O "Expresso" publica anualmente o seu guia "Boa Cama/Boa Mesa", com uma listagem por distrito (é interessante como se utiliza ainda a divisão distrital, mesmo depois dela ter acabado na ordem administrativa portuguesa) dos locais selecionados para dormir e para comer, um pouco por todo o país.
Falemos apenas destes últimos. Como todas as seleções, trata-se de uma lista discutível. O que sempre achei mais criticável nas notas que acompanham as referências é um tom genericamente elogioso que por vezes não nos ajuda a destrinçar o que é, de facto, excelente do que é, frequentemente, menos bom. Dito isto, que fique claro que não passo sem o "Boa Cama/Boa Mesa" que é um "livro de cabeceira" que não abandona o meu carro.
O guia atribui galardões: um "Garfo de Platina" e vários "Garfos de Ouro".
O primeiro, como já é quase de regra, vai para um restaurante algarvio. Desta vez, é o "São Gabriel". No Algarve, à base de uma cozinha internacional que não raramente pouco tem a ver com a tradição culinária portuguesa, é viável manter, graças ao turismo estrangeiro, diversas unidades de restauração sofisticada, as quais, sejamos justos, tanto podiam estar lá como noutro lugar do mundo. Mas é lá que estão, têm muito boa qualidade e é bom que sejam reconhecidas e, nalguns casos, atraiam "estrelas" Michelin, o que se torna num chamariz interessante para o turismo. Que muitas floresçam!
Os 25 "Garfos de Ouro" ousam, por vezes, sair desse modelo internacional de culinária. Estão nesse caso quatro magníficos restaurantes: o "Cozinha da Terra", perto de Paredes, o "São Gião", em Moreira de Cónegos" e, pela primeira e merecida vez, o "Restaurante G", na pousada de Bragança (um abraço de parabéns ao Óscar e ao António Gonçalves, bem como aos seus pais, responsáveis pelo "Geadas"), e o "Vallecula", em Valhelhas, perto de Belmonte (um abraço à Fernanda e ao Luis Castro, cujo trabalho sigo há muitos anos). Entra também neste "ranking", pela primeira vez, o "Boa Nova", na antiga "casa de chá" desenhada por Siza Vieira, em Leça, um restaurante de maior ambição gastronómica, e preço a condizer!, do meu amigo Rui Paula, um excelente chefe nortenho.
Com o IVA da restauração a 23%, nunca é demais contribuir para a divulgação o trabalho das dedicadas pessoas que asseguram a indústria da restauração neste país.
4 comentários:
De acordo com os considerandos. Dos restaurantes referidos, infelizmente apenas conheço O S. Gião (uma vez), mesmo por cima do estádio do Moreirense, e o Vallecula (várias vezes). Quando ando pela zona do Vallecula, é obrigatório ir lá almoçar ou jantar. Muito bom!, sem ambiguidades. Muitos "bons" pseudo-restaurantes de Lisboa deviam correr o país e aprender alguma coisa no que respeita à confecção da comida e preocupar-se menos com as aparências. É caso para dizer que não são carne nem são peixe, não são portugueses nem são internacionais. É só copiar... copiar e modar, modar. Agora estamos na fase das carnes maturadas por tudo o que é sítio. Talvez outro logro como o do porco preto (ou o que nos vendiam por porco preto). A seguir talvez venham as perninhas de rã.
não vi ainda, mas frequentemente os açores e madeira são esquecidos, espero que não seja o caso, 2 regiões onde se come bem, a bom preço (também caro para quem optar) e para gostos variados.
Lá terei que me mudar para o Norte. Ainda bem que nenhum dos que o Embaixador menciona é no Porto. Uma coisa chamada Boa Nova não pode ficar no Porto. É mais para os lados da Segunda Circular ( a poente, claro!).
a)Jaime Graça
Para boa cama e boa mesa só em Évora.
Enviar um comentário