quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Eutanásia

Não tenho posição sobre a questão da eutanásia. Tenho muitas dúvidas e muito menos certezas. Tenho, porém, duas certezas fortes.

A primeira é a que não quero esta discussão sujeita à demagogia de um processo referendário - esse infeliz instrumento populista onde as emoções, o "achismo" e as pressões ideológicas e irracionais têm o seu pasto preferido.

A segunda é a de que desejo que as pessoas que elejo para tomarem por mim as decisões legislativas - os deputados, o governo e o presidente da República, fiscalizados pelo Tribunal Constitucional em que ibstitucionalmente confio - recolham as melhores informações técnicas, comparem os melhores exemplos estrangeiros e, depois, decidam em consciência.

Mas, por favor, poupem-nos ao espetáculo de um processo referendário, essa infantilização caricatural da democracia. Esta é uma questão demasiado séria para ser deixada na mão de demagogos e de instituições arrebanhadoras de emoções.

9 comentários:

Anónimo disse...

Está tudo irracional com as "fracturas esquerdistas animalescas".

Os Deputados não têm experiência em Eutanásia, pelo que vão discutir um assunto que não dominam.

Antes de discutirem, deveriam todos experimentar a eutanásia e depois sim, já com conhecimento do assunto podiam tomar uma decisão mais justa.

Luís Lavoura disse...

Ponto prévio: aquilo a que se convencionou chamar no debate "eutanásia" é, na verdade, o suicídio assistido. É matar uma pessoa por vontade e iniciativa dela, não por compaixão e iniciativa de outrém.

Discordo deste post. Sendo o suicídio assistido uma limitação a um direito fundamental - o direito à vida e a proibição de matar - faz para mim todo o sentido que seja referendado. Todos os cidadãos têm o direito a ter e exprimir a sua sensibilidade sobre o assunto. Não há "representação" que valha neste ponto.

Anónimo disse...

Experimentar a eutanásia!
Tantos milhares de anos de humanidade e tão tolos que somos.
Básico, básico, vou delegar o quê? em quem?
Eu vou morrer e quero que me respeitem na hora da minha morte.

Anónimo disse...

Comentário de Luís Lavoura , em linha com a "modernidade decadente"...

O que sabe do Universo, das regras que o movem ?

Ao menos haja um pouco de respeito por si próprio, como humano, que não sabe donde vem nem para onde vai.

diogo disse...

Isso é como a religião . na hora da minha morte , se necessário quero poder escolher . se fôr a favor quero poder fazer sem que ninguém me possa disso proibir ...quem não fôr a favor não faz.

Anónimo disse...

"suicídio assistido [é] uma limitação a um direito fundamental - o direito à vida"

Andamos a discutir a eutanásia quando devíamos era tornar obrigatória a lobotomia!

José Alberto disse...

Para quem não se lembrar:

Testamento Vital - Um direito dos cidadãos
O Testamento Vital é um documento, registado eletronicamente, onde é possível manifestar o tipo de tratamento ou os cuidados de saúde que pretende ou não receber, quando estiver incapaz de expressar a sua vontade. O Testamento Vital permite, também, a nomeação de um ou mais procuradores de cuidados de saúde.

José Melo

José Alberto disse...

Duas questões de resposta difícil:
- Uma é a questão da eutanásia ela própria
- Outra é a questão sobre a forma de tomar a decisão

Algumas achas para a fogueira:
- Não confio nos nossos representantes para decidirem sobre esta assunto e não estou disponível para lhes passar este cheque em branco.

- Mas, se de um lado chove, do outro faz chuva e deixar a decisão ser influenciada através do púlpito das igrejas é um mal ainda maior do que serem os deputados a decidir.

- Há matérias muito sensíveis em que legislar não é fácil, bem pelo contrário e, esta é uma delas...

- Manter uma pessoa viva artificialmente contribui em alguma medida para a dignidade do doente?

- A escolha, no limite, coloca-se entre a eutanásia e a distanásia. (A distanásia defende que devem ser utilizadas todas as possibilidades para prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento se torne demasiadamente penoso.

"O mundo é feito de mudança"
Como dizia o "outro": "Que fazer?"

José Melo

José Alberto disse...

Eutanásia (do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte") é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.

Independentemente da forma de eutanásia praticada, seja ela legalizada ou não (tanto em Portugal como no Brasil, esta prática é considerada ilegal), ela é considerada um assunto controverso, existindo sempre prós e contras – teorias eventualmente mutáveis com o tempo e a evolução da sociedade, tendo sempre em conta o valor de uma vida humana. Sendo eutanásia um conceito muito vasto, tem-se aqui os vários tipos e valores intrinsecamente associados: eutanásia, distanásia, ortotanásia, a própria morte e a dignidade humana.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a eutanásia pode ser dividida em dois grupos: a "eutanásia ativa" e a "eutanásia passiva". Embora existam duas "classificações" possíveis, a eutanásia em si consiste no ato de facultar a morte sem sofrimento a um indivíduo cujo estado de doença é crônico e, portanto, incurável, normalmente associado a um imenso sofrimento físico e psíquico.

A "eutanásia ativa" conta com o traçado de acções que têm por objectivo pôr término à vida, na medida em que é planejada e negociada entre o doente e o profissional que vai levar e a termo o acto.

A "eutanásia passiva" por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. São cessadas todas e quaisquer ações que tenham por fim prolongar a vida. Não há por isso um acto que provoque a morte (tal como na eutanásia ativa), mas também não há nenhum que a impeça (como na distanásia).

É relevante distinguir eutanásia de "suicídio assistido", na medida em que na primeira é uma terceira pessoa que executa, e no segundo é o próprio doente que provoca a sua morte, ainda que para isso disponha da ajuda de terceiros.

Fonte: Wikipédia (mesmo assim, não deixa de ser um contributo para clarificar a essência do assunto)

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...