terça-feira, outubro 25, 2011

Racismo

A "compreensão", mais ou menos velada, de alguns comentadores mediáticos, face às inúmeras barbaridades cometidas pelos rebeldes líbios sobre Kadafhi e os seus derrotados seguidores, traduz uma evidente forma de racismo eurocêntrico. É como se se assumisse que certos povos e certas sociedades, por virtude de um relativismo cultural, permanecem isentos da obrigação de respeitarem normas que a comunidade internacional de há muito considera deverem enquadrar todos conflitos. Por maioria de razão, aqueles em que a NATO intervém. Ao legitimarem esses novos massacres, essas figuras não se dão conta que isso funciona como uma injusta absolvição daqueles que tinham denunciado no regime líbio derrotado. 

Há gente que nunca aprende nada. Mas, nestas ocasiões, nós aprendemos, pelo menos, a conhecer melhor o caráter de alguns. 

15 comentários:

tulipas disse...

Bom Dia
Dr. Francisco Seixas da Costa,

Este assunto pertence ao tipo de temas, aos quais dizemos sempre que, daria "pano para mangas"...
Tudo quanto vi, fazerem a Kadafhi, foi fruto da falta de instrução e educação cívica que o ditador Kadafhi, lhes não proporcionou. Aliás meramente típico de todos os ditadores. Pretendem deixar o povo na ignorância e em péssimas condições de vida para poderem continuar a “comandar” com “mão de ferro” e vai daí, estão a promover/originar/criar apenas pessoas que, quando atingem o seu limite e logo que possam, se comportam apenas e tão só, como animais que alcançaram a presa que os achincalhou e maltratou durante “vidas”. Afinal apenas actuaram como viram actuar.
O que a mim me dói e preocupa é que “esses”, esses ficam lá, a recomeçar um país… como?
Como recomeçar um país melhor se se sentem isentos da obrigação de respeitarem normas que a comunidade internacional, de há muito, considera dever enquadrar…
Como recomeçar uma Líbia melhor, se se efectuam massacres para acabar com os massacres do anterior regime derrotado…
O pior, é que ninguém aprende nada, com a HISTORIA dos povos!
Tudo sempre se repete.
Um Abraço!

jorge saldanha disse...

Julgava ser só eu a pensar assim. No fundo a constatar um facto que só por "tacanhês", não querem ver. Talvez por ser "in". Mas também creio que mesmo estes vão mudando de opinião...devagarinho. ´Chamam rebeldes, o que já não é mau, poderiam ter a veleidade de chamar, nacionalistas. É obra!!!

Anónimo disse...

Acho que não devemos confundir racismo com vingança.
42 anos foram de mais para aguentar o ditador perverso.
Teve seu merecido fim.
Portugal, Salazar, sabe o que é!

Rui Franco disse...

E o que os Italianos fizeram ao Mussolini? E o que os Romenos fizeram ao Ceausescu? Se acharmos bem também estamos a ser racistas? Oh diabo, mas eles até são brancos e latinos!

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Catinga: achar "natural" é, neste caso, ser racista e noutros, como os que referiu, ter um espírito tão bárbaro como o dos que praticaram os atos. Por mim, nada tenho pessoalmente a ver com quem acha a vingança um sentimento "compreensível" ou "desculpáveis" os assassinatos do Ceausescu ou, noutro registo, dos "colabo", neste caso cometidos pelas FFI, depois da libertação da França.

Lefrontier disse...

O (alegado) maior ou menor nível de instrução ou desenvolvimento - e afinal estamos aqui a falar de pessoas perfeitamente capazes de lidar com tecnologia moderna e não de nenhuma tribo perdida de qualquer plateau inexplorado - nunca poderá servir de desculpa. Tal como não é desculpa ser-se branco, amerelo, castanho, negro, verde ou azul às bolinhas amarelas. Não há qualquer desculpa. Este tipo de acto só tem uma classificação, um nome: barbárie. E não há outro.

Rui Franco disse...

Caro Embaixador,

Eu não discuto as suas convicções humanistas/legalistas. A cada um, as suas ideias. Eu ponho é em causa o termo "racismo" aplicado à "compreensão" pelo que sucedeu na Líbia. O racismo é uma coisa muito séria e a utilização do termo a propósito de tudo e nada esvazia a palavra do seu sentido e promove uma espécie de paranoia social de nefastas repercussões.

(Apontamento cultural do dia: vejam o magnífico "The help / As serviçais" - não podia vir mais a propósito)

Quem acha bem o que se passou na Líbia não está a rebaixar a cultura local por via da aceitação de uma normalidade da sua violência mas tão-só a aceitar um evento particular igual a outros que se passaram na branquíssima e civilizadíssima Europa. Se se aceita a norma - transversal a culturas -, não há lugar à utilização do termo por não haver qualquer discriminação. É esse o meu "ponto" (passe o anglicismo).


Bárbaros cumprimentos.

;)

Fada do bosque disse...

Mas afinal os comentadores mediáticos são líbios? Ou são comentadores e apoiantes da NATO?
Depois de ler os comentários fiquei confusa... é que se são ocidentais... não passam da outra face da moeda do terrorismo.

Gil disse...

Meu caro, finalmente, alguém o diz.
De resto, a execução de Ceausescu, mesmo que não tenha levantado grande celeuma, não foi "saudada" como algo de positivo, como foi, agora, o bárbaro assassinato de Kadafhi.
Racismo, sim.
Já agora, não querendo "confundir racismo com vingança", sempre lembrarei que a "vingança" dos portugueses conta o salazarismo foi de uma doçura ímpar...

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Subscrevo o seu post. Senti estes dois dias de noticiários exactamente o mesmo.
Mas confesso que os comentários de Catinga e Gil me fazem pensar!
Sou capaz de andar a pensar demais...

Anónimo disse...

Eu não sou racista: tão depressa aperto a mão a um branco, como aperto o pescoço a um preto. Esta era uma afirmação calina e retrógrada muitas vezes repetida em Angola que então era nossa.

Um crime é um crime, onde quer que seja. Entrevistei Ceauşescu e assassinaram-no; entrevistei Indira Gandhi e assassinaram-na; entrevistei Rajiv Gandhi e assassinaram-no; entrevistei Saddam e assassinaram-no; entrevistei Palme e assassinaram-no.

No Diário de Notícias dizia-se em tom de graça que mais ninguém me daria uma entrevista... Deram outros, e não foram assassinados.

Esta barbárie de que Kadafhi foi alvo partiu dos seus próprios conterrâneos. Os comentários espúrios de comentadores eurocêntricos e norte-americanos também, são um triste exemplo de feijão frade: têm duas caras.

Por isso, não posso estar mais em desacordo com o Senhor Catinga. Torturar, violentar, assassinar existem por toda a parte. Racismo também. Comentários ex catedra como os que Seixas da Costa refere são impensáveis. E deviam ser impossíveis.

Isabel Seixas disse...

Dá que pensar...

Anónimo disse...

As imagens sobre Kadafhi são altamente chocantes e condenáveis por qualquer pessoa que tenha respeito pela vida e é BÁRBARO defender que a justiça deve ser “olho por olho, dente por dente”.

Daí que, no séc. XXI, defender este fim para um ser humano, por muito mal que tenha feito, é similar a ser apologista da pena de morte.

Como é possível acreditar que a Líbia fechou um ciclo se a oposição ao regime comete este tipo de atrocidades? Sodomizar com um pau?

Já agora, o filme “As Serviçais” (muito bom, mas qualquer semelhança com este post é mera coincidência) é um filme sobre a segregação racial, mas pode-se considerar “light” porque a realidade mais dura é retratada em filmes como “Tempo de Matar”, “Mississipi em Chamas” ou “A Autobiografia de Miss Jane Pittman”.

Isabel BP

Fada do bosque disse...

Entretanto estas imagens... fotos bastante esclarecedoras aqui. aqui, aqui e aqui a mim chocaram-me quase da mesma forma. Quando os nossos representantes políticos não sabem o que é a Ética a diferença entre o terrorista ditador e os terroristas ocidentais, é que o ditador não causou uma guerra para roubar os recursos dos outos Países. De resto e pelos vistos aos ocidentais, tudo é possível.

Anónimo disse...

passa entao a ser legitimo numa revolucao democratica esventrar os agentes de poder tiranicos...

bora la a wall street!
bora la a ue!

vamos dar sangue novo as democracias!...
......

como dizia o pirata dos livros do asterix
`sic transit gloria mundit`


bh

25 de novembro