Quando se entra para a carreira diplomática, a categoria de acesso tem a designação de Adido de Embaixada.
Hoje de manhã, a convite do Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, estive a dar uma aula de "Diplomacia Pública" a cerca de três dezenas de novos Adidos de Embaixada, os quais, desde há dias, passaram a integrar o serviço diplomático português. Estranhei a quebra do número de mulheres admitidas, o que espero seja um fenómeno conjuntural. Foi um prazer colaborar neste exercício, porque há muito que penso que a formação das novas gerações é das tarefas mais úteis a que os diplomatas mais velhos se podem dedicar.
Para além de alguns conselhos ditados pela experiência pessoal, falei-lhes da imagem de Portugal no mundo, do modo de a cultivar, do seu futuro papel na promoção do nosso país na sua atividade no estrangeiro e com os estrangeiros. Procurei dar-lhes conta do que considero ser o privilégio de passarem a ser uma "cara" de Portugal e as responsabilidades que isso acarretem.
Para leitura, deixei-lhes um texto de uma comunicação que, há precisamente dois anos, sobre o assunto apresentei na Assembleia da República, a convite da sua Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. Foi uma intervenção que, na altura, alguns dos meus colegas consideraram um tanto "franca" demais. Confesso, porém, que cada vez me sinto menos vocacionado para utilizar a "langue de bois" de um certo estilo de diplomacia.
Em tempo: este blogue tem recebido alguns (tristemente anónimos) comentários relativos aos critérios de seleção adotados no último concurso de admissão de adidos de embaixada, assunto com o qual, é claro, não tenho nada a ver. Se quem os escreve foi concorrente a esse concurso, a justiça cumpriu-se: a "elegância" do método e da linguagem desqualifica-o/a para o exercício da profissão, desde já. Sendo-o ou não, se alguém tem queixas ponderáveis, em lugar das calúnias anónimas, pode sempre recorrer à impugnação judicial. É tão simples...
Para leitura, deixei-lhes um texto de uma comunicação que, há precisamente dois anos, sobre o assunto apresentei na Assembleia da República, a convite da sua Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. Foi uma intervenção que, na altura, alguns dos meus colegas consideraram um tanto "franca" demais. Confesso, porém, que cada vez me sinto menos vocacionado para utilizar a "langue de bois" de um certo estilo de diplomacia.
Em tempo: este blogue tem recebido alguns (tristemente anónimos) comentários relativos aos critérios de seleção adotados no último concurso de admissão de adidos de embaixada, assunto com o qual, é claro, não tenho nada a ver. Se quem os escreve foi concorrente a esse concurso, a justiça cumpriu-se: a "elegância" do método e da linguagem desqualifica-o/a para o exercício da profissão, desde já. Sendo-o ou não, se alguém tem queixas ponderáveis, em lugar das calúnias anónimas, pode sempre recorrer à impugnação judicial. É tão simples...
5 comentários:
Aprecio as duas notas que escreveu.
Uma para a sua cada vez menor paciência para as "langue de bois". Felizmente para si e para nós. Deveria ser língua a cair em desuso!
Outra par o "anonimato" que continua a a apoderar-se de certos comentadores. É uma fraqueza nacional que não aproveita a ninguém. Nem aos próprios!
Espero que os novos Adidos de Embaixada, aspirantes a diplomatas, se apercebam da sorte que têm em ter o nosso Embaixador como exemplo de "civil servant" e o melhor que lhes posso desejar é de partilharem a sua visão de "pensar Portugal no Mundo". Este texto magistral, "comunicação" como o Senhor lhe chama, devia ser integrada nos livros de História do ensino secundário em Portugal.
O que mais me espanta quando o leio é a excelência literária e a extraordinária franquesa de tudo o que escreve. É, sem dúvida por isso, que o Senhor tem tantos leitores e (por isso também) suscita tantas invejas.
Helena, assino por baixo!
Subscrevo,as senhoras comentadoras,
Helenas.
Isabel Seixas
O futuro da carreira, em termos de progressão, afigura-se algo comprometido, julgo, designadamente tendo em conta as perspectivas económicas do país para os anos vindouros.
Uma das coisas que despertou a atenção, contrariamente a anteriores concursos, foi a média de idades, que desta feita seria superior. Haverá, assim sendo, uma valência – experiências profissionais anteriores – que poderá seguramente ser útil ao Ministério e Serviços onde se irão integrar.
Com a entrada desta nova “fornada” de diplomatas, o número destes profissionais fará ultrapassar, em pouco, os 400, o que é manifestamente pouco, para um país como Portugal, cuja política externa (ou interesses nessa área), a título de exemplo, não se pode comparar com a Grécia (já que ultimamente tanto se tem falado dela, por outras razões).
Quanto ao “curso”, ou preparação a que estão a ser submetidos durante um determinado período, isto a “talhe de foice” da aula dada pelo Embaixador Seixas da Costa, um critério que desde há uns anos a esta parte vem sendo praticado pelo MNE, sou de opinião que lhes poderá (saibam aproveitar) vir a ser muito útil, quer para o seu futuro, quer sobretudo quando iniciarem funções. São diversas as questões e temas ali abordadas e tratadas, pelo que, de um modo geral, os novos adidos irão razoavelmente preparados para começarem esta digna carreira. Menos sorte tiveram gerações anteriores, onde me incluo, que uma vez viam publicados os seus nomes no D.R entravam “de chofre” nos Serviços e “toca de dar o seu melhor”. As coisas hoje são mais racionais e ainda bem. Para quem ingressa na carreira diplomática e para benefício dos próprios serviços que os irão receber.
“Adido de Embaixada”
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