Leio que, enquanto
embaixador americano em Portugal, se mostrou “preocupado” com o apoio
parlamentar de “partidos anti-NATO” a um possível governo socialista. Congratulo-me
que tenha notado o “compromisso” de António Costa e do seu partido “com a NATO,
com a UE e com organizações semelhantes”, mas lamento que considere que “o
ponto vai ser sobre o que vai ser feito, não sobre o que vai ser dito”.
A palavra das pessoas
sérias não pode ser posta em causa sem razões sólidas. António Costa não merece
essa sua desconfiança. Acho que o conhece mal, que não sabe que ele tem um
compromisso com a democracia que data de há quase cinco décadas, que esteve
sempre do lado certo da História nas grandes lutas que, entre nós, foram travadas
pela liberdade. E não foram lutas fáceis, caro Bob. Se tiver dúvidas, pergunte
a Mário Soares ou a Jorge Sampaio, a Vitor Constâncio ou a António Guterres.
Não sou um entusiasta
desta possível solução governativa, mas as minhas razões são muito diferentes
das suas. Por mim, não alimento a mais leve dúvida que, aconteça o que
acontecer, um eventual governo socialista se manterá fiel a todo os
compromissos internacionais de Portugal, da NATO à UE, passando pelas
“organizações semelhantes”, como você com graça as qualifica. O PS tem um
historial de responsabilidade no quadro internacional que não aceita lições de
ninguém, de dentro ou de fora.
Reconheço, contudo, o seu
direito de se pronunciar sobre as escolhas internas no meu país, embora, como
diplomata, eu sempre me tenha abstido de o fazer nos postos onde estive
colocado. Mas agora que entrei numa reforma que é mesmo “irrevogável” – quem
proclamou um dia esta palavra merece-lhe mais confiança? - confesso-lhe que também
estou preocupado pela possibilidade de Donald Trump vir a ser eleito presidente
dos EUA. E pode crer que continuo muito triste com Guantánamo.
Quanto a nós, pode dormir
descansado, caro Bob.
(artigo que hoje publico no "Diário de Notícias")
(artigo que hoje publico no "Diário de Notícias")
























