Entendo o prazer que Marcelo Rebelo de Sousa deve ter tido ao encontrar-se com Fidel de Castro, durante a sua visita a Cuba. Ele pertence a uma geração para quem as referências da História são importantes, independentemente da lateralização ideológica das figuras que a encarnam. Por isso, poder falar, ainda que no seu ocaso, com um dos protagonistas do mundo contemporâneo, deve ter sido uma experiência marcante. De certo modo, invejo-lhe esse momento, não obstante Fidel não ter nunca feito parte das minhas mitologias.
Castro e a revolução cubana
foram um expoente para uma certa geração radicalizada que antecedeu a minha –
que é, aliás, a mesma de Marcelo. A heroicidade da luta contra o agressor
“yankee”, que tentava limitar o grito de liberdade saído da Sierra Maestra e
que se empenhava em suportar sinistros déspotas, por toda essa América Latina
sujeita à tutela cínica da Doutrina Monroe, foi uma bandeira que excitou as
várias esquerdas mundiais. E também por cá.
Cuba, depois, foi o que foi.
De um farol de liberdade, que Guevara ainda tentou exportar, transformou-se
numa ditadura triste, em grande parte prolongada graças ao alibi dado pelo
bloqueio americano, o qual, aos olhos benevolentes de alguns, lhe absolve todos
os pecados.
Raramente tive uma
experiência tão desagradável, como turista, como quando há uma década, sem
guias nem mentores, passeei pela pobreza das ruas de Havana, então uma cidade
de gente sem esperança, a que nem a graça que alguns acham à decadência dava
alguma franca alegria.
Fidel libertou os cubanos do
bordel dos Estados Unidos em que Baptista convertera o país, mas prendeu-os num
pesadelo de vida que condenou gerações à penúria. E não me venham com a
conversa do “orgulho” nacional, como se isso pudesse alguma vez substituir a
possibilidade de dizer, alto-e-bom-som, podendo também escrevê-lo fora do
“Granma”, o que se pensa, bem ou mal, dos dirigentes, que se querem eleitos e
contrastantes.
A vida ensinou-me a deixar de
ser complacente com a crueldade dos sonhos radicais, do “socialismo real” do
Leste europeu a todos os modelos que relativizam o interesse em preservar as
liberdades “burguesas”, reféns de amanhãs que o tempo veio o provar ser,
infelizmente, muito similares o outros “ontens” que quero esquecer.
Para mim, guardarei para
sempre o olhar triste daquela pintora cubana, uma mulher jovem, num subúrbio de
Havana, que me contava ter vendido quadros seus em exposições nos Estados
Unidos, e a quem, inadvertidamente, perguntei se tinha gostado da viagem: “Eu?
Eu não fui! Eu não posso sair daqui. Eu nunca vou sair daqui...”. Aquele
desencantado e nem sequer revoltado “nunca” marcou-me para sempre.
(Artigo que hoje publico no "Jornal de Notícias")
10 comentários:
Ainda ontem falei com uma pessoa que esteve muito recentemente em Cuba. Diz que foi uma experiência a não repetir, pois que ficou chocada, não somente com a pobreza (essa, ela já a tinha visto alhures), mas sobretudo com a cultura de mendicidade e o hábito repetitivo e persistente de os cubanos pedirem gorjetas por tudo e por nada.
Mas o que é que o presidente da República tem a ver com este seu desabafo?
São os cubano sa pedir gorjeta por lá e os empresários e banqueiros a pedirem subsidios por tudo e por nada por cá. Há e para além dos subsidios que recebem por cá ainda gostam de fazer uns pequenos desvios que depois o zé povinho é que paga. ó senhor das Lavouras, vir cá agora com essa conversa. Tenha pena de nós.
"28 de outubro de 2016 às 14:24" é o típico comuna que, quando alguém aponta um defeito aos seus "paraísos", desvia logo a conversa para os outros...
Os críticos socialistas do sistema capitalista por estes dias quase não assumem a alternativa com que ainda sonham, fruto da desilusão que foi a falência completa do dito 'Socialismo Real'. Para tanta moralidade, os resultados revelaram-se desoladores, para não dizer mais. Resta-lhes aterem-se à suposta 'superioridade moral' dos comunistas. Orwell, Camus. Kostler nos anos 40 denunciaram os crimes do estalinismo, mas a verdade é que já Bakunine previa no sec. XIX que a experiência marxista só poderia redundar no que deu...
Gostei muito do seu post. Sim, tudo o que escreve é ainda hoje realidade!
Se o Senhor Embaixador permitir, um texto de alguém que conhece Cuba melhor que ninguém ; Galeano.
Nunca he confundido a Cuba con el paraíso. ¿Por qué voy a confundirla, ahora, con
el infierno?
Yo soy uno más entre los que creemos que se puede quererla sin mentir ni callar.
Hace más de CINCUENTA años que el veto imperial se aplica de mil maneras, para
impedir la realización del proyecto de la Sierra Maestra.
En Cuba, democracia y socialismo nacieron para ser dos nombres de la misma
cosa; pero los mandones del mundo solo otorgan la libertad de elegir entre el
capitalismo y el capitalismo.
El modelo de la Europa del Este, que tan fácilmente se ha derrumbado allá, no es la
Revolución Cubana. La Revolución Cubana, que no llegó desde arriba ni se impuso
desde afuera ha crecido desde la gente y no contra ella ni a pesar de ella eso ha
podido desarrollar una conciencia colectiva de Patria: imprescindible auto-respeto
que está en la base de la autodeterminación.
El bloqueo contra Cuba se ha multiplicado con los años. ¿Un asunto bilateral? Así
dicen; pero nadie ignora que el bloqueo norteamericano implica, hoy por hoy, el
bloqueo universal. A Cuba se le niega el pan y la sal y todo lo demás. Y también
implica, aunque lo ignoren muchos, la negación del derecho a la autodeterminación.
El cerco asfixiante tendido en torno a Cuba es una forma de intervención, la más
feroz, la más eficaz, en sus asuntos internos.
¿En Cuba hay privilegios? ¿Privilegios del turismo? Sin duda. Pero el hecho es que
no existe sociedad más igualitaria en América. Se reparte la pobreza: no hay leche
es verdad, pero la leche no falta a niños ni a los viejos. La comida es poca. Pero en
plena crisis sigue habiendo escuelas y hospitales para todos lo que no resulta fácil
de imaginar en un continente donde tantísima gente no tiene otro maestro que la
calle, ni más médico que la muerte.
La pobreza se reparte y se reparte. Cuba sigue siendo el país más solidario del
mundo. Cuba fue el único país que abrió las puertas a los haitianos fugitivos de
hambre y de la dictadura militar, que en cambio fueron expulsados de Estados
Unidos.
Senhor Jaime Santos : O socialismo perdeu a batalha do desenvolvimento, sem dúvida. Mas também nunca teve à sua disposição os meios de o fazer. Uma vista de olhos sobre a situação no final da segunda guerra mundial, podia deixar prever qual seria o resultado do combate entre as duas teorias económicas e sociais.
Os EUA tiveram um papel preponderante na queda do socialismo. Este imenso país ;
• Entrou somente na segunda metade da Guerra (dezembro de 1941);
• Não existiu guerra no seu território;
• Conforme a Guerra avançava, tornou-se credor dos países em conflito;
• Praticamente não teve baixas civis;
• Não sofreu com ataques à suas fontes de energia;
• Desenvolveu uma avançada tecnologia militar, o que lhe trouxe muitos ganhos no Pós-Guerra.
Por tudo isso, os EUA saíram da Segunda Guerra Mundial como a maior potência do mundo capitalista.
Mas este poder vem de longe.
Foi a acção das grandes potências mundiais de sua época (Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, EUA e Japão) sobre as regiões menos desenvolvidas (Ásia, África e América) com a finalidade de controlar o mercado e a economia destas regiões.
Se acrescentarmos ao colonialismo o monopólio bancário, temos aqui a base da vitoria do capitalismo.
As nações ricas – Inglaterra, França, Alemanha, EUA e Japão – dominaram e exploraram um número cada vez maior de nações pequenas.
Os cartéis, formados pelas principais indústrias e bancos das nações ricas, repartiram os mercados entre si, passando a determinar o que, quanto, quando e quem deve fabricar. Fixando preços e repartindo os lucros entre suas empresas.
Alguns cartéis chegavam a dominar de 70% a 80% da produção de determinados produtos. O "mariage" de Monsanto e Bayer toma o mesmo caminho.
A primeira guerra mundial teve a mesma origem que a segunda: os interesses dos países capitalistas colidiram.
No final, se fizermos bem as contas, 60 milhões de mortos foi o preço a pagar para esta extraordinária vitória do capitalismo sobre uma ideologia que hoje nos aparece utópica quando analisamos a desproporção das forças em presença. Para chegarmos onde estamos hoje. E nada nos garante que a consolidação do capitalismo ( ou a sua decadência) não custará ainda mais caro um dia para as gerações vindouras.
Ó Freitas, abandone o inferno capitalista! Rumo a Cuba, já! Rumo à liberdade e ao progresso! OU a vida é demasiadamente boa no conforto capitalista? Ó Freitas, qual é a participação dos seus amigalhaços no apoio aos refugiados? Ó Freitas, porque é que os antifascistas nunca se refugiavam nos países comunas? Então os comunas não tinham meios? Petróleo, territórios sem fim, blocos regionais, populações imensas... Mas não tinham meios?! Isto até mete nojo!!!
Ò tu que falas com o espirito do Freitas
Ò tu que arrenegas os comunistas
Ò espirito do Salazar renascido das cinzas
Acalme-se ò homem ou ò mulher
Não chore as loucuras da esquerda
Não fique triste
Eu tenho aqui o meu ombro
À sua espera
Robusto e firme
O direito
Pronto a acolher o seu sujeito
Enviar um comentário