Frequentemente, perguntam-me: "Ainda escreves o teu blogue?" Quase sempre, respondo: "Por que não vais ver?" Alguns interlocutores ficam atrapalhados, quase todos acrescentam: "Há muito que não leio blogues", ou mesmo um definitivo: "Deixei de ler blogues".
Num dos (confirmo, poucos) blogues que habitualmente leio, o excelente "Delito de Opinião", mantido pelo Pedro Correia e os seus parceiros com idêntica teimosia àquela que por aqui solitariamente me mantem diariamente, vai para 17 anos, li há pouco esta nota deliciosa de uma sua leitora:
"Creio que os blogues estão ultrapassados, sim. Mas esse é um dos factores que me atrai nos que frequento. O que passou de moda e continua a existir, vale mais: ficaram os fiéis, sem luzinhas a piscar e florinhas que abrem e fecham e demais enfeites - ficaram as palavras no mais intrínseco de si. Hoje, os blogues são lugar de sossego. Dão assunto e tempo para pensar; rasam as novidades e a notícia sem espalhafato, contam histórias verosímeis e tanta vez verídicas, opinam sem alarde.
Tendemos até a julgar conhecer quem está por detrás das palavras, suposição incorrecta: ninguém é o que escreve senão em parte ínfima e tanta vez incerta.
Sou pelos blogues tal como estão: existência pacata e sem alarde de quem ama a escrita."
Se acaso precisasse de um estímulo para continuar o meu blogue (e não preciso), este belo texto servia à perfeição.
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