quarta-feira, abril 14, 2010

Açores (2)

Ao ouvir ontem o presidente do governo regional dos Açores, Carlos César, abordar com frontalidade a questão de novos objetivos, compatíveis e complementares com os atuais, para uma futura utilização das facilidades logísticas de natureza militar existentes na região, dei comigo a pensar que os Açores são, com toda a certeza, a única região portuguesa cuja singularidade estratégica pode justificar uma visão diferenciada, em matéria de segurança e defesa, no contexto nacional português. Estou certo que alguns dirão que a potencial interação Madeira-África representa um outro desafio específico, mas há que reconhecer que a escala de importância é muito diferente. Todavia, qualquer que possa ser a relevância, nomeadamente em matéria económica, que estas duas dimensões regionais possam ter num contexto estratégico português mais alargado, sou de opinião que quaisquer opções que as envolvam e que possam vir a ser feitas no futuro terão sempre importantes resultantes de natureza nacional, pelo que deverão ficar sempre subordinadas a este circunstancialismo mais alargado. Carlos César citou Franklin D. Roosevelt para sublinhar o imperativo de ação neste domínio: há várias maneiras e caminhos para nos movimentarmos, mas só há uma maneira de nos mantermos parados. À bon entendeur... 

Este é um debate complexo, sobre o qual não refleti ainda de forma aprofundada, embora tenha algumas certezas apriorísticas que não vejo, por ora, interesse em abandonar. Contudo, observei hoje, durante um almoço, que ele não escapa há muito à análise arguta de José Medeiros Ferreira, o qual alia a sua qualidade de açoriano de coração a um pensamento muito claro sobre o nosso destino nacional. Por ora, não lhe vou fazer a "maldade" de lhe pedir para fazer uma síntese adaptada a este caso.

Em tempo: numa rua de Angra do Heroísmo, lá estava o letreiro: companhia de seguros "Açoreana", com um "e". Mau! Afinal em que ficamos?

9 comentários:

Anónimo disse...

Talvez na recordação de Monsieur de la Palisse...
Açoreano é com e
Açoriano é com i

Há tantas palavras no léxico indecisas...

Não estou convencida que tenha ajudado.
Isabel Seixas

Anónimo disse...

"A forma corre(c)ta é açoriano, pois o sufixo -ano combina-se com uma vogal de ligação que assume a grfia i, quando a base de derivação termina em e átono (e desde que não seja seguido de outra vogal átona; cf. s.v. -ano in Dicionário Houiass Eletrônico). Daí que se derive cabo-verdiano de Cabo Verde (e final átono) e sofocliano de Sófocles (e também átono). Do mesmo modo, se forma açoriano, porque a palavra que está na sua base, Açores, tem um e átono na sílaba final.
No entanto, alguns dicionários registam a forma açoreano como variante ortográfica de açoriano, uma vez que até 1911 houve grande variação na grafia da vogal de ligação. Note-se ainda que foneticamente não há diferença entre iano e -eano."

Carla Viana/ Carlos Rocha :: 29/05/2006


http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=17820

Anónimo disse...

Em tempo:

1. Disseram-me que a questão do "açoreano" e do açoriano fora resolvida por Vitorino Nemésio, mas ainda não descobri a referência.

2. Quer-me parecer que a persistência no uso actual de "açoreano", pode ter alguma coisa a ver com pretensões à soberania, mas não afianço...

Anónimo disse...

Que um nativo dos Açores seja com i ou seja com e, não me preocupa em demasia. O «velho» Prontuário Ortográfico e guia da língua portuguesa regista «açoriano (m.q. açorenho».

A minha bíblia da grafia, de Magnus Bergstrom e Neves Reis, que já vai a caminho das cem edições, nada diz sobre açoreano. Mas refere o açorenho que praticamente é quase desconhecido. Tal como a Isabel Seixas, não estou convencido de que tenha ajudado...

Mas, isso sim, a intervenção de Carlos César é muito importante. Concordo com ele. E não se pense que por sermos amigos de há largos anos, venho aqui dar-lhe uma palmada nas costas e dizer «é pá, continuas a ser um gajo porreiro»...

Do mesmo modo, concordo com o Chico Seixas da Costa. E, ainda, também não é por sermos amigos há bastantes anos.

Nestas coisas ou se concorda ou não. Sim ou sôpas é que não. Como diz o autor: À bon entendeur...

Anónimo disse...

Perante o que vem hoje descrito no "i", o Sr. Embaixador não faz um único comentário? Compreendo que não queira ferir susceptibilidades de amigos, mas, perante a gravidade dos factos, não lhe ficaria bem uma singela demarcação dos mesmos? Como é que se explica a posição do Sr. Ministro, lavando as mãos, nem sequer se dando ao trabalho de refutar as acusações, como que consentindo com a veracidade das mesmas e nada fazendo, até agora, para as rectificar? E como é que o Sr. Embaixador se sentirá ao dar aulas a estes 30 adidos, dos quais 8 estão numa posição dúbida, fruto de ilegalidades e favorecimentos comprovados por documentos fidedignos que percorrem as redacções dos jornais a uma velocidade estonteante? É ou não é uma má imagem da Diplomacia portuguesa que está a passar para a opinião pública, com efeitos a médio prazo devastadores para a credibilidade da mesma? Não se sente impelido a salvaguardar algum do prestígio da instituição? Resguardar um pouco de dignidade? Cordialmente, um seu leitor atento. Pedro Teixeira Gomes.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Pedro Teixeira Gomes: publiquei o seu comentario pelo tom cordato utilizado. Nao conheco os fundamentos das queixas, o assunto nao me respeita e nao tenho sobre ele a menor opiniao. O assunto, ao que leio nos jornais, esta nas maos da justica. Porque nao aguardar a sua decisao? Este eh o ultimo comentario sobre este assunto.

Julia Macias-Valet disse...

Eu no lugar do Senhor Embaixador, ia tomar um CAFEI assim como assim tem o "E" e o "I".

Julia Macias-Valet disse...

Caro Henrique AF,
Eu tenho a 35a ediçao (1998). Uma grande ajuda para nao escrever "franceguês".

Anónimo disse...

Com é com i, realmente não importa.
Minha origem é daí, Angra do Heroísmo.Vi a foto e fiquei com saudade de um lugar que nunca conheci mas sempre esteve dentro de mim!!

Altina Romeiro

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