Não tenho posição sobre a questão da eutanásia. Tenho muitas dúvidas e muito menos certezas. Tenho, porém, duas certezas fortes.
A primeira é a que não quero esta discussão sujeita à demagogia de um processo referendário - esse infeliz instrumento populista onde as emoções, o "achismo" e as pressões ideológicas e irracionais têm o seu pasto preferido.
A segunda é a de que desejo que as pessoas que elejo para tomarem por mim as decisões legislativas - os deputados, o governo e o presidente da República, fiscalizados pelo Tribunal Constitucional em que ibstitucionalmente confio - recolham as melhores informações técnicas, comparem os melhores exemplos estrangeiros e, depois, decidam em consciência.
Mas, por favor, poupem-nos ao espetáculo de um processo referendário, essa infantilização caricatural da democracia. Esta é uma questão demasiado séria para ser deixada na mão de demagogos e de instituições arrebanhadoras de emoções.
9 comentários:
Está tudo irracional com as "fracturas esquerdistas animalescas".
Os Deputados não têm experiência em Eutanásia, pelo que vão discutir um assunto que não dominam.
Antes de discutirem, deveriam todos experimentar a eutanásia e depois sim, já com conhecimento do assunto podiam tomar uma decisão mais justa.
Ponto prévio: aquilo a que se convencionou chamar no debate "eutanásia" é, na verdade, o suicídio assistido. É matar uma pessoa por vontade e iniciativa dela, não por compaixão e iniciativa de outrém.
Discordo deste post. Sendo o suicídio assistido uma limitação a um direito fundamental - o direito à vida e a proibição de matar - faz para mim todo o sentido que seja referendado. Todos os cidadãos têm o direito a ter e exprimir a sua sensibilidade sobre o assunto. Não há "representação" que valha neste ponto.
Experimentar a eutanásia!
Tantos milhares de anos de humanidade e tão tolos que somos.
Básico, básico, vou delegar o quê? em quem?
Eu vou morrer e quero que me respeitem na hora da minha morte.
Comentário de Luís Lavoura , em linha com a "modernidade decadente"...
O que sabe do Universo, das regras que o movem ?
Ao menos haja um pouco de respeito por si próprio, como humano, que não sabe donde vem nem para onde vai.
Isso é como a religião . na hora da minha morte , se necessário quero poder escolher . se fôr a favor quero poder fazer sem que ninguém me possa disso proibir ...quem não fôr a favor não faz.
"suicídio assistido [é] uma limitação a um direito fundamental - o direito à vida"
Andamos a discutir a eutanásia quando devíamos era tornar obrigatória a lobotomia!
Para quem não se lembrar:
Testamento Vital - Um direito dos cidadãos
O Testamento Vital é um documento, registado eletronicamente, onde é possível manifestar o tipo de tratamento ou os cuidados de saúde que pretende ou não receber, quando estiver incapaz de expressar a sua vontade. O Testamento Vital permite, também, a nomeação de um ou mais procuradores de cuidados de saúde.
José Melo
Duas questões de resposta difícil:
- Uma é a questão da eutanásia ela própria
- Outra é a questão sobre a forma de tomar a decisão
Algumas achas para a fogueira:
- Não confio nos nossos representantes para decidirem sobre esta assunto e não estou disponível para lhes passar este cheque em branco.
- Mas, se de um lado chove, do outro faz chuva e deixar a decisão ser influenciada através do púlpito das igrejas é um mal ainda maior do que serem os deputados a decidir.
- Há matérias muito sensíveis em que legislar não é fácil, bem pelo contrário e, esta é uma delas...
- Manter uma pessoa viva artificialmente contribui em alguma medida para a dignidade do doente?
- A escolha, no limite, coloca-se entre a eutanásia e a distanásia. (A distanásia defende que devem ser utilizadas todas as possibilidades para prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento se torne demasiadamente penoso.
"O mundo é feito de mudança"
Como dizia o "outro": "Que fazer?"
José Melo
Eutanásia (do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte") é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.
Independentemente da forma de eutanásia praticada, seja ela legalizada ou não (tanto em Portugal como no Brasil, esta prática é considerada ilegal), ela é considerada um assunto controverso, existindo sempre prós e contras – teorias eventualmente mutáveis com o tempo e a evolução da sociedade, tendo sempre em conta o valor de uma vida humana. Sendo eutanásia um conceito muito vasto, tem-se aqui os vários tipos e valores intrinsecamente associados: eutanásia, distanásia, ortotanásia, a própria morte e a dignidade humana.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a eutanásia pode ser dividida em dois grupos: a "eutanásia ativa" e a "eutanásia passiva". Embora existam duas "classificações" possíveis, a eutanásia em si consiste no ato de facultar a morte sem sofrimento a um indivíduo cujo estado de doença é crônico e, portanto, incurável, normalmente associado a um imenso sofrimento físico e psíquico.
A "eutanásia ativa" conta com o traçado de acções que têm por objectivo pôr término à vida, na medida em que é planejada e negociada entre o doente e o profissional que vai levar e a termo o acto.
A "eutanásia passiva" por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. São cessadas todas e quaisquer ações que tenham por fim prolongar a vida. Não há por isso um acto que provoque a morte (tal como na eutanásia ativa), mas também não há nenhum que a impeça (como na distanásia).
É relevante distinguir eutanásia de "suicídio assistido", na medida em que na primeira é uma terceira pessoa que executa, e no segundo é o próprio doente que provoca a sua morte, ainda que para isso disponha da ajuda de terceiros.
Fonte: Wikipédia (mesmo assim, não deixa de ser um contributo para clarificar a essência do assunto)
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