Paris é uma cidade privilegiada em matéria de informação.
Ontem, durante um pequeno almoço de trabalho - uma prática que aqui é uma forma regular de encontrar certas personalidades -, tive o ensejo de ouvir Jacques de la Rosière, antigo diretor-geral do FMI, falar da crise financeira e de algumas receitas possíveis para lhe fazer face. Foi muito curiosa, na ocasião, a afirmação de Guéorguy Matiukhine, antigo governador do banco central russo, segundo qual, a certo passo da implosão da URSS, "a atitude mais realista para superar a crise parecia ser acreditar num milagre"...
Mais tarde, num almoço organizado por um ativo "think tank" francês, participei numa discussão sobre a Líbia e outros temas internacionais, com o general James Jones, até há pouco National Security Advisor do presidente Obama. É nestes momentos, em que as mesmas temáticas convocam a atenção de diferentes atores internacionais, que nos damos melhor conta de como os EUA têm uma leitura estratégica autónoma, que contrasta com a muito mais interdependente visão dos países europeus.
Finalmente, ao final da tarde, numa nota mais leve, mas nem por isso menos atual, estive a ouvir Gilles Lipovetsky, um filósofo francês convidado pela Fundação Gulbenkian e apresentado por Manuel Maria Carrilho. Foi extremamente refrescante ver Lipovetsky explanar sobre os novos paradigmas do individualismo, sobre a sociedade de hiperconsumo e sobre a preeminência absoluta do mercado no nosso quotidiano.
Nestes tempos da crise, os mercados abrem e fecham os nossos dias, com algumas guerras pelo meio.
5 comentários:
Senhor Embaixador, ouvi que a Síria começa também a reagir. O que quererá isto dizer?!
É o materialismo no seu melhor...
Afinal foi um dia positivo. Enquanto uns se batem, desenfreadamente, para destruir, outros, serenamente, tentam resistir, construindo.
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