Cristiano Ronaldo é um homem simples e que parece bem formado. Um dia, numa sua entrevista a Judite de Sousa, deparei, com surpresa, com uma personalidade que estava a conseguir lidar, com notável maturidade, com toda a pressão que a adulação e o dinheiro inevitavelmente acarretavam para o jovem que era.
Quero com isto dizer que estou convicto de que Cristiano Ronaldo, independentemente de alguma arrogância que há que desculpar-lhe, atento o impacto público das "performances" notáveis que faz, como excelente profissional que demonstra ser, é - passe a expressão - um "gajo porreiro".
Daí que me pareça menos conforme com essa imagem a circunstância de, por um frio e comodista calculismo, ter optado por um sistema de "produção" de filhos que vai privar essas crianças de crescerem ao lado de uma mãe. O pai pode vir a dar-lhes tudo, da atenção a um imenso conforto material de vida, mas amputar friamente o seu ambiente familiar, condenando essas crianças à vida com uma (ou mais do que uma) madrasta, é uma opção que, na minha opinião, releva de um inaceitável egoísmo.
23 comentários:
ora vamos lá a ver, ouço com frequência na quadratura, e pegando no mote e no tema antes me parece que a simplicidade se lhe tem ido e a arrogância se tem aproximado, não, não é bem isso, o que acontece é que os seus penteados têm evoluído, apresenta regularmente um novo modelo, tem cabelo, preocupa-se com ele, natural numa estrela, quero dizer, e a noite televisiva é cheia de ronaldos, publicidades a marcas que protagoniza, lembro-me da do bes com a da mécia, mas também publicidades a ele mesmo, e também aparece cada vez mais a mãe, e agora veio o livro de culinária caseira "as receitas da minha querida mãe", o filho gosta do bacalhau à brás dela, diz a mãe, já katia a irmã também autora do receituário diz: "gosto de misturar carne com frutas e essas coisas", essas coisas portanto, essas coisas em vez dum etc, e katia diz ainda que gosta de bacalhau e de peixe.
pois ele cristiano optou por ter filhos com mães ocultas e por "um sistema de produção" de descendentes adequado à opção, assim será, mas cr7 é um bom jogador, um génio da bola, ainda será? e daqui lhe rendo homenagens, quando dizemos lá fora que somos portugueses vêm-nos imediatamente com o ah! ronaldo! etc etc
Ora, disparates! Sabe lá o Francisco a enorme percentagem de crianças que, ao longo da história humana, cresceram privadas de uma mãe!!! Sabe o Francisco que, no passado, era muito comum as mulheres morrerem no parto... ou, então, morrerem de outra causa qualquer (incluindo outras gravidezes) enquanto os filhos eram pequenos... Hoje em dia faz-se muito barulho com esta coisa das famílias anormais mas, no passado, elas eram muitíssimo comuns... Muitíssimas pessoas que se tornaram célebres cresceram privadas de mãe (ou de pai)!
Qual é o problema com as madastras? É o sindrome "Branca de Neve? :)... Enfim. A família do Ronaldo parece-me capaz de dar estabilidade e carinho às crianças e o Cristianho não me parece particularmente infeliz. Mas eu tenho a certeza que a Espanha tem leis contra a crueldade infantil e vai estar atenta.
Ronaldo quer ter filhos e escolheu tê-los desta maneira. Condenar Ronaldo (ou pensar menos dele) por ter escolhido um modelo de familia diverso do da maioria, parece-me apenas a expressão de um preconceito. Aliás, não me custa a crer que a sexualidade de Ronaldo seja incompatível com o modelo familiar que o Embaixador entende ser o bom. O mundo mudou e ainda bem. Há muitos
modelos de família e há crianças felizes (e infelizes) em todos. Opiniões como a vinculada neste post só servem para excluir e pôr de parte, quando o que é necessário é precisamente o contrário.
O homem não quer problemas com mães interesseiras. Mas faz impressão, sim. É quase como dizer às crianças que ele é tão bom que nem vale a pena dividi-las com alguém.
Todos os filhos são feitos pelos pais para satisfação deles próprios (pais), ou seja, por egoismo, e não porque se eles creiam que podem fornecer a esses filhos condições ideais - até porque o ideal é sempre inatingível. E o facto é que as crianças, quer cresçam em condições ideais quer não, tanto podem vir a ser génios como criminosos. Há muitos excelentes cidadãos que cresceram sem pai nem mãe, e muitas péssimas pessoas que cresceram em harmoniosas famílias perfeitas. Portanto, o Ronaldo faz os filhos por egoismo, tal como todas as restantes pessoas, e nada nos garante que os filhos do Ronaldo sejam mais nem menos infelizes do que quaisquer outros por esse facto.
Acresce que o Ronaldo tem tido namoradas que, muito provavelmente, têm mais que fazer do que ficarem grávidas e sacrificarem-se por crianças. Têm as suas carreiras, são bonitas e não querem estragar o seu corpo nem a sua carreira com gravidezes. Portanto, o homem tem que arranjar forma de ter filhos sem ser com as namoradas, e a forma que arranjou é totalmente legítima e não prejudica ninguém.
Eu tenho a dizer que acho sempre fascinante quando vejo juízos de valor sobre pais e sobre privações e traumas que as crianças dos outros supostamente sofrerão por isto ou por aquilo: filho sem mãe, filho sem pai, filho com madrasta, filho com padrasto, etc. O meu filho, adoptado, teve um nascimento traumático, foi abandonado e teve parte da infância muito mais traumática do que os gémeos do Cristiano alguma vez terão, nem remotamente comparável e… é agora feliz. Tende todos juízo, é o que desejo. Se não é a vida a ensinar-nos, pelo menos que seja algum bom senso.
Nao diria egoísmo, mas delírio de omnipotência.
P.S.- A talhe de foice: nos seus textos inicia algumas das frases com "sempre", mas iso está errado (cf. o texto sobre Roger Moore). Uma coisa é escrever "Foste sempre a casa da tua tia" e outra "Sempre foste a casa da tua tia", que tem o sentido de "afinal foste a casa da tua tia". Quando se inicia uma frase com sempre, o termo tem aí o valor de partícula modal, enquanto no outro caso é um advérbio. Nao leve a mal.
Ja agora, vivendo fora de Portugal noto como a lingua tem evoluido, às vezes repescando-se palavras que até há uns anos estavam fora de moda e eram consideradas pirosas e que hoje os bem-pensantes usam (ex: volvidos, olvidar, no exterior no sentido de no estrangeiro; etc.). Enfim, tempos de barroco e de influência brasileira. O que acho piroso, me se permite, é que se voltou a utilizar o auxiliar haver em vez de ter e nas formas verbais passou-se a usar "havia pensado" em vez de "tinha pensado", que é bem mais bonito e português (nao brasileiro). Aliás, basta ler o grande Eca para vermos que nunca usava essa forma pirosa de "havia estado", "havia conhecido"...
Já agora, parabéns pelo seu português, coisa rara nos tempos que correm.
Não percebo de bola nem de Ronaldo. Mas lembro-me há muitos anos ouvir dizer das pessoas que se divorciavam, que eram egoístas que não pensavam nos filhos. E anteriormente ainda, ouvir dizer quando a prole crescia, que eram egoístas (nesse tempo não se dizia que eram egoístas, dizia-se que só pensavam em si) que queriam os filhos para trabalharem, para terem criados.
O Ronaldo chega a casa e diz ao filho:
R: Adivinha o que o pai te comprou: dois maninhos. Vê lá se gostas da cor.
F: São iguais...
R: Assim, podes estragar um.
F: Eu queria uma menina.
R: Pois, mas a senhora que os fez enganou-se
F: Posso vesti-los de menina?
R: Bem, primeiro era a cena do guarda redes, agora, queres meter travestis cá em casa!
F: Só um...
R: Não. É uma questão de princípio. Os homens não se vestem de mulher, não usam brincos...
F: Tu usas!
R: O pai não é um homem, é um deus.
F: É por isso que dizes à tua namorada para se ajoelhar e rezar?
R: Isso não são assuntos para a tua idade.
F: Mas posso guiar carros caros!
R: Caros? Havias de ver quanto custaram os teus irmãos!
F: Dava para quantos carros?
R: Uma garagem inteira.
F: Ainda se fossem meninas...
As opções do Ronaldo falam por ele. Como mulher nunca me sujeitaria a ter um filho em que fosse excluída a minha participação maternal. Delírios são patologias e devem ser tratados como tal.
Tanta psicologia de pacotilha. Mas admiro a capacidade para se inventar diálogos entre pais e filhos, somos um povo dado à comédia e aos diagnósticos psicológicos à distância. Mas continuo a perguntar porque acham que as crianças irão ser infelizes.
Concordo em absoluto com o facto de estarmos perante os desmandos de quem está estruturado de uma forma patológicamente narcísica e tem poder para agir esses mesmos desmandos.
A realidade e a consequente interiorização da reciprocidade fariam compreender que há há certas artificialidades que não se recomenda serem postas em prática: é muito diferente a ideia subjacente a "mandei-te fazer", face a "adotei-te, porque..."
A nossa saúde mental depende em grande escala dos pais que temos e, pais autocentrados e egoístas são um mal relacional terrível, pois o egoísta normalmente é narcísico e este a única coisa que "ama" é a sua falsa autoimagem de grandiosidade, sendo a função dos outros sustentar esse castelo construido sobre terreno instável.
O comentário de ontem às 22:36 está do melhor!
Como mulher nunca me sujeitaria a ter um filho em que fosse excluída a minha participação maternal.
Perfeito, não se sujeite. Mas, deixe as outras mulheres que desejam sujeitar-se fazerem-no.
pais autocentrados e egoístas são um mal relacional terrível
Pela minha experiência pessoal, se todas as mulheres autocentradas e egoistas não tivessem filhos, então a natalidade decresceria uns bons 30% ou mais.
Como português e desportista, sou um enorme defensor do Cristiano Ronaldo. Admiro-o como atleta e pelo seu percurso de vida. Não digam mal do CR perto de mim que eu vou prontamente defendê-lo. Contudo, confesso que tenho refletido sobre esta opção que ele escolheu para ser Pai. Não é uma opção de carreira, de mudança de clube ou de posição no campo. É uma opção que envolve a vida de uma outra pessoa, nesta caso seu filho ou filhos. Uma coisa será adoptar uma criança e dar o direito de opção futuro dessa criança pretender conhecer os pais ou não. Outra coisa será ser pai ou mãe solteiro mas essa criança saber que tem um pai ou uma mãe mesmo que não o veja. Podendo optar, futuramente, em ter um relacionamento. Em poder perdoar alguma situações com a maturidade que a vida pode trazer. Ou não. Ou até poderá ser uma criança que cresça e seja educada no seio de uma família gay mas ela saberá sempre que existe um pai e uma mãe que o trouxeram ao mundo.
Agora, neste caso do CR, ceifa-se pela raiz a possibilidade dessa criança poder conhecer a Mãe. Isso é duro e nem todas as crianças terão poder de encaixe para entenderem isso facilmente. Vejo o CR com um lado meio Michael Jackson que está longe de me parecer saudável. Note-se que não me estou a referir a situações de abuso ou algo parecido - nunca. Mas a uma situação de egoísmo em que se compram filhos quase que por catálogo. Em que ele evita a figura da mãe das crianças porque pode atrapalhar a vida dele.
No campo conta a matemática fria dos golos mas a vida não funciona com matemática fria. A vida é sentimento e amor, quem não sente isso não está a viver. Está apenas a passar por aqui para colocar fotos no instagram....Parece-me que é um pouco isso que se está a passar.
Caro anónimo, quem lhe disse que "ceifa-se pela raiz a possibilidade dessa criança poder conhecer a mãe"? Quer elaborar? Meu caro, eu garanto-lhe que essas crianças têm mais possibilidades de vir a conhecer a sua mãe, do que o meu filho, adoptado, vir a conhecer QUALQUER um dos seus pais naturais. Continuo estupefacto. Já agora, aquele diálogo não só é inventado, o que nem é grave, como é inverosimil, o que, isso sim, é grave.
Boa malha oh Anónimo das 22:36! "F: Ainda se fossem meninas.." Sim, se ainda fossem!
Caro Anónimo das 20h57, muito telegráficamente, temos dois problemas relativos ao processo, um associado à probabilidade da personalidade dos "utentes" ser tendente à omnipotência, pessoas que necessitam de limites e às quais não é ideal que se alimente esse complexo de auto-endeusamento e, outro mais importante, ético, ao permitir-se que com uns valentes milhares ou milhões se façam crianças on demand, o que, entre outras questões, pressupõe que haja quem se "voluntarie" a correr os riscos potenciais de uma gravidez, apesar eu também não dar muito pela Saúde Mental de quem carregue um ou mais seres no ventre como se nada fosse. Aos anteriores somemos, para a criança, um problema relativo ao importante desenvolvimento intrauterino, o estar a ser gerado por uma pessoa que não lhe poderá dar, à cabeça, significado afetivo e isto é essencial ao bom desenvolvimento subsequente!
Que haja muita gente a procriar naturalmente que também não reúna capacidades afetivas para tal, não podemos por aí achar que tudo deve ser possível e que há muita bonomia em quem quer ter filhos e os manda fazer - não se compare à adoção.
Quanto ao diálogo não vejo qualquer gravidade, o humor (independentemente de maior ou menor refinamento) parte, muitas vezes, do inverosímil.
Lavoura, confio mais na humanidade, mas que anda por aí muita gente, que se acha o máximo do equilíbrio, a precisar de uns bons anos de chá de divã ou cadeira, há..
Errata:
e isto é essencial ao bom desenvolvimento subsequente!
Leia-se: "pode ser logo um prejuízo ao bom desenvolvimento subsequente!"
My bad!
Francisco,
Fiquei triste e indignado com o seu atrevimento, expresso no posting sobre a paternidade de Ronaldo.
Quem é o Francisco para fazer juízos de valor sobre a vida pessoal do Ronaldo. O que é que o Francisco sabe sobre as razões que levaram Ronaldo a escolher esta forma de paternidade?
O que é que o Francisco diria se um "comentador" qualquer, que nem o conhecesse, se atrevesse a fazer juízos de valor sobre as suas decisões de ter ou não ter filhos, desta ou daquela maneira.
Ás vezes menos é mais.
Saudações de
Alexandre Abrantes
Conta que, por causa dos problemas com o Fisco, o Ronaldo está com dificuldade em desalfandegar as crianças...
Caro Alexandre. Indignado? Por um post sobre uma figura pública que a toda a hora nos exibe as crias provenientes das suas opções em matéria de produção desses rebentos? Era só o que faltava que eu não pudesse emitir a minha opinião! Fi-lo e fá-lo-ei quando muito bem entender. Um abraço.
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