Cavaco Silva tem 86 anos e é, nos dias de hoje, um dos políticos portugueses com mais experiência - uma década como primeiro-ministro, outra como presidente. Nos últimos tempos, as suas esporádicas incursões públicas situam-se, frequentemente, no terreno daquilo a que os franceses chamam "politique politicienne" (política politiqueira, pode traduzir-se), coisa que não aprecio minimamente e em que entendo que ele esbanja o lugar que assegurou na história política do país, qualquer que seja a opinião que se tenha sobre esse seu tempo.
Ontem, foi uma exceção. Num discurso bem construído em inglês, Cavaco Silva fez a sua leitura dos desafios de Portugal, na Europa e no mundo, com considerações sobre o nosso papel internacional, revelando permanecer atento às grandes questões globais. Foi muito assertivo e não se escusou a emitir algumas opiniões fortes, por detrás das quais se podiam mesmo intuir algumas críticas ao atual governo, como no caso das relações com a China. Revi-me em algumas dessas opiniões - mais do que estava à espera, confesso -, em outras não.
Nas intervenções que fiz logo em seguida, dei comigo a citar Cavaco Silva, coisa que, ao que recordo, nunca me tinha acontecido. Alguma vez havia de ser a primeira.
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