sábado, fevereiro 11, 2017

Acordo & desacordo

("Por que é que te vais meter, uma vez mais, nesse vespeiro que é a discussão sobre o Acordo Ortográfico?", comentou ontem um amigo a quem disse que ia escrever sobre o assunto. "Porque não quero dar razão a quem acha que tenho vontade de ser consensual", respondi-lhe.)

Concordo com o que Augusto Santos Silva disse sobre o Acordo Ortográfico - um tratado internacional aprovado pelo governo português, aprovado esmagadoramente pela Assembleia da República, ratificado pelo presidente da República e com os instrumentos de ratificação devidamente depositados. Um instrumento jurídico que está, desde há vários anos, em vigor na ordem jurídica portuguesa, adotado no ensino oficial, usado pelos serviços do Estado, por muita comunicação social e por milhões de cidadãos - entre os quais me incluo.

Reconheço que há quem não goste do Acordo. Estão no seu pleno direito e ninguém, aliás, os obriga a orientarem-se pelas suas regras. Mas não admito argumentos de autoridade - por exemplo, atirarem-nos à cara com os escritores que se recusam a adotá-lo. Em democracia não há "assinaturas" qualificadas, vozes que têm mais peso do que as de outros. Era só o que faltava!

É sabido que a história dos anteriores acordos ortográficos passou também pelo seus contestatários, pessoas a quem as mudanças provocaram seguramente dores de cabeça (seguramente curadas com algo comprado nas "pharmácias"....) Os acordos, como sempre se provou, são feitos para as gerações seguintes. Ninguém gosta, naturalmente, de mudar a maneira como aprendeu a escrever. 

Custa-me dizer isto, mas acho que o militantes anti-Acordo se estão progressivamente a assemelhar aos nossos monárquicos, promotores obstinados de uma causa que, embora já perdida, entendem dever continuar a alimentar. Desejo-lhes idêntica sorte.

(Vá! E agora, quem quiser pode desancar-me com paletes de consoantes mudas e de telhas circunflexas de que sentem tantas saudades...)

48 comentários:

João Cabral disse...

«Mas não admito argumentos de autoridade - por exemplo, atirarem-nos à cara com os escritores que se recusam a adotá-lo. Em democracia não há "assinaturas" qualificadas, vozes que têm mais peso do que as de outros. Era só o que faltava!»

Francamente! Então não há opiniões mais abalizadas do que outras? Especialmente em matérias científicas, como esta? Realmente, era só o que faltava! Que pobre argumento.

dor em baixa disse...

Consoantes mudas, isso mesmo. Pena não ter sido aproveitada a oportunidade para as eliminar também no início das palavras. Fica para o próximo. Gostaria de escrever ómem, Élder, Umberto como os italianos já fazem, pese embora a sua maior proximidade à língua latina.

Anónimo disse...

La esta o tipo que ainda nao se deu conta que ha coisas que na coisas que nao sao aprovadas por cima, sao aprovadas por baixo, é o povo que as decide.

Esse jeitinho de piadola autoritaria saiu cara a europa. Mas continue, continue, força... de certeza que o ps e vexa so ficam a ganhar com comentarios do género, façam mais, boa.


José Alberto disse...

Não é preciso desancar no Francisco, nem o deveria ser em ninguém mas quem quiser basta que aponte as suas baterias, sobretudo, contra Malaca Casteleiro. Ele foi o pai de uma criança que nasceu com uma mal formação... Foi um parto difícil porque não foi umm parto natural. Foi um parto com intereresses económicos e, eventualmente, outros.
Que mal teria escrevermos "pharmácia" como os franceses? Que mal viria à língua portuguesa se nada se tivesse feito? Os ingleses e os americanos alguma vez sentiram necessidade de fazer um acordo ortográfico entre eles, com os australianos, canadianos e assim...? Não. A língua que falam e como falam tem diferenças, mas falam e entendem-se na mesma! Tal como nós sempre nos entendemos com os povos dos paíse que foram colonizados por Portugal.
A existência uma uma eventual falsa necessidade de fazer um acordo ortográfico, ultrapassa a minha capacidade de entender a sua razão de ser. Ignorante dirão alguns. Seja, se isso os deixa felizes. Admito algum gosto de Malaca Casteleiro pelo protagonismo, coisa a que o povo costuma designar por vaidade. Não precisava de fazer isto para ficar na história. Admito que o AO possa ter razões comerciais encapotadas. O que se ganhou com isto? As exportações aumentaram por causa do AO?
Dos cerca de 200 milhões de falantes, nós somos a gota de água no oceano. O negócio foi bom para os brasileiros. Eles sim, espalhados pelo mundo com a sua capacidade de infiltração e com os seus nacionais que andam pelo mundo a ensinar o português deles do Brasil. Porque? Porque o estado português nunca desenvolveu uma política de coerente de expansão da língua e do seu ensino no exterior, tal como o fizeram os francese e os ingleses através de institutos próprios criados para o efeito. E, por favor, não mevenha falar no Instituto Camões. Em que medida é que o estado português incentivou o ensino de português no estrangeiro? Só se foi não atribuindo verbas e professores na quantidade necessária para que, sobretudo em França, a língua portuguesa fosse adulterada pelos emigrantes que falam uma coisa tipo francesol. Falam assim em casa e é "agradável" e hilariante se não fosse triste, ouvi-los a falar com os filhos e com os amigosquando estão cá durante as férias de Verão... Mete dó ouvi-los.
Muito já foi dito sobre o assunto e esgrimidos argumentos, entre as duas partes, por gente mais sabedoura do assunto do que eu. Mais haveria ainda para dizer sobre o assunto. Mas como hoje é Sábado e o dia em Peniche acordou com o Sol a brilhar, coisa rara, bom para se aproveitar e dar um passeio à beira mar. O acordo ortográfico não me tira o sono e cada um que escreva como lhe aprouver. Francisco, votos de um bom fim-de-semana. JAGMELO

Ps: Não reli o texto que foi escrito ao correr das teclas. Por isso espero não feito muitas trocas de letras, espero que aqui além não faltem palavras e espero também que todos tenham conseguido ler o que escrevi. Obrigado.

Anónimo disse...

Ó meus amigos linguistas, vestais protetoras da língua pátria, explicai-me uma coisa como se eu tivesse só a terceira classe das antigas. Que diabo realmente vos afeta o acordo? Eu continuo a escrever à mão como sempre escrevi e não fui preso e quando escrevo ao computador, a máquina faz a correção. O meu filho que anda na escola aprende pelo AO e anda normal. Espero que não venha a ter problemas metafísicos por causa disso e que cresça bom rapaz, ganhe a vida e se faça entender pela vida fora.
Mas será que os nossos literatos não entendem que o próprio Fernando Pessoa os desancaria se os visse a escrever com a grafia com que escrevem? Ou não saberão do que falo?
No resto, a ignorância, a estupidez e a incapacidade de expressão escrita, perdoem-me a franqueza, vai tão bem com consoantes mudas, como sem elas.

Unknown disse...

Em Democracia nada é definitivo, com a excepção da própria Democracia. Daí que seja absolutamente legítimo retomar a discussão, sobretudo tendo em conta o objectivo que lhe está subjacente, ou seja, com vista a melhor o que nasceu mal e torto, pela mão dessa criatura, o Malaca Casteleiro. Quem está encarregue de propor as correcções que se impõe ao AO é gente séria, capaz, digna e profissional. E com boas intenções. Já a posição de Augusto Santos Silva foi, no mínimo, deplorável, porque autoritária e não revelando qualquer respeito pela discussão que tinha havido, nem pelos seus interveniente, ao falar sobre o assunto logo após (cerca de 2 horas depois). Resta saber se falou por si, ou com a autorização do PM. Mas, vindo dessa figura, Augusto Santos Silva, tais declarações não nos devem admirar, pois já nos vamos habituando a certas atitudes do indivíduo, como foram aquelas do passado, quando era Ministro de Sócrates e dizia que “era preciso malhar na oposição”, ou quando recentemente se referiu às negociações da concertação social como “discussões de vendedores de feira de gado”.
Nesse sentido, se ainda houver gente lúcida no Parlamento, talvez se consiga corrigir o Ao e deste modo salvar a Língua de Camões, que tão maltratada ficou com as fantasias do Casteleiro. E corrigir não é rasgar, é melhorar.

Anónimo disse...

João Cabral,

Tanto há uns argumentos e opiniões mais abalizadas do que outros menos válidos que, para ir contra quem usa e estuda a língua, o embaixador se foi estribar num tal "tratado internacional aprovado pelo governo português, aprovado esmagadoramente pela Assembleia da República, ratificado pelo presidente da República e com os instrumentos de ratificação devidamente depositados."

Anónimo disse...

arquitetas ou arquitectas ?

Ninguém pára o Costa ou Ninguém para o Costa ?

Carlos Diniz disse...

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam. Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.
É um fato que não se pronunciam. Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se? O que estão lá a fazer? Aliás, o qe estão lá a fazer? Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.
Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.
Simples não é? se o som é “s”, escreve-se sempre com s. Se o som é “z” escreve-se sempre com “z”.

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k”.

Carlos Diniz disse...

Não pensem qe me esqesi do som “ch”.
O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”. Alguém dix “csix” para dezinar o “x”? Ninguém, pois não? O “x” xama-se “xis”. Poix é iso mexmo qe fiqa.

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex. Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex. O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural.

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j”. Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”. Para qê qomplicar?!?
Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”. Serto? Maix uma letra muda qe eliminamox.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem! Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex? Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox. Ox asentox só qompliqam!
Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox.

A qextão a qoloqar é: á alternativa? Se não ouver alternativa, pasiênsia.

É o qazo da letra “a”. Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado. Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax.
Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax vezex lê-se “u” e outrax, ainda, lê-se “ô”. Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso! Para qe é qe temux o “u”? Para u uzar, não? Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil! Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza: quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”. U mexmu para u som “ê”. Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i”. I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”.
Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx”.
Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?

Luís Lavoura disse...

Concordo totalmente com este post.

Anónimo disse...

«Vá! E agora, quem quiser pode desancar-me com paletes de consoantes mudas e de telhas circunflexas de que sentem tantas saudades...» — com estas palavras irónicas fecha o meu amigo Embaixador Seixas da Costa o seu remoque contra os anti-acordistas. Eu não o vou desancar, descanse. Pelo contrário — e não sendo, nem de longe, monárquico ¬—, desejo-lhe uma digestão feliz das consoantes ditas mudas (que o não são, aliás) e dos acentos circunflexos que os acordistas passaram ao estreito com a ligeireza de quem come camarões da costa. Abraço. Pires Cabral.

Anónimo disse...

Espetador ou bandarilheiro??

José Alberto disse...

David Lencastre, de vez em quando faz bem chamar os bois pelos nomes. De facto, Augusto Santos Silva(ASS) não passa de trauliteiro autoritário. Embora com características diferentes, entre ele e Malaca Casteleiro (MC), venha o diabo e escolha. já agora aproveito para dizer que também pode ficar com os dois e levá-los para onde quiser. Ou seja podem ir para o diabo que os carregue pela mão do próprio diabo.

Não vale a pena diabolizar pessoas, nem o próprio acordo ortográfico. A língua evoluirá conforme as próximas gerações quiserem e a polémica em torno do AO é uma boa maneira para ajudar a passar o tempo ou para distrair os distraídos das qustões essenciais que, essas sim deveriam ser objecto de reflexões profundas.

Quando já cá não estivermos e se me for dada a possibilidade de reencarnar, gostaria de voltar a nascer em Portugal para ver como os jovens de hoje irão tratar da saúde à língua portuguesa e como irão falar amanhã. Aquilo que se vê e se ouve, não parece ser nada animador... bfs para todos

Anónimo disse...

Ninguém para o acordo...

RCF disse...

Ninguém para o acordo... ou ninguém para o acordo?

Anónimo disse...

Ninguém para o acordo... ou ninguém para o acordo?

Anónimo disse...

Senhor Embaixador

Subscrevo por inteiro tudo o que escreveu neste postal
A língua falada precede, até cronologicamente, a língua escrita. A defesa do português exige uma só ortografia em todos os países que o têm como língua.
Vi hoje, na página 34 do «Expresso», como foi assumida a recente posição do professor Artur Anselmo. Não dignifica ninguém e põe em causa a própria Academia das Ciências.

José Neto

Luís D. Santos disse...

Acho que o Acordo não contou com o étimo das palavras e gerou uma grande confusão.

Anónimo disse...

José Neto tem sérios problemas de compreensão daquilo que escreve.

Até consegue escrever frases cujo conteúdo da primeira parte se zanga com o da segunda.

Então o bacano não está primeiro convencido de que "a língua falada precede a língua escrita" para depois concluir que " a defesa do português exige uma só ortografia"?

O próprio ainda se há-de explicar como é que pretende conciliar os portugueses falados de modo díspar em cada um dos países de língua oficial portuguesa com uma ortografia única.

Mistérios da filologia.

arber disse...

Parabéns Carlos Diniz, fez uma irónica e belíssima demonstração do ridículo e absurdo objectivo confessado para o AO, que foi o de instituir uma ortografia oficial única da Língua Portuguesa.
É de rir, de facto, de tal objectivo, quando vemos a imensidão de casos em que se manteve a dupla grafia, lembrando-me sempre, por exemplo, da palavra receção/recepção.
Pois não é ridículo estar aqui a escrever e o corrector do blog me assinalar erro na palavra recepção, que é a correctíssima forma brasileira da nossa actual e portuguesíssima "receção"?!
Aliás, sugiro a quem estiver interessado uma rápida consulta às actas/atas da CPLP, onde encontrará as várias versões da língua portuguesa, agora com uma pretensa grafia oficial única, devidamente uniformizada, mas em que cada relator parece escrever conforme a versão que mais lhe agrada.
Versão oficial única? Francamente!

Anónimo disse...

Tudo serve para reiterar a superioridade dos excelsos politíccos que eram "politizados" antes de 1974 e os outros a quem se podem chamar "profanos".
Isto mais parece a oposição entre os pretensos sabidos e os pretensos ignorantes.
Que pensará a gente nova, hoje, a qual se está totalmente marimbando para quem é ou não politizado, sobre Acordo Ortográfico, do qual também não sei o que a História irá reter.
Será tudo isto uma questão da CPLP?? se for é bastante pouco para tudo isto.

José Alberto disse...

Mais tarde ou mais cedo as mudanças vão acontecendo. Sempre assim foi, sempre assim será.
Acredito que, com AO ou sem ele, a língua portuguesa seguirá o caminho que os seus falantes, jovens, cotas, linguístas, eruditos e similares optarem. Se a mudança for no sentido dos actuais jovens falantes, não haverá AO que resista à velocidasde desta via transformadora e evolutiva. Cada vez se escreve pior e cada vez se fala pior. Se até os deputados dizem "hádem de" e outras barbaridades de igual calibre, que significado tem a larga maioria de quem aprovou o AO? Só se for para receber o dinheiro das senhas de presença e almoçarem principescamente, a preço de saldo, as comidas que a maioria dos portuguesen não tem a possibilidade de comer, cheirar ou sequer ver.

Boa noite a todos e bons sonhos.
Quem sonhar com Acordo Ortográfico terá pesadelos.

José Melo

Anónimo disse...

O que está mal deve ser corrigido. O acordo é uma desgraça e devia ser abandonado.

Por mim continuarei acescrever com a grafia antiga.

Anónimo disse...

Não tenho qualificações para me pronunciar sobre o fundo da questão. Por iss talvez vejo o acordo como uma convenção, que aliás mudou várias vezes. Ao pé de minha casa há ainda um anúncio que diz "É prohibido affixar anúncios". Como terá sido o debate quando caíram o 'h' e os 'ff '?
Fernando Neves

Anónimo disse...

Como muito bem sabe meu caro Embaixador um Tratado Internacional só entra em vigor depois de ratificado por todos os subscritores. Angola e Moçambique não o ratificaram. A resolução do Conselho de Ministros que o aprovou é inconstitucional, aprovou um Acordo que não está em vigor na ordem jurídica internacional. Além do mais contraria princípios e direitos consagrados na Constituição.

Francisco Seixas da Costa disse...

O Anónimo da 1.54 devia informar-se melhor. Nem o que disse é a regra, nem esse é o caso deste Acordo, cuja entrada em vigor, explicitamente, não depende da ratificação unânime.

Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 1
"Não há ortografia oficial da língua portuguesa"

Se não há uma ortografia oficial, com que direito é que um professor corrige (e penaliza), um aluno quando este escreve de forma diferente?

Com que direito se impõe a um funcionário que adote uma determinada grafia?

Com que direito o Estado faz acordos e convenções repeitantes à grafia?

Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 2
"Ninguém para o acordo"


Andam os anti muito preocupados com a confusãozinha que irá nas suas cabeças com a abolição do acento em "Para lá com isso!".

Não vale a pena explicar-lhes que uma ordem de paragem geralmente implica uma pontuação própria e - até -, uma construção da frase diferente...

"Para a Joana"
"Para, Joana!"

Mas talvez seja mais fácil perguntar-lhes por que razão se escreve "cara", "tara", "vara", "rara", "Sara", "Lara", "Mara" e, no caso de "para [de chatear]", é preciso um acento... É para não confundir com "para [ti]", dizem. Mas, então, não é o "para [ti]" que é a exceção? É!!! E com isto havia duas exceções: "pára" (que ia contra a regra) e "para" (que devia de levar um acento para fechar o "a"). Mas, com estas incongruências nunca se preocuparam...

Os mais birrentos dirão "não existe nenhuma palavra 'câra' ou 'râra'". Verdade. Mas, e frases como?...

"Selo a carta com o meu selo pessoal"
"De moto próprio fui de moto"
"Gosto deste livro que me deste. Já leste aquele sobre a Europa de Leste?"

Isto nunca os confundiu, catano???!!!

Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 3
"O acordo não une, afasta"


Inicialmente, uma das grandes oposições ao AO era a enorme quantidade de palavras (diziam eles), que iriam ser mudadas. Agora, o problema é que há algumas que ficaram diferentes...

Quando milhares de palavras eram escritas de forma diferente, isso não era um problema porque a "diversidade é uma riqueza" (ainda haverá de nascer a pessoa que me explicará onde está a riqueza da bagunça que é "cada um" escrever à sua maneira...); agora, que milhares de palavras se passaram a escrever de forma igual, o acordo "afasta" porque há meia dúzia de termos que ficaram diferentes...


Por outro lado, alguns mais refinados, dizem que as pequenas diferenças (acompanhadas da ignorância promovida pelas mentiras inicialmente lançadas - contato, fato, etc.), geraram uma nova variedade própria de Portugal. Que raio! Então, não eram eles que defendiam a riqueza na diversidade?! Se assim fosse, só tínhamos ficado mais... "ricos", ou não?


Esta gente não tem vergonha ou acha que somos todos imbecis?!

Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 4
"As consoantes mudas"


Vamos lá ver uma coisa: as consoantes são "mudas" porque não são lidas pelo valor que representam. O facto de terem inventado uma nova função para os caracteres quando eles deixaram de ser lidos, não os torna "falantes".

(olhem..., lembrei-me agora que "pegada [à parede]" e "pegada [na areia]" se escrevem da mesma forma. Os "anti" nunca se baralharam? Adiante...

Os cezinhos e pezinhos existem como resquício do tempo em que eram ditos (como são em castelhano, francês, inglês...) - apenas lhes mudaram a função. Onde deixaram de ser lidos, desapareceram (como no italiano e no português). E dizem os "anti" - e como é que se sabe que é para abrir as vogais? Ó meus amigos... então vocês passaram a dizer "bâtista" ou "bâtizado" quando - em meados dos anos 80 -, se deixou de escrever o pezinho?! Até esta coisa da correção ao acordo agora proposta contempla a manutenção da ausência do "p" em Batista!!!

A própria Academia das Ciências admite que a ausência do "p" em "Batista" e "batizado" não causou qualquer problema. Anda tudo a escrever sem "p" há mais de vinte anos e ninguém se baralhou!!! Porque razão, agora, isso iria acontecer???!!!

Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 5
"A etimologia"


Há quem ache que a grafia das palavras deve de obedecer à etimologia. Mas são as mesmas pessoas que usam contra o AO o argumento de que "a língua evolui mas não é por decreto". Pois não... é mais pelas alterações impostas pela ignorância. Adiante. A "língua evolui" (entenda-se a grafia) mas - pelos vistos -, deve de obedecer à etimologia. Ora, isto é uma coisa curiosa: por um lado, altera-se naturalmente a forma de escrever mas, por outro, deve-se manter a ligação ao passado. Absurdo? É... mas 99% dos argumentos anti-AO são isso mesmo.

E - já agora -, que momento da História é que devemos de fixar como o modelo a seguir? A escrita de Fernando Pessoa? A escrita de Eça de Queirós (originalmente Queiroz - que destruição da língua, meu Deus!). A escrita da Marqueza de Alorna (originalmente marqueZa)? A escrita de Camões (originalmente LuiZ de Camoens ou Camo~es - nem dá para escrever o til sobre o "e"...), a escrita do tempo de D. Dinis (mais uma vez... DiniZ)? Qual? Qual é que é o momento em que a etimologiazinha era sagradamente respeitada? Há resposta? É claro que não! E língua evolui, não é?!


Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 6
"O afastamento das línguas românicas"


António Pedro Vasconcelos (esse "vai a todas" dos abaixo assinados), afirmou recentemente só agora ter acordado para o problema do AO. Uma pessoa que dorme durante vinte e seis anos não tem sono, está em coma! E, como é próprio destes casos, quando acorda, está baralhada.

Mais baralhada fica qualquer pessoa que goste de pensar pela própria cabeça quando APV nos lança finas pérolas de pensamento como "O AO afasta-nos das outras línguas românicas" (para logo adiantar a exceção do "italiano").

Vejamos: o AO serve para nos aproximar de 180 milhões de pessoas que falam português mas os anti-AO preocupam-se com isso nos afastar daqueles que falam línguas... estrangeiras!

Entendamo-nos: "Está tudo doido?!" escrevia-se exatamente da mesma forma no tempo de Eça, Pessoa, Aquilino ou... APV. Não há confusões possíveis, portanto.

Anónimo disse...

TRETA ANTI-AO nº 7
"As pessoas com autoridade"


Eu não percebo nada de astrofísica. Stephen Hawking, torto e a falar por uma máquina cala-me só por existir. Mas a língua que eu falo desde que nasci é uma "ciência" da qual eu sei tanto quanto os outros. Estudo-a e pratico-a 24h por dia. E não é por não escrever rimas ou gostar de alinhavar histórias como modo de vida que eu admito que em qualquer discussão sobre a minha língua, eu tenha de estar derrotado à partida por não pertencer à "gente culta". Estas tendências elitistas e cagonas do letrado que se acha superior aos outros porque lê as obras certas e se preocupa com os temas do espírito podem ser boas para enganar papalvos mas, comigo, não!

Qualquer advogado ou juiz escreve num dia mais do que muitos escritores num ano. Professores, jornalistas... - até publicitários -, fazem da língua a sua ferramenta intensiva de trabalho e não têm de se rebaixar perante qualquer poetazeco ou contador de histórias! Nem eles, nem qualquer pessoa minimamente culta!!!

E se a questão dos "letrados" não colhe, muito menos colherá a dos "notáveis benfiquistas"...

Já agora, os anti-AO nunca se baralharam com a semelhança entre "colher [de chá]" e "colher [os cereais]"? A frase "Vou pegar a colher para colher as borras" não os deixa todos sem jeito? Parece que é só o "para"...

Anónimo disse...

O sujeito que para aqui vem a estafada piadola do Ricardo Araújo Pereira sobre as "arquitetas", antes do AO nunca sentiu necessidade de dizer "As arquitectas são umas estetas"???

Se calhar é daqueles que apenas se limita a ir atrás do que os outros dizem...

Anónimo disse...

Esse exemplo do "Para a Joana", do anónimo da Treta foi infeliz. Pára a Joana é uma ordem, ordem para a mandar parar. Daí fazer sentido o acento no "a" e se dever escrever Pára (a Joana) e não Para a Joana, que este estúpido AO assim permite e só confunde.
a) "Anónimo da Hora do Almoço".

José Alberto disse...

Queria felicitar o Sr. Carlos Diniz pelas duas excelentes intervenções, nomeadamente quanto ao conteúdo, imaginação, humor de fino gosto, trabalho na elaboração dos textos e coerência na aplicação da sua ideia.

Apenas brilhantes os seus escritos.

Se não tiver objeccções, tenciono copiar ambos os textos e enviá-los a alguns amigos, fazendo referência ao autor e ao blog onde foram publicados.

Francisco S. Rodrigues disse...

Agradeço o serviço público prestado pelo Senhor Embaixador e por alguns comentadores, nomeadamente o "Tretas Anti-AO".

A postura de quem defende uma causa de "pau oco" dá para todo o tipo de tolices como o desplante de atribuir aos jovens uma série de vilanias contra a Língua Portuguesa, quando basta navegar um pouco pelos lugares comuns da Internet para percebermos que os maus tratos à Língua são crónicos e derivados do analfabetismo que reinou até bem tarde.

Estes exemplos do para (forma do verbo parar)/para (preposição) são de valor anedótico, porque as frases não podem surgir descontextualizadas.
Com exemplos tão absurdos, estamos conversados quanto à competência dos salvadores da Língua de Camões.

PS: Se há coisa que saúdo no AO90 é o facto do acento em "para" ter "virado presunto", sempre o achei um horror estético.

Isabel Seixas disse...

Concordo com o acordo ortográfico e com a simplificação da língua escrita.Gosto deste post, é simplesmente terapêutico para carentes de paradoxos de efeito catártico.
Bem pensado o comentário de dor em baixa.
De qualquer forma é por que sim e na base da montanha pariu um rato,nitidamente uma discussão de atribuição de sexo aos anjos, descansem são masculinos...

Anónimo disse...

O anónimo "12 de fevereiro de 2017 às 13:22" não conseguiu perceber uma coisa simples: "Para a Joana" significa "Oferta para a Joana", muito diferente de "Para, Joana!", que é uma ordem, conforme indica a pontuação.

Sugiro que pense, da próxima vez...

Anónimo disse...

https://causa-nossa.blogspot.it/2017/02/assunto-encerrado.html?m=1

José Alberto disse...

Tal como o Acordo Ortográfico:
"Na minha próxima vida, quero viver de trás para frente.
Começar morto, para despachar logo o assunto.
Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia
Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.
E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo." Woody Allen

Anónimo disse...

O anónimo das 21.07 foi buscar um exemplo infeliz. Vital Moreira é da mesma escola trauliteira que ASS. No fundo, os defensores do absurdo - esta produto do Casteleiro - revelam um medo que já não escondem relativamente à mera possibilidade de o AO poder ser revisto. Oxalá o venha a ser com vista à introdução das correcções que se impõe. Tão só isso.

Anónimo disse...

O esquema manhoso dos anti-AO é muito simples: aproveitar a comunicação social.

A cada abaixo assinado (vamos em quantos? 1200?), já se sabe que todos os os jornais irão fazer artigos, os sites irão republicar textos, as televisões irão entrevistar uns quantos marretas e os programas de rádio com participação de anti irão abordar o assunto. Um bom exemplo disto é o Governo Sombra onde o Mexia e o Araújo Pereira todas as santas semanas se referem ao assunto.

E se não há abaixo assinado, há um processo qualquer em tribunal cujo resultado é o mesmo: não dá em nada mas lá se criam uns quantos artigos e reportagens.

Depois, arranja-se petições online. Como o ritmo da internet exige notícias frescas a cada cinco segundos, qualquer patego que no seu quartinho crie uma petição e peça à família para a "assinar", imediatamente tem tempo de antena num site. Como um dos cancros do nosso tempo é o facto de os agentes da CS andarem todos a copiarem-se uns aos outros, o "êxito" está garantido.

Mas, verdade seja dita. Se se compreende que os defensores do AO faltem aos debates (como se queixava o Pedro Mexia) - afinal de contas, as pessoas sabem com o nível com que vão contar -, já é mais difícil que os promotores do AO (como a máquina diplomática), não se cheguem à frente e deixem o campo livre aos disparates "anti".

Enfim, a caravana passará.

Anónimo disse...

Leram, acaso, o artigo de Malaca Casteleiro, Verdelho & C.ª no Expresso de sábado Passado? Que tristeza! Poder-me-á o Sr. Embaixador informar se, nas calendas gregas, o Centro de Estudos Linguísticos colaborou na trapalhada do Acordo, promovido por Malaca? De quem se rodeou Malaca? Da dita "especialista" em língua Edite Estrela? Quem foi que, em nome do vil metal, vendeu um dicionário de Língua Portuguesa a um editor quando os direitos pertenciam a outro?
Sabem, acaso, que esse senhor tão probo foi condenado em tribunal?Tilintaram escudos e euros... Já agora, o Sr. Santos Silva escreva como se fala na sua terra (Biba o Puert)e também o beirão sr. Malaca.Concluo dizendo que os correctores ortográficos não corrigem tudo (erros de simpatia)e que, em questões automobilísticas, o sr. da oficina tem mais voto na matéria do que eu, mas que em matéria linguística, os peritos desta área estão mais habilitados do que o sr. da oficina. Confesso-lhe, sr. embaixador, que não captei esse tão seu científico argumento. O sr. sabe de assuntos europeus,eu não. Mas não ponho em bicos de pés para pretender ter o mesmo conhecimento e ter uma opinião de igual peso. Há que ter alguma humildade e saber a seara em que se ceifa.

Anónimo disse...

Informa-se o sabichão indignado "14 de fevereiro de 2017 às 10:16" que, no Porto, não se diz "Puerto" mas sim "Puârto". O mínimo que se espera de um "especialista" é que saiba da seara em que ceifa. Ou não conhece o sotaque ou não o sabe escrever!

Jorge Afonso disse...

Em matéria de acordos, internacionais ou não, não vou agora pronunciar-me mas em matéria de plágios vou e serei veemente: alguém que assina comentários como Carlos Diniz quis ser engraçadinho e mais não foi do que um reles mistificador e plagiador, alguém que plagiou textos de outrem como sendo seus e, pior, até recebe elogios sem se desmascarar. Ora, a sua pretensa originalidade não lhe pertence, como se poderá ver no original que está aqui e que é mesmo daqui: http://abibliotecadejacinto.blogspot.pt/2009/08/o-acordo-ortografico-e-o-futuro-da.html.

MCA disse...

Pois, Carlos Diniz, o seu comentário tem autor, como o comentador acima bem notou. Obrigada ao Jorge Afonso.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...