segunda-feira, abril 13, 2015

François Maspero


Morreu Gunther Grass. Porém, na data de hoje, prefiro lembrar François Maspero, que também desapareceu. A sua "Joie de Lire", na Saint-Séverin, a dois passos do boulevard Saint-Michel, foi a "meca" para muitos de nós, nesses pesados anos 60 e 70, que só a nossa juventude e os nossos sonhos iam tornando mais leves.
Como aqui lembrei um dia, François Maspero tinha como orientação não entregar à polícia - à "polícia da burguesia" - quem fosse apanhado a roubar livros, o que criou, em muita gente, uma espécie de impunidade que, ao que se dizia, terá acabado por levar a livraria à ruína económica. Fui testemunha presencial de uma frutuosa e furtuosa "romagem" à Maspero de um amigo português, ao tempo estudante em Paris, convenientemente dotado de um avantajado capote alentejano, que dava espaço para um eficaz "arquivar" de volumes. Ainda o estou a ouvir: "Ora cá está ele! Faltava-me o volume 8 das obras do Bataille!". E lá desapareceu o avantajado volume da Gallimard no bojo do capote...

6 comentários:

Anónimo disse...

A pequena burguesia e os seus queridos....

Anónimo disse...

Grande Joie de Lire. Grande Maspero. Mas aquilo não podia prosseguir.E acabou mal.

patricio branco disse...

pena quando lá estive não ter levado uns livritos debaixo do capote!! generosidade e liberalidade maspero...

Anónimo disse...

Maspero era uma lenda nos meus tempos do liceu...há quase quarenta anos. Mas morreu logo depois. Vieram os "nouveaux philosophes" que também morreram depressa. Menos o B.H. Lévy, companhia distante de muitas noites no Flore, hélas!
JPGarcia

Anónimo disse...

De Francois Maspero so conhecia nome e referencia atraves de varios amigos. O nome da livraria sempre me fez crescer agua na boca.

De Gunther Grass, controversa personagem, ja ha hoje na imprensa inglesa obtituarios e artigos. Ainda bem. Em breve tentarei rever "The Tin Drum" ate porque cheguei primeiro ao filme que ao livro.Fiquei muito tempo sem conseguir comer ou olhar para enguias! Coisas...

Acaba de desaparecer Judith Malina, co-fundadora do "Living Theatre". A imprensa por aqui ainda esta muda e calada.Tenhamos esperanca que nao seja so lembrada como a actriz que fazia a avozinha no film "The Adams Family"!

Saudades de Londres.

F. Crabtree

patricio branco disse...

davam umas belas e úteis capas amarelas para proteger os livros que se compravam, distinguiam-se à légua e nas estantes

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...