Chegou-me uma petição para mobilizar a opinião pública com o fim de evitar que, "em especial", a Imprensa Nacional / Casa da Moeda proceda à destruição de livros velhos e invendáveis do seu fundo editorial.
Acho esta acção muito meritória, mas pergunto-me por que razão a "sociedade civil" não tem zelo e exigência exactamente idênticos junto das editoras privadas, que, de há muito e ao que sei, levam a cabo esse mesmo tipo de acção. Será que se singulariza a IN-CM porque é "Estado" e reivindicar contra o Estado está no "l'air du temps"?
Com o devido respeito, pergunto-me mesmo se não poderia lançar-se um Banco Editorial contra o Analfabetismo (ou contra a Iliteracia, o que seria mais realista), onde pudessem ser recolhidos os fundos editoriais que por aí andam a ser vendidos ao quilo. E, quem sabe, poder oferecê-los pelo mundo de língua portuguesa, para locais onde há imensa falta de coisas escritas em português. E não apenas literatura portuguesa, como o viés patrioteiro de alguns apenas quer promover.
7 comentários:
Ora aqui está uma excelente sugestão feita pelo Embaixador e autor deste Blogue! E este último parágrafo ainda melhor traduz a sugestão (…coisas escritas em português, já agora, de Portugal). Vamos ver se alguém “pega” na ideia! Faço votos para que sim.
P.Rufino
Discordo do Anónimo e do conceito que veícula e que me parece estar em desacordo com a proposta do autor do blog quando sublinha o "não apenas literatura portuguesa".
O "português de Portugal" não é mais português que o "português de Moçambique" ou, certamente, do que o "do Brasil".
Quanto à proposta em si, o de fazer distribuir os fundos editoriais não vendidos/invendáveis, gratuitamente, por comunidades em que o livro é um bem raro, concordo com o autor quanto à aplicação desse princípio às editoras do sector privado e não só à INCM; porém, é evidentemente mais fácil "forçar a mão" a esta ou à sua tutela e fazer dela o exemplo com que acenar, depois, às mercearias do livro.
Um princípio tão 'natural' que nem deveria constituir semelhante 'ovo de Colombo'...
A vida é constante nas surpresas.
Espero que tal princípio alastre de facto.
Senhor Embaixador
Como calcula vivo mergulhada em livros que, felizmente, as editoras me mandam. O que suporia uma herança para os filhos. Só que eles já têm verdadeiros jardins deles porque são consumidores compulsivos de literatura. Ainda bem!
Daí que, desde há três anos, mande para Moçambique - minha África de eleição, onde nasceu o meu irmão mais novo - , caixas de livros.
Qualquer ONG que se preze o faz com muito prazer. No meu caso, é a minha cunhada que os envia, por o marido lá ter nascido. Vou saber dela quais as mais eficazes e prometo divulgar aqui.
Subscrevo na integra.
Isabel Seixas
O problema não parece estar em "como enviar"; como diz HSC inúmeras ONGD se podem encarregar disso, assim como o pode fazer a agência governamental para a cooperação, o IPAD.
A questão é conseguir os livros em quantidade suficiente para "criar escala" e esse envio deixe de ser pontual. E, aí, a sugestão de recorrer aos fundos livreiros destinados ao abate é excelente.
Embora a leitura não abunde em Portugal, o desperdício de livros a serem destruídos é típico de uma sociedade da abundância que prefere
destruir bens a aceitar a sua baixa de preço.
Há tantos livros disponiveis "Em verdadeiros cemitérios de livros esquecidos" como os que alude o Carlos Ruiz zafon, nomeadamente de autores anónimos "Só porque estão vetados ao anonimato, não á qualidade do que escrevem que é passivel do relativismo... Transversal a alguns.
Um dia por intermédio de entreposta pessoa conseguiu-se, salvar uma edição com um número razoável de exemplares do zelo de um funcionário de uma qualquer Câmara que achou que era bom deitar ao lixo como estratégia de arrumo. Ainda guardo Alguns exemplares desses Poetas ...
Neste contexto a sugestão implicita assume ainda maior importância.
Fico a aguardar também a pesquisa dirigida da Dra Helena.
Isabel Seixas
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