"Nós não somos imigrantes, nós somos cooperantes, somos pessoas que viemos aqui para vos ajudar a aprender a fazer bem estas coisas" - terá sido esta a resposta de José Baptista de Matos a comentários xenófobos que, quando trabalhador dos caminhos de ferro franceses, recebeu de um responsável da obra em que operava, nos anos 70 do século passado.
Quem ontem nos contou isto, numa intervenção na embaixada de Portugal, foi o "maire" de Fontenay-sous-Bois, Jean- François Voguet, que conhece Baptista de Matos há mais de quatro décadas e que testemunhou a cena.
José Batista de Matos construiu um sólido prestígio, como dirigente associativo da comunidade e como ativista cívico em defesa dos interesses dos seus concidadãos. O reconhecimento disso já o tinha feito a "Cité nacionale de l'histoire de l'immigration", que ao seu exemplo de luta e sucesso pessoal dedica hoje em dia uma bela vitrina.
Ontem, com a significativa presença do secretário de Estado das Comunidades portuguesas, Baptista de Matos recebeu a ordem de Mérito com que foi agraciado pelo presidente da República portuguesa. Uma homenagem simples devida a um homem que, durante toda a sua vida, perseverou pela dignidade dos portugueses mas, igualmente, pela relação sempre fraterna com a França que o acolheu.
3 comentários:
Baptista de Matos é um humanista e não cala as injustiças que vê.
Mesmo na véspera de receber a medalha na Embaixada protestou, publicamente, ver artigo da ultima edição do LusoJornal, contra aquilo que ele considera uma injustiça feita ao nosso actual Consul-Geral de Paris que surpreendentemente é transferido para outras missões.
José Barros
Tive a sorte de o conhecer antes de Portugal aderir à CEE. Tempos de esperança em Abril renovada com um cartaz aonde nunca faltava o verde o vermelho e o cravo, quando se assinalava a data na Associação.A sua disponibilidade para ajudar, sem perguntar nada sobre a vida de quem tinha deixado Portugal por um "trabalho" em França é o agradecimento maior e mais digno que um Português como Ele merece receber de todos nós, e que me apraz aqui humildemente assinalar por tudo o que me foi dado aprender com os nossos emigrantes. O Comendador José da Batalha,quando "batalha" pelos seus compatriotas, batalha mesmo. Bem haja, Senhor Embaixador, por estar a viver um momento destes! Só quem sabe como foram cheios os comboios; os autocarros, os regressos e as partidas... coloridas todas pelos caramelos e as bonecas espanholas.
José Barros está sempre em cima do acontecimento. Já o tenho visto referir outros portugueses que defenderam os DIREITOS que devemos todos salvaguardar aos nossos emigrantes. Sim, porque não se iludam os nossos dirigentes, que nas últimas "modas" de discurso, queriam acabar com aquela de que já não há emigrantes na Europa. Ora se vai hanendo... Os fluxos de emigração são cíclicos, não são tão cinzentos como na descrição de Ferreira de Castro, mas também lá por serem mais cultos e letrados não significa que se vá desmantelando as redes de apoio, porque depois pode vir a ficar mais caro. Tem razão, José Barros.
Enviar um comentário