do que viria a ser aquele espaço... A certa altura quiseram apresentar-me numa mistura de ilhas atlânticas, que não sabia como organizá-las sem ofender ninguém. Àproveitei uma viagem do Presidente Mário Soares às Selvagens... E, a partir daí separei os arquipélagos, e coloquei cada um com suas ilhas numa geografia que explicasse aquela diferença de climas que intrigava alguns dos presentes... O embaixador da Argentina veio acabar a conversa, com o seu conhecimento "perfeito" das Canárias, comparando-as com a Madeira e o Porto Santo e separando-as dos Açores, pela sua proximidade com a costa da América do Norte,como eu fizera para o Funchal e Casablanca. Julgo que deitaram atenção ao embaixador, e que passaram a perceber melhor o boletim meteorológico da TV.
Pois devia, mas como se calhar só encontraram profissões em que era preciso trabalhar...
Um abraço
Pois devia, mas como se calhar só encontraram profissões em que era preciso trabalhar...
Um abraço
Ao Anónimo :
Duquesa não, Marquesa de Alorna
Ao menos esse diplomata foi honesto...
Marquesa de Alorna, não. Tinto.
Ao José Breyner:
Sempre pensei que aqui hovesse menos "pão nosso de cada dia"... acho que estou enganado...
O anónimo da princesa
Mais outro adepto do BLING-BLING !!!
Ao ver esta foto, nao posso deixar de transcrever o que li hoje no "Canard Enchaîné" :
"Drôle de régime anti-Grèce...
Quel eurocrate mesquin, quel hellénophobe moisi a écrit ces lignes : "La Gréce vit en pleine banqueroute depuis sa naissance. Les impôts sont payés en nature. Les contribuables ne payent point l'Etat, qui ne paye point ses créanciers"? Réponse : un certain Edmond About, écrivain, auteur de "La Gréce contemporaine", publiée en...1858." (...)
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