segunda-feira, junho 30, 2014

Depósito

Numa fila de um banco, na tarde de hoje, perdi quase meia hora para depositar um cheque. Somada outra meia hora nos correios (e começo a encanitar que por lá me tentem impingir coisas que nunca pensei nem penso comprar), bem como o calor da tarde, fiquei num estado de pré-fúria. 

Ao assinar a papelada, quando chegou o almejado momento do depósito, lembrei-me dos tempos longínquos em que fui funcionário da Caixa Geral de Depósitos e da regra que então ouvi de um colega mais velho:

- Ó Seixas, aprenda-me bem isto: para depositar, aceita-se em papel de cartucho. Para levantar paínço, isso já fia mais fino!

Santos populares

Este ano, "deu-me" para os Santos Populares. Andei a noite de Santo António por Alfama, fui ao Porto passar o São João e, ontem, estive no São Pedro, em Sintra. De Santos, só me faltou poder saudar o Fernando, que há pouco se viu definitivamente grego contra a Costa Rica.
 
E foi em Sintra que deparei com esta curiosidade, no seu belo Museu do Brinquedo. Um "recuerdo" dos anos 30, que revela bem o que mobilizava a juventude de então. Ora o museu, segundo aí me informaram, vai fechar. Ainda será efeito da "troika"? Eu sei que, com estas montras, não será fácil obter a boa vontade alemã. Mas não haverá mesmo uma "chance" de evitar o encerramento, caro dr. Basílio Horta? 

domingo, junho 29, 2014

Luis Fontoura (1933-2014)

Soube, há minutos, na intervenção televisiva de Marcelo Rebelo de Sousa, que morreu Luís Fontoura.
 
O Luís é um homem a quem devo um gesto de imensa, e inesperada, simpatia, num momento difícil da minha vida profissional. Nunca esqueci essa atitude, por parte de quem eu pensava que me conhecia mal. Esse abraço telefónico - e foram então muito poucos, mas bons... - foi o início de uma bela amizade e de uma aproximação que se reforçou com os tempos.
 
Encontrei-me, pela primeira vez, com Luís Fontoura, em 1973. Foi em "A Capital", o jornal a cujo conselho de administração ele presidia. Eu era militar, de visita de estudo ao jornal (já um dia contei a história aqui). Desde esse momento, guardei dele a imagem de um homem frontal, com ideias claras e vontade de as dizer. Alto.

Quase uma década mais tarde, o Luís foi a Angola, como secretário de Estado da Cooperação. Recordo um jantar, organizado pelo Fernando Andresen, na sua "suite" do "Trópico" (as "suites" eram, então, o que era possível nessa época...), onde ambos vivíamos. Foi uma noite interessantíssima, com o Luís a revelar-nos episódios pitorescos da vida política lisboeta, que ele comentava com imensa graça. Luís Fontoura passou depois pela presidência do então ICEP, estrutura a que deu um "abanão" de modernidade, que sempre avaliei muito positivamente (ao contrário de alguns amigos meus). E trabalhou muito na "nossa Escola", no ISCSP, onde lecionava. 
 
Fomo-nos sempre encontrando e comunicando, embora a espaços. Ele, grande e generoso, dava-me aqueles abraços imensos, seguidos de gargalhadas, as mais das vezes destinadas à evocação de figuras em relação às quais comungávamos uma distância crítica, de bom senso e bom gosto. Muito nos rimos...
 
Há cerca de dois anos, telefonou-me: tinha sido nomeado presidente da Comissão que ia rever o Conceito estratégico de Defesa e convidava-me para fazer parte desse grupo que tinha como mandato debater e redigir esse texto. Expliquei-lhe que, estando a viver em França, me era difícil assegurar uma participação capaz. Mas ninguém dizia que não a Luís Fontoura. E tive imenso gosto e senti-me muito honrado por fazer parte do grupo e dar o meu modesto contributo ao trabalho liderado por Luís Fontoura. Uma noite de setembro de 2012, em férias em Albi, em França, cerca da meia-noite, o Luís telefonou-me a pedir um texto sobre um determinado tema. "Você quer isso para quando?". "Para daqui a horas, claro! Ó Francisco, você faz isso com uma perna às costas!". Eram "apenas" três páginas. Lá estive eu, até às quatro da manhã, agarrado ao computador, a "produzir" a minha contribuição. Não era possível dizer que não ao Luís...
 
Um dia, já regressado a Lisboa, combinámos almoçar. No "Coelho da Rocha", mesa que ele muito apreciava. Surpreendentemente, o Luís não apareceu. A meio do almoço, telefonou a desculpar-se: "Desculpe lá! Tive de ir de urgência tratar um dos meus cancros", disse-me com a ligeireza, irónica e desafiante, com que se atrevia a tourear a fortuna. O "Coelho da Rocha" já desapareceu, há uns meses. O Luís, esse grande homem de bem, desapareceu hoje. O que me deixa muito triste. E agora, se me permitem, vou velá-lo à Estrela.   

Isabel Arriaga e Cunha

A jornalista Isabel Arriaga e Cunha deixa agora o "Público", depois de uma longa estada junto das instituições europeias.

Um dia falarei, aqui ou algures, da relação nem sempre fácil entre os políticos (que episodicamente fui, num passado já distante) e os jornalistas, no tratamento das questões europeias. As respetivas agendas nem sempre coincidem, à curiosidade destes últimos opõe-se o interesse de discrição dos primeiros e as visões dos factos são, por vezes, bem opostas. E, não raramente, aquilo que para uns é importante que seja destacado confronta-se com uma diferente ordem de prioridades dos outros.

Nesses tempos europeus, tive com a Isabel Arriaga e Cunha algumas divergências. Hoje posso confessar que, dentre os muitos - e alguns bem competentes - jornalistas portugueses que cruzei pelos corredores bruxelenses, a Isabel foi sempre a figura mais "difícil". Profunda conhecedora dos dossiês, com uma rede invejável de contactos, dispunha sempre de elementos que dificultavam a "venda" das nossa versão dos assuntos e, nas conferências de imprensa, fazia "aquela" pergunta que nós desejaríamos que não fosse feita. É o melhor elogio profissional que lhe posso fazer.

Um dia, à margem de um Conselho europeu, em Dublin, tivemos uma troca dura de argumentos, já nem sei bem porquê. À noite, de Lisboa, do "Público", a Teresa de Sousa, telefonou-me para o hotel: a Isabel ficara sentida com as minhas palavras, com o que eu dissera no calor dessa conversa. Passaram algumas semanas e o Manuel Menezes organizou um almoço de "reconciliação" no Luxemburgo. Ficámos amigos e, com o tempo, creio que a nossa visão dos temas europeus se foi aproximando.

Desde que deixei as lides europeias, passei a confiar nas análises conjugadas da Isabel e da Teresa de Sousa para melhor perceber a evolução dos grandes dossiês bruxelenses. De uma forma séria, rigorosa e sem "agenda" seguidista, elas têm-me ajudado a acompanhar esse mundo fascinante e crescentemente mutante, de que depende e muito continuará a depender o nosso destino como país.

Independentemente da solução que o "Público" possa encontrar para a substituição de Isabel Arriaga e Cunha, tenho a certeza que a sua escrita informada e a sua lucidez analítica me vão fazer muita falta.  

As amoras

O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade

sábado, junho 28, 2014

Ainda o PS

A história do Partido Socialista, como a de outras formações democráticas. fez-se sempre de conflitualidades, umas assumidas outras surdas, de choque de personalidades, que só raramente tem sido um confronto de verdadeiros programas alternativos. O que hoje por lá se passa não é, assim, nada de verdadeiramente novo. E nada que não fosse expectável, devo dizê-lo.

O PS vive ainda na ressaca do período Sócrates, da derrota profunda que sofreu em 2011 e da culpabilização que foi passada para a opinião pública de que parte importante dos sacrifícios por que os portugueses foram obrigados a passar desde então, mesmo se potenciados por um governo que decidiu agravá-los com uma receita ideológica radical, assentam na crise financeira criada ao país, derivada de opções políticas tidas por erradas. 

Desde as eleições de 2011, dentro do PS, firmaram-se claramente duas linhas. 

Uma que, de certo modo, partilha sem o dizer uma leitura crítica sobre a anterior gestão socialista, procurando reconstituir, com propostas e algum pessoal político novo, um regresso ao que entende ser a credibilidade perdida junto do eleitorado. Essa linha nunca se mostrou muito ativa na recuperação do património positivo do período Sócrates e, de forma aparentemente deliberada, marginalizou figuras que achou demasiado marcadas por esse tempo.

A segunda linha considerou, desde o início, que a distanciação pretendida face ao tempo de José Sócrates estava a ser exagerada ou era mesmo injusta, e que, com essa postura, o PS acabava por ajudar "à festa" dos outros. Verdadeiramente, essa linha sujeitou-se mas nunca respeitou a nova liderança, de cuja orientação estratégica quase sempre discordou.

O fim relativamente mais suave do que o previsto do processo de ajustamento, bem como uma vitória do PS nas eleições europeias que ficou muito aquém daquilo que alguns consideravam exigível, depois de três anos de ambiente de forte austeridade, criou um clima propício ao reacender da confrontação entre as duas linhas. Com efeito, para os setores críticos da atual gestão socialista, existe hoje o claro perigo de que o governo, depois de ter sido "dado como morto" várias vezes, venha ainda a "ressuscitar" a tempo das eleições legislativas de 2015. E esses setores não vislumbraram na atual liderança do PS a capacidade de reverter essa potencial tendência.

A reação de António José Seguro a este "challenge" não surpreendeu. Ele considerou a sua liderança suficientemente legitimada por duas vitórias eleitorais consecutivas, independentemente da leitura que outros faziam da respetiva dimensão. Entendeu, por isso, ter todas as condições para prosseguir no lugar que ocupava.

O surgimento de António Costa a contestar a liderança também não foi uma surpresa. De há muito que ele aparecia como a alternativa a Seguro, alimentada pelos vários setores críticos da atual liderança. De certo modo, o discurso triunfalista de Seguro na noite eleitoral, onde vislumbrou uma "grande vitória" naquilo que muitos consideraram uma vitória pouco expressiva, pode ter criado o "caldo" político que ajudou a decidir António Costa a avançar.

O impasse criado pelos estatutos, que formalmente não permitem um Congresso eletivo antes do termo do mandato, poderia ter sido ultrapassado se Seguro tivesse querido relegitimar de imediato a sua liderança interna, indo de novo a votos. Ao sentir-se "ferido" pela contestação, que entendeu injusta e oportunista, ao decidir identificar a sua indiscutível legitimidade formal com plena legitimidade política, Seguro assumiu um forte risco. E logo sentiu que tinha de reagir. Optou então por procurar sair dessa dualidade através da solução alternativa das "eleições primárias", atitude que, a seu ver, demonstrava a disponibilidade para ser julgado politicamente - ironicamente, oferecendo a António Costa um "eleitorado" para além do universo partidário, onde, aparentemente, o sentimento generalizado parece ser favorável ao presidente da municipalidade lisboeta.

A meu ver, o gesto de Seguro, ao avançar para as "primárias", tem a virtualidade de o ver assumir a coragem de se submeter a um novo voto, num quadro de modernidade democrática, sem entretanto beliscar a legitimidade formal que ciosamente quer preservar. Mas o facto dessas eleições demorarem compreensivelmente a organizar, coloca o PS num incómodo período de "limbo" político, que será detrimental para os seus interesses se acaso esse tempo vier a ser marcado por um debate fratricida, que dê ao país uma imagem menos responsável da alternativa ao governo que por aí anda. E esse risco legitima, de certo modo, a atitude de Jorge Sampaio e de outros socialistas, quando se interrogaram sobre se não seria então mais avisado avançar para uma clarificação imediata, através de eleições "diretas" internas, que poupassem esses meses de confronto.

António José Seguro assim não entendeu e, para o bem e para o mal, assumirá as consequências dessa decisão. A meu ver, é ocioso estar agora a especular muito mais sobre isto, já não interessa fazer "chover no molhado". O PS e os seus simpatizantes terão o ensejo, em 28 de setembro, de escolherem quem entendem melhor preparado para o conduzir até às eleições de 2015. Só podemos desejar um debate com elevação, sem insultos e acusações, que o país julgaria severamente na imagem do PS. E seria interessante se pudéssemos ter, como pano de fundo desta escolha de pessoas, o privilégio de assistir a um confronto de ideias para o país.

Temo, porém, que, uma vez mais, as coisas se coloquem em termos de personalidades e bastante menos na análise de programas e propostas. Um dia do século XIX, Miguel de Unamuno escreveu que a "fulanização da política" era uma das caraterísticas portuguesas. Prova-se que tinha imensa razão.

sexta-feira, junho 27, 2014

Um amigo no Berlaymont

Um dia de 1998, acompanhei António Guterres ao gabinete do primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker. A Comissão europeia tinha acabado de apresentar a sua primeira proposta para as "perspetivas financeiras" para o período 2000-2006, o orçamento plurianual de onde decorrem os fundos comunitários. O resultado, maugrado as diligências que havíamos feito nos meses anteriores junto de diversos setores da Comissão, era dececionante para o nosso país. Agora, tornava-se importante mobilizar os nossos amigos europeus a fim de fazer evoluir a proposta, em moldes que pudessem acomodar os nossos interesses.

Nunca mais me esquecerei das palavras espontâneas que ouvimos de Juncker, logo que António Guterres acabou de lhe expor o nosso problema: "António, podes contar comigo a 100%. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para beneficiar Portugal". E fê-lo, a partir daí, de forma exemplar, passando a defender-nos em todos os contextos possíveis. Não houve Conselho europeu em que Juncker não tivesse estado abertamente ao nosso lado, movimentando-se, além disso, junto de outros parceiros para fazer valer os argumentos portugueses.

Lembrei-me disto há minutos, ao ouvir Jean-Claude Juncker salientar, nestes que são os seus últimos dias à frente do Eurogrupo, a importância de Portugal ser recompensado pelos esforços que tem vindo a fazer no seu programa de ajustamento estrutural, com a possível redefinição desse mesmo programa à luz da evolução da conjuntura externa. Uma posição pouco comum, mesmo à revelia de outras, nesta Europa onde a solidariedade é uma palavra escassa nos dias que correm.

Jean-Claude Juncker é um exemplo de um grande europeu, da escola de um Jacques Delors, uma das poucas personalidades que, pela sua inigualável experiência e pela profunda coerência e verticalidade que o carateriza, merece o respeito da grande maioria de quantos se movimentam pelos corredores da União europeia. Mas, do mesmo modo, a sua independência face aos grandes Estados europeus, bem como o modo frontal como a assume, não terão sido estranhos à sua liminar exclusão, quando o seu nome surgiu mencionado para a presidência da Comissão europeia.

Se Portugal tem verdadeiros amigos entre os dirigentes desta Europa, a experiência demonstrou-me que Jean-Claude Juncker é o mais dedicado deles.

(Escrevi isto neste blogue, em 10.1.13. Repito-o com gosto hoje, dia em que Jean-Claude Juncker foi nomeado presidente da Comissão europeia)

Eleições primárias

O Partido Socialista vai realizar, em 28 de setembro, "eleições primárias" para a escolha da personalidade que será o seu candidato a primeiro-ministro nas eleições legislativas de 2015. Nas "primárias" podem votar todas as pessoas que, através de um compromisso escrito, declarem não serem membros de outros partidos e se revejam nos princípios do PS. Esta escolha não existe nos estatutos do partido, pelo que, teoricamente, o candidato mais votado poderia não ser o líder do partido. Porém, o atual secretário-geral já revelou que tirará "todas as consequências" se o resultado do escrutínio, a que será um dos concorrentes, lhe não for favorável, o que, em linguagem simples, significa que, nessa hipótese, abandonaria o cargo, abrindo caminho a que o seu opositor nas "primárias" fosse eleito como novo secretário-geral - o que, no entanto, ainda obrigaria a "eleições diretas" internas (neste caso, só com os militantes) e à sua consagração em Congresso.

Este processo, que no caso português tem este aspeto mais complicado, tem já precedentes em alguns países, de que os Estados Unidos são o exemplo mais antigo, mas a que se juntaram, mais recentemente, a França e a Itália, democracias onde já se percebeu que seria importante retirar da exclusiva competência das máquinas partidárias a escolha do candidato a titular do poder executivo. O alargamento aos simpatizantes (na realidade, aos votantes futuros) é um gesto de respeito pela opinião pública e, pelo menos teoricamente, obriga a que os candidatos "falem" para fora dos partidos e aí comecem a ganhar uma pré-legitimidade.

Fui testemunha, em França, da perplexidade com que a decisão de organizar primárias para o candidato presidencial do PSF foi recebida. Mas observei igualmente que, no termo do processo, se concluiu unanimemente das suas vantagens, com a própria direita a anunciar, de imediato, que futuramente iria proceder de forma idêntica. 

Um dúvida surgiu: será que se pode confiar na palavra de quem declara que é simpatizante? Não poderá haver "penetras", oriundos até do outro lado do sistema partidário, que aproveitem oportunisticamente esta abertura para se imiscuírem em "negócios de família" alheia? Esta questão colocou-se em França, mas logo se concluíu que seria diminuto, e escassamente relevante no cômputo final dos votos, o número de impostores que teriam o desplante de, sob compromisso de honra e com o risco de verem o respetivo nome publicado, assumirem esse gesto canalha.

Resta ainda uma outra dúvida, esta bem portuguesa. Entre nós, sob a capa da invocação do segredo do voto, e às vezes fruto de um trauma de tempos políticos mais tensos, há muita gente que, não sendo militante partidário, não gosta de revelar em quem vai votar nas eleições nacionais. Está no seu pleno direito. Só que, nesse caso, pode presumir-se que essas pessoas terão dificuldade em aceitar a possibilidade de se increverem nestas "primárias". Temo, por isso, que o universo desses simpatizantes, nesta primeira experiência, acabe por ainda não ser muito significativo.

Sou de opinião de que, com a realização destas "eleições primárias", o Partido Socialista acaba por prestar um serviço importante à renovação e revitalização do nosso sistema democrático. E, confesso achar bizarro que pessoas não pertencentes a esse espaço político se arroguem o direito de "mandar bitaites" sobre o modo como os socialistas se organizam para resolverem os seus problemas internos.

quinta-feira, junho 26, 2014

Banais

Sei que não fica bem ao nosso ego, mas não seria tempo de assumirmos, com realismo, que Portugal tem hoje uma seleção de futebol perfeitamente banal, cujo apuramento para a fase final do Mundial já foi "tirado a ferros", com uma baixa qualidade média de jogadores, onde só se salientam um sobredotado (e conjunturalmente diminuído) Ronaldo e talvez Nani? Esse é o preço que o nosso país paga, cada vez mais, pelo facto da maioria dos seus clubes estar enxameada de estrangeiros, pela escassez de investimento na formação de jovens jogadores. 

Por essa razão, foi de uma total insensatez, só geradora de falsas expetativas, que o país tenha sido levado a alimentar a ideia de que podíamos vir a ter uma boa prestação nesta jornada brasileira. Perdemos muito bem contra a Alemanha, merecíamos ter sido derrotados pelos EUA e, embora muito superiores na primeira parte do jogo, tanto ganhámos como até poderíamos ter sido derrotados pelo Gana. Estes são os factos e o resto é patrioteirismo.

Só tenho pena dos muitos portugueses que, no Brasil e pelo mundo fora, comungaram desta ilusão e agora caíram "na real".

Ernâni Lopes


Ernâni Lopes desapareceu, vai para quatro anos. Ontem, no retomar dos encontros da SAER, a entidade que criou e que agora vai passar a ter uma nova vida, todos nos sentimos à volta da memória deste homem que não deixou indiferente quem com ele teve o privilégio de contactar.
 
A falta que a todos nos faz, nestes dias sombrios, a palavra livre de Ernâni Lopes!

quarta-feira, junho 25, 2014

Anomia

Veio-me à ideia o triste conceito de anomia, ao ouvir, há pouco, alguns "populares" de Oeiras falarem do "seu" presidente, ontem libertado. É, de facto, típico de um país que já perdeu as suas referências aquele que apoia quem "rouba mas faz", na lógica de que "há outros bem piores". E é sintomático do estado da informação das nossas televisões a cobertura simpática feita a um delinquente, que lesou as finanças públicas e que abusou em seu proveito de bens públicos, cuja condenação não ofereceu a menor dúvida e que utilizou, de forma quase obscena, sucessivos recursos para deixar prescrever outros crimes, que o fariam repousar por muitos anos na prisão se onde agora conseguiu sair. E, se se ouvirem bem as declarações do prisioneiro agora em liberdade condicional, todos deveremos perguntar-nos sobre o grau do "arrependimento" que alegadamente motivou a decisão do juiz que o soltou. Isto está bonito, está!

Alexander Stubb

Durante a negociação europeia do Tratado de Nice, que dirigi durante o primeiro semestre de 2000 e que acompanhei até à conclusão dos trabalhos, como chefe da delegação portuguesa, no resto do ano, o tema das "cooperações reforçadas" ou da "flexibilidade" (para simplificar: a possibilidade de só alguns Estados adotarem certas políticas dentro da União) foi umas das questões centrais. Graças à genialidade criativa de Josefina Carvalho, a diplomata portuguesa mais competente que alguma vez conheci em matérias institucionais europeias, e que por sorte me coadjuvava, colocámos sobre a mesa um conjunto "engenhoso" de propostas. Portugal foi mesmo a "vedeta" dessa discussão, que António Guterres depois titulou à mesa do Conselho europeu. 
 
Algumas delegações revelaram um interesse muito grande pelo tema e ajudaram a desenvolvê-lo, com inteligência e argúcia. Uma dessas delegações era a finlandesa, dirigida por um homem magnífico, com uma serenidade ártica, o embaixador Antti Satuli, um bom amigo infelizmente já desaparecido. Costumávamos dizer que a Finlândia desse tempo era quase um país do Benelux (Bélgica, Holanda, Luxemburgo), tal o sentido europeu do seu empenhamento, o sentimento federal das suas posições (onde isso vai...) Antti era então coadjuvado por um muito jovem diplomata, entusiasta, imaginativo, quase "latino", que com a nossa delegação mantinha uma relação de grande cordialidade. Longas conversas tivemos com ele, procurando convencê-lo do bem fundado das nossas propostas e, por vezes, tentando integrar algumas das suas ideias. Que eram muitas, porque o tema da "flexibilidade" apaixonava-o.  
 
Em 2002, já a negociação tinha terminado e eu vivia na Áustria e andava já por outras "guerras", recebi um pedido desse diplomata finlandês para poder utilizar um texto meu num livro que ia publicar sobre a questão da "flexibilidade". Enviou-me o livro meses depois, com uma carta muito simpática. Trocámos, depois disso, alguns emails e fui, entretanto, acompanhando o seu percurso, agora na política, de Estrasburgo ao governo do seu país, onde chegou a ministro dos Assuntos europeus e dos Negócios estrangeiros.
 
Alexander Stubb, o nosso jovem amigo finlandês das negociações europeias, é, desde ontem, o novo primeiro-ministro do seu país.

terça-feira, junho 24, 2014

BES

Nos dias que correm, os bancos não são empresas como quaisquer outras. A banca está definitivamente colocada no centro do processo económico-financeiro europeu e não é por acaso que, nos últimos anos, é em seu torno que se desenvolvem os grandes debates da União. Os contribuintes europeus já sofreram na pele o custo da irresponsabilidade de alguns operadores bancários e os efeitos detrimentais das suas ações na estabilidade global do sistema. Os bancos parece serem privados enquanto dão dinheiro, mas passam a problemas públicos quando entram em crise.

Por essa razão, não é legítimo que os agentes políticos portugueses olhem para a crise no BES como se isso significasse apenas um emergir de problemas conjunturais numa qualquer empresa privada. O governo sabe que as coisas não são assim e, em nome dos cidadãos - e dos contribuintes - que representa tem de dar mostras claras de estar atento a uma saga que não se esgota nos meandros da família Espírito Santo. Longe disso! O argumento da separação de interesses não é válido e não pode ser esgrimido com ligeireza. Ou alguém tem dúvidas de que, se as coisas acaso correrem mal, alguém nos virá cobrar ao bolso? Deixemo-nos, pois, de formalismos ridículos e assumamos a importância destas coisas.

Neste contexto e nos dias que correm, a família Espírito Santo pode não estar à altura da responsabilidade do nome que herdou. As explicações absolutamente incríveis dadas sobre o que ocorreu na gestão dos interesses da estrutura financeira no Luxemburgo, somadas à patética irresponsabilidade revelada em Angola, agravadas pelas dissidências e conflitos públicos entre os familiares, que deveriam mostrar solidez e determinação num momento desta delicadeza, provam que estamos perante um grupo em real crise de liderança e objetivos. E ao ter optado por uma solução de continuidade, titulada em alguém que está ainda sob suspeita, não revela bom-senso e faz temer o pior, agora para o banco.

Espera-se que o supervisor, o Banco de Portugal, seja capaz de tomar as decisões que possam acautelar o interesse público. Com firmeza, transparência e sentido de responsabilidade.

O amigo americano

Se alguém perguntar a um diplomata português quais são hoje as três principais prioridades da nossa política externa, a resposta, quase pela certa, será: Europa, lusofonia e relações transatlânticas. Para o bem e para o mal, a América está desde há muito no centro da nossa expressão internacional.

Salazar e uma certa esquerda portuguesa nunca gostaram da América. O ditador começou por desconfiar imenso da ambição americana no Atlântico, à qual teria que se resignar, para mais tarde perceber que também não podia contar com a proteção dos EUA para o prolongamento extemporâneo da aventura colonial lusitana. Já a esquerda começou por ver os EUA aceitarem como boa a credibilitação que o nosso "amigo da onça" britânico lhes deu das vantagens de conservar o regime ditatorial português, o que permitiu a sua sobrevivência após o segundo conflito mundial. E, com naturalidade, essa mesma esquerda rejeitou as derivas imperiais e o cinismo geopolítico americanos, do Vietnam ao Chile. E a aventura iraquiana, claro.

Neste cenário, a América cedo conquistou outros amigos portugueses: os "atlantistas", uma raça que começou por pulular em torno da NATO e cuja versão mais lamentável acabou a servir o "catering" nas Lages, em 2003. Estes acríticos não se esgotam, porém, na direita caseira. Na esquerda, está consagrado o princípio não escrito de que só tem estatuto de respeitabilidade em matéria de política externa quem for visto como "pró-americano".

Há décadas que a América se equivoca nos seus amigos portugueses. Os americanófilos oficiosos, que enchem o "4th of July", atulham os debates na FLAD e se "pelam" por um convite do outro lado do mar são o produto do vício, recorrente e cíclico, que os EUA alimentam entre nós. Esse pessoal, "taken for granted" para qualquer aventura em que Washington decida envolver-se, prolongou a fidelidade extrema da Guerra Fria até às portas de Badgad. Faria amanhã o mesmo se acaso Kiev (ou Moscovo) fosse o destino. Sofrem de uma ilusão de poder que deriva da sua eterna colagem à potência ocidental dominante. Na guerra do Iraque travestiram-se de "neo-cons" de trazer por casa, hoje debitam pelos blogues saudades ínvias de Bush filho, disfarçadas de críticas a Obama. Mas, na realidade, têm muito pouco préstimo. Ou melhor, servem apenas para prolongar entre nós uma triste caricatura simplista da América.

A América, esse país magnífico e com uma vitalidade que nenhuma Europa ainda conseguiu imitar, é uma potência que, como todas as outras, necessita de amigos. Portugal tem todas as condições para se poder colocar no eixo de uma relação frutuosa entre a Europa e os EUA, de onde não estejam ausentes o sentido crítico, a afirmação das nossas pontuais diferenças e o sublinhar da nossa leitura sobre o seu próprio comportamento.

Ser amigo dos EUA é saber dizer sempre a Washington que estaremos com eles para a consecução de uma agenda positiva e de progresso, que não se resuma à leitura mecanicista dos seus interesses, que respeite também os nossos. E não me refiro apenas às Lages e outros dossiês paroquiais. Quero com isto significar os interesses globais da Europa. A América é o mais velho amigo da Europa e deve continuar a sê-lo, sem subserviências ou equívocos. Qualquer que venha a ser o futuro da expressão coletiva da Europa no mundo, ele só terá significado e relevância se for levado a cabo em estreita articulação com Washington. O resto é retórica.

Artigo que hoje publico no "Diário Económico"

segunda-feira, junho 23, 2014

Crónica do alho porro

Hoje, véspera do dia de S. João, andarei pela Ribeira e pelas Fontaínhas. Não usarei martelinho, mas tenciono comprar um valente alho porro, em memória póstuma da desaparição na selva amazónica de um inglório grupo de bandeirantes milionários, fiéis seguidores da Dona Inércia e com uma sorte idêntica à do banco onde ela aforra. Com toda a tranquilidade, eles colocaram um ponto final no sonho de um país convencido de que isto vai lá apenas com os pés.

domingo, junho 22, 2014

Bela solidão

Foi quase uma hora de futebol, num quarto de hotel de província. O "mute" garantiu que nenhum comentário de "especialistas" se interpunha entre mim e o que pude ver do excelente e emotivo Nigéria - Bósnia-Herzegovina. E, com a vitória da seleção africana, o resultado final agradou-me.

Sempre que posso, gosto de ver futebol na TV sozinho, sem som, pelo simples prazer da coreografia do jogo ou, o que em mim é raro, tomando partido por uma das equipas. O ruído de fundo distrai-me e os comentários cansam-me.

Amanhã, Portugal vai jogar com os Estados Unidos. Tenho alguma pena de não poder ver o jogo, mas vou estar ocupado a essa hora. Desejo ardentemente que ganhemos, quanto mais não seja para revertermos a nossa sorte, nesta nossa jornada brasileira. Os portugueses no Brasil merecem que Portugal lhes proporcione uma alegria. Além disso, uma prestação positiva da nossa seleção permitiria perceber melhor como o Brasil contemporâneo nos olha. Eu sei que uma "Copa" não é necessariamente um lugar de "experimentalismo" sociológico coletivo, mas podem crer que isso seria imensamente interessante. 

sábado, junho 21, 2014

Xavier Musca

Ninguém pareceu notar um nome francês ontem anunciado para a administração do Banco Espírito Santo: Xavier Musca.

E, no entanto, ele é um nome bem conhecido em França, onde desempenhou um lugar de relevo como secretário-geral da Presidência da República, ao tempo de Nicolas Sarkozy. Como eu, vários diplomatas portugueses privaram com Musca, aquando de encontros mantidos no Eliseu. Recordo diversas discussões sobre as finanças portuguesas e europeias, temáticas que o "sherpa" de Sarkozy para as reuniões do G8 seguia e dominava com uma grande competência.

Após a derrota de Sarkozy, Musca foi para diretor-geral do Crédit Agricole. E tudo indica que seja em representação do parceiro francês do BES que Xavier Musca vai surgir na nova administração.

sexta-feira, junho 20, 2014

A "branca"

Vi há dias uma fotografia do dr. Fernando Nogueira, presidente da fundação BCP. E recordei alguém que, depois de saído da liderança do PSD, vai para vinte anos, se remeteu a uma discreta vida profissional, abandonando por completo a vida política. 

Conheci-o pessoalmente em Londres, no início dos anos 90, ao tempo em que desempenhava as funções de ministro da Defesa e era uma das figuras mais marcantes do universo social-democrata. Numa das suas passagens pela capital britânica, coube-me acompanhá-lo ao aeroporto, onde havíamos reservado, como era da praxe, uma sala na respetiva área VIP, destinada a passageiros ilustres. Lá chegados, e após termos ultrapassado as barreiras de segurança, sempre invocando o nome da embaixada, dirigimo-nos ao balcão de atendimento.

Com o ministro ao meu lado, informei quem eu era, indicando que estava a acompanhar o ministro português da Defesa. A funcionária inquiriu qual era o nome do ministro. Foi nesse instante que tive una "branca" e o nome de Fernando Nogueira se me varreu por completo da memória. Fosse o cansaço ou a noite mal dormida, a verdade é que o nome não me ocorria. O meu embaraço era total. O ministro já olhava para mim, intrigado, e a funcionária aguardava a minha resposta.

- Desculpe! A reserva da assistência foi feita pela embaixada de Portugal, já lhe disse que se trata do ministro da Defesa, por que diabo precisa também do nome?

A senhora mirava-me, surpreendida com a duvidosa racionalidade da minha reação. E o ministro também:

- Porque lhe não diz o meu nome?

Tentando ganhar tempo, avancei então com uma "criativa" justificação, completamente tonta e até pesporrente:

- Senhor ministro: esta gente tem de perceber que deve funcionar com base na informação que é essencial. Imagine que era um nome chinês! Que interesse é que ela tinha em ouvir uns sons estranhos numa língua ainda mais estranha? Basta-lhes a embaixada e o título da pessoa!

O peso deste meu imaginativo argumentário de ocasião estava a começar a esgotar-se. E, na crescente atrapalhação, fui-me inclinando sobre o balcão, tentando ler, ao contrário, a folha que a funcionária tinha diante de si, com todas as reservas dos compartimentos da zona VIP. Por sorte, consegui descortinar a palavra "Portugal" numa das linhas. Então, com grande "autoridade", estendi o indicador e apontei-lhe a linha:

- Look! It's there!

- Mr. "Nóguêra"?

- That's right!

Ao meu lado, o ministro Fernando Nogueira, um homem cordialíssimo e de sereno sorriso, devia estar intimamente a pensar como é bizarra essa espécie profissional que são os diplomatas. 

Nunca tive oportunidade de lhe revelar este episódio. Quando isso acontecer, acho que vai achar graça.

quinta-feira, junho 19, 2014

Conflito de gerações

Há dias, um muito jovem cronista do "Expresso", culto e de boa escrita, explicava que tinha sido em textos de Vasco da Graça Moura que tivera acesso, pela primeira vez, a alguns vocábulos estranhos, de um português de outros tempos. E dava como exemplo, entre outros, a palavra "mocho", que o escritor lhe ensinara também poder significar um pequeno banco. Dei comigo a pensar que há um mundo "novo" do qual nos distanciamos, cada vez mais.

Contei este episódio numa tertúlia. E logo um amigo me relatou uma coisa análoga. Tinha ido, com um colega muito mais jovem, a um bar da geração deste último. Aproximaram-se do balcão, sob a barulheira da forte música. À pergunta do barman sobre o que ia beber, optou por uma hipótese conservadora:

- JB, com água lisa.

A resposta do rapaz surpreendeu-o:

- Não temos!

Essa agora! Bem à vista, na estante do bar, estavam duas garrafas do "Justierini & Brooks": uma do "blend" corrente, outra do "quinze anos". Apontou, não sem alguma ironia, para elas.

O barman respondeu, com um ar impávido:

- Não é o whisky. Não temos é a água que pediu.

O meu amigo continuou com um largo sorriso:

- Não têm água lisa?!

O rapaz manteve-se impávido:

- Não. Lisa não temos. Só temos Luso.

quarta-feira, junho 18, 2014

Boas notícias

Portugal acaba de ser eleito para a vice-presidência da Assembleia Geral da ONU. Trata-se de um cargo que confere alguma visibilidade à ação do representante permanente português na ONU, durante o período de um ano e, muito em especial, no último quadrimestre de 2014. 

Uma leitura menos elaborada tende a ver estas e outras eleições no quadro multilateral como uma espécie de coreografia diplomática, cujos "lucros" não são evidentes. E não são. Mas existem. Ser relevante e visível em áreas que lidam com interesses de outros Estados abre oportunidades de interlocução e, muitas vezes, de negociação de interesses cruzados. E coloca o nome de Portugal em evidência, o que está longe de ser despiciendo.

Portugal é um país que, à partida, não projeta um poder próprio forte, no quadro internacional. A crise financeira induziu mesmo uma debilidade acrescida à nossa imagem. Mas Portugal tem tradicionalmente um perfil, nomeadamente no quadro das Nações Unidas, que está bastante acima da força objetiva do país. Temos um histórico marcado por um grande sentido de responsabilidade, de coerência e, em especial, de um Estado que sabe cumprir os seus compromissos. Importa-nos assim alimentar esse nosso perfil, diversificar a nossa presença em diversas instâncias, mostrar aos nossos parceiros que temos uma contribuição a prestar em vários e complexos dossiês. E que essa contribuição é de qualidade. Não tenho a menor dúvida de que, uma vez mais, o faremos, sempre de forma prestigiante.

Na ONU somos hoje representados por aquele que é, sem sombra de dúvida, o mais experiente e qualificado diplomata português no âmbito multilateral, o embaixador Álvaro Mendonça e Moura. Em Nova Iorque, ele completa um percurso ímpar que já o havia levado a atuar em nome de Portugal junto das instâncias da ONU em Viena e em Genebra, para além de ter chefiado a importante representação nacional junto da União Europeia.

Um abraço de parabéns, Álvaro!

Ridículo e grave

A acusação de traição à pátria dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa é, para além de completamente ridícula, de uma extrema gravidade. Os parti...