Um grupo de cerca de trinta jovens portugueses levou hoje a cabo uma manifestação, em frente à nossa Embaixada em Paris.
Fui falar com os manifestantes, por forma a saber, de viva voz, o que tinham para nos transmitir. As principais ideias que me foram expressas centraram-se, como era de esperar, na precariedade laboral que se vive em Portugal, em contraste com a situação que encontram em França, bem como a recusa em ter de aceitar que a emigração possa ser a única forma de resolver os problemas da sua vida, para além de outras questões que se prendem com os desequilíbrios existentes na sociedade portuguesa contemporânea.
Foram momentos de diálogo sereno e construtivo, em que, do meu lado, colhi um conjunto de legítimas preocupações, que vou transmitir em maior detalhe a quem pode avaliar soluções capazes de lhes dar uma resposta.
23 comentários:
O problema transcende as nossas "fronteiras" e a solução passa pela preservação dos valores da coesão social europeia!
Aproveito este meio privilegiado para lhe agradecer o ter falado com os 30 de uma forma séria, construtiva, disponível e à chuva.
Espero não ter caído fora do seu domínio diplomático quando lhe pedi para usar da sua posição no Conselho Geral da UTAD para transmitir as preocupações e as tentativas de soluções para a estanqueidade, com o perdão da palavra, do sistema académico Português.
Um sincero obrigado.
Quando se desmantelou o tecido produtivo de um país
e se importaram trabalhadores para fazer as tarefas desagradáveis que os portugueses subsidiados preferiam não fazer
Foram momentos de diálogo sereno e desconstrutivo, que de certo modo estoiraram este país
quem apelava à racionalização de recursos era apelidado de louco
ou de travão económico
logo espero que se do seu lado, colheu um conjunto de legítimas preocupações, que transmitirá em maior detalhe a quem pode avaliar soluções
há muitos outros que esperam que as laranjas se colham sozinhas
quando se produzem centros de emprego que apenas servem para produzir papelada
e manifestantes que só soluçam banalidades
e gastam dinheiro em óculos de sol de marca mas queixam-se daquilo que deveriam ter e não lhes vem parar à mão...
enfim
Quando cada um pensa nos seus assuntos e nos seus problemas e só consegue produzir eu, eu não posso viver
eu vou ficar sem 3,5% dos 1700 que são meus por direito
ou outra percentagem tanto faz
são os fumos da europa
que se esvaem
Felicito-o, Senhor Embaixador,
por ter ido ao encontro desses jovens, dizê-lo aqui e comprometer-se a transmitir "a quem pode avaliar soluções capazes de lhes dar uma resposta". Esta sua actitude é uma bela demonstração do que deve ser a "diplomacia democratica".
Bem haja!
Ainda bem que li este texto. É que o seu conteúdo desmente a mensagem da crise "que vem de fora", que o governo pretende a todo o custo fazer passar, queixando-se de não ter sido acolhida por Cavaco Silva no seu discurso de posse.
Para mim, a crise de DENTRO é bem maior que a DE FORA.
Mando-lhe, Senhor Embaixador, um forte abraço pela sua atitude.
Saber ouvir, tem sido, ao longo destes meses de virtual convívio diário consigo, uma das suas grandes qualidades.
Caro Cunha Ribeiro: como diria um poeta meu conterrâneo, já desaparecido, "isto anda tudo ligado". Por isso, só pode fazer uma leitura do meu post desde que ela seja articulada com o que escrevi aqui(http://duas-ou-tres.blogspot.com/2011/03/economia.html)
A classe política portuguesa tem défice de pessoas como o Senhor Embaixador que se preocupa em perceber as dificuldades dos outros e transmiti-las a quem de direito.
Até fui tolerante com o corte salarial, mas os salários praticados nas empresas públicas são pouco condizentes com os países mais desenvolvidos dentro e fora da da UE.
São estas características de novo-riquismo que não ajudam a sair da crise...
Isabel BP
interessante cena, de ouvir e de dialogar, ou melhor, de escutar e de conversar.
Sr. Embaixador, felicito-o pelo gesto que teve para com o grupo. Quero também assinalar, que certamente, essas pessoas foram ter ao seu encontro porque sabiam que teriam a sua atenção. É essa equidade no trato que o diferencia e que eleva a estima que tanta gente tem por si.
Bem Haja
Eduardo Antunes
isso era o que deviam fazer todas as autoridades, falar com os jovens e não só, perceber bem os seus problemas. Hoje 200mil fizeram se ouvir em Lisboa, 300mil em todo o país.
Também agradeço ter ouvido esta juventude preocupada. Bom seria se os nossos governantes tivessem a mesma atitude perante os milhares que se manifestaram hoje em várias cidades em Portugal.
eduarda lima
Sr Embaixador,
Não fiz uma interpretação do seu Post, fiz uma interpretação do que disseram os jovens, ao compararem a França com Portugal, ao nível do emprego precário.
Mas ainda poderia itr mais além: Tenho um cunhado em Paris que ganhava menos do que eu o ano passado. Este ano já ganha mais, sem ter sido promovido ou aumentado!!! E depois a crise é externa... Pois era...
E permita-me só mais o seguinte:
O comportamento que V. Ex. teve foi
uma lição para quem hoje governa o país. Oxalá o imitassem, caríssimo Embaixador.
Desde que vim para Paris que acompanho o seu blog e gosto do que escreve; hoje e sendo um dos 30 jovens gostaria de agradecer o ter vindo falar connosco e se ter interessado.
Obrigada
Clara
É fácil ser cordato e democrático quando tudo vai bem. Manter-se assim diante das críticas e da crise é que mostra o caráter.
Parabéns Senhor Embaixador.
Sim sim
Se a policia nao tivesse pelas suas costas.
Ou tivesse sido dispensada.
Eu tirava-lhe o chapéu.
Caro/a anónimo/a: como terá reparado, um carro da polícia chegou quando eu já falava com os manifestantes, há vários minutos. Se vive em Paris, deve saber que é de regra - sem a menor exceção! - a policia parisiense estar presente em caso de manifestações em frente das embaixadas, porque a isso a obriga a ptoteção das representações diplomáticas. Mas, se acaso lá estava, também terá ouvido que eu me identifiquei e que disse à polícia que se tratava de uma manifestação pacífica de jovens portugueses, pelo que não havia necessidade de se preocuparem. A opção tomada pela polícia de se manter, à distância, foi apenas dela. Convém contar as coisas como elas foram.
"Fui falar com os manifestantes..." se tivesse acontecido o contario é que ficaria preocupada ; )
A atitude que teve, é a imagem que tenho do meu embaixador.
Obrigada.
Pudera!!!
Isabel seixas
De qualquer forma revejo-me com agrado na sua intervenção.Excelente trabalho, é mesmo por aí.
Senhor Embaixador,
A sua atitude para com os jovens portugueses é de veras de louvar, mas não percebo porque tirou a fotografia que ilustrava o seu econtro com aqueles representantes da "geração" em Paris à porta da Embaixada naquele dia. Porque terá sido? Forças ocultas o obrigaram? Estou curiosa de o saber.
Fernanda T.
Cara Fernanda T.: que fotografia? Há alguma fotografia? Eu não tirei nenhuma fotografia! Alguém tirou? Esclareça-me. por favor.
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