Os países não são iguais. Não o são na riqueza, como o não são na sua situação geopolítica. Por isso, nas opções que a cada um é dado fazer, para a gestão do seu papel no mundo, devem maximizar as suas vantagens comparativas e minimizar as condicionantes que acentuam a suas debilidades.
Como por aqui tenho dito, Portugal é um país frágil. Nos dias que correm, essa fragilidade acentuou-se, por um estado de necessidade financeira que induziu mesmo algum desespero nacional. É em tempos turbulentos, de incerteza, que os países reclamam lideranças indutoras de confiança. Por um azar dos Távoras, calhou na rifa a Portugal, neste que é um dos mais delicados momentos da sua História recente, uma das menos capazes lideranças políticas de que temos memória. Felizmente vivemos em democracia e isso pode corrigir-se com o voto. Mas as eleições não podem remediar o que já for irremediável: e a privatização da TAP, a acontecer, sê-lo-ia.
Já vivi o suficiente para aprender que uma gestão empresarial pública é frequentemente menos eficiente do que uma gestão privada. Mas há casos em que a gestão pública pode ser excelente. Prova disso mesmo é que, em empresas públicas que foram privatizadas, porque eram atrativas, a responsabilidade pela respetiva gestão continua hoje nas mãos das mesmas pessoas que o Estado lá tinha colocado. O que demonstra que não devem ser tão maus assim...
A TAP é uma empresa pública que tem tido excelentes gestores profissionais. Desde há vários anos que apresenta resultados operacionais positivos, fruto de uma estratégia inteligente que aproveitou a debilidade conjuntural de concorrentes e tirou partido de diversos outros fatores favoráveis. A questão em cima da mesa é saber de que forma é possível acorrer às necessidades de capital de que necessita para cimentar o seu crescimento. Neste domínio, nem só a privatização é opção, como se sabe.
O atual governo tem uma "fezada": é preciso privatizar tudo o que por cá for passível de interesse privado, como foi importante fazer desaparecer as "golden share", como deve anular-se qualquer mecanismo regulatório que dê ao Estado a possibilidade de condicionar, ainda que minimamente, a aplicação e circulação do capital externo em Portugal. O governo considera que o interesse nacional se defende defendendo sempre a total liberdade para o capital que aqui entra. Este pressuposto leva-o, pelos vistos, a não entender a existência de interesses geopolíticos nacionais específicos, que podem estar em objetiva contradição com esses interesses externos.
Volto ao ponto por onde comecei. Para um país como Portugal, com uma geografia de interesses que vive da ligação entre vários espaços e comunidades humanas, defender e potenciar essa especificidade é quase uma condição de sobrevivência. A TAP tem sido um instrumento importante para a sustentação da nossa identidade no mundo, bem como para a preservação desse derradeiro poder de relação que nos resta. Compete ao governo provar que isso se pode fazer com a sua alienação. Até lá, compete-nos estar contra ela.
Como por aqui tenho dito, Portugal é um país frágil. Nos dias que correm, essa fragilidade acentuou-se, por um estado de necessidade financeira que induziu mesmo algum desespero nacional. É em tempos turbulentos, de incerteza, que os países reclamam lideranças indutoras de confiança. Por um azar dos Távoras, calhou na rifa a Portugal, neste que é um dos mais delicados momentos da sua História recente, uma das menos capazes lideranças políticas de que temos memória. Felizmente vivemos em democracia e isso pode corrigir-se com o voto. Mas as eleições não podem remediar o que já for irremediável: e a privatização da TAP, a acontecer, sê-lo-ia.
Já vivi o suficiente para aprender que uma gestão empresarial pública é frequentemente menos eficiente do que uma gestão privada. Mas há casos em que a gestão pública pode ser excelente. Prova disso mesmo é que, em empresas públicas que foram privatizadas, porque eram atrativas, a responsabilidade pela respetiva gestão continua hoje nas mãos das mesmas pessoas que o Estado lá tinha colocado. O que demonstra que não devem ser tão maus assim...
A TAP é uma empresa pública que tem tido excelentes gestores profissionais. Desde há vários anos que apresenta resultados operacionais positivos, fruto de uma estratégia inteligente que aproveitou a debilidade conjuntural de concorrentes e tirou partido de diversos outros fatores favoráveis. A questão em cima da mesa é saber de que forma é possível acorrer às necessidades de capital de que necessita para cimentar o seu crescimento. Neste domínio, nem só a privatização é opção, como se sabe.
O atual governo tem uma "fezada": é preciso privatizar tudo o que por cá for passível de interesse privado, como foi importante fazer desaparecer as "golden share", como deve anular-se qualquer mecanismo regulatório que dê ao Estado a possibilidade de condicionar, ainda que minimamente, a aplicação e circulação do capital externo em Portugal. O governo considera que o interesse nacional se defende defendendo sempre a total liberdade para o capital que aqui entra. Este pressuposto leva-o, pelos vistos, a não entender a existência de interesses geopolíticos nacionais específicos, que podem estar em objetiva contradição com esses interesses externos.
Volto ao ponto por onde comecei. Para um país como Portugal, com uma geografia de interesses que vive da ligação entre vários espaços e comunidades humanas, defender e potenciar essa especificidade é quase uma condição de sobrevivência. A TAP tem sido um instrumento importante para a sustentação da nossa identidade no mundo, bem como para a preservação desse derradeiro poder de relação que nos resta. Compete ao governo provar que isso se pode fazer com a sua alienação. Até lá, compete-nos estar contra ela.
(Artigo que hoje publico no "Diário Económico")
6 comentários:
Facto mais relevante de 2014(para um opinador com que concordo) : Indisponibilidade de com dinheiros público se remediarem as más gestões das empresas privadas.
Esta postura de deixar o mercado resolver os problemas que cria tinha-nos livrado de sermos os lideres na UE a gastar dinheiro com uma empresa de aviação de bandeira; que como é óbvio faz o que muitas privadas fazem por menos dinheiro=transportam os passageiros de um lado para o outro.
Será que só nós é que temos imigrantes? turistas? ilhas? ou crentes a mais?
V.Exª,refere-se à Administração da TAP que até a considero competente, mas o problema está no excesso de greves e exigências dos sindicatos.A última daria de prejuízo 30M€ por baixo.Ninguém se importou com a falta de liquidez para pagar salários no mês de Janeiro!Pois, recorria ao Zé.
A TAP sempre foi um jogo de influências.Se for privatizada não faltarão aviões para cumprir a missão.
Cumps.
Sempre a mesma ideia de corporativismo do tipo "Salazar/Staline" ! Irra !
Gestão Pública....
O que dizer do aeroporto de Beja, dos 150 milhões do TGV, do aeroporto da OTA e do de Rio Frio, do ramal da Lousã, dos submarinos,....
Senhor Embaixador,
Lembro-me de quando a TAP aterrou em Banguecoque a voar para Macau em 1 de Abril de 1997, que viria a ser sol de pouca dura e encerrar a carreira uns meses antes de terminar o ano de 1999.
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Para o Acordo Aéreo entre Portugal e a Tailãndia empenhou-se o falecido Embaixador Melo Gouveia, com o objectivo de estreitar as relações comerciais com o Reino da Tailândia.
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A carreira foi um sucesso e 120 mil passageiros transportados em 30 meses.
Era o elo de ligação, em Banguecoque, entre a comunidade portuguesa, residente, na Austrália e Portugal, Ocupação de 75%.
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Mas o avião Airbus 340/300 não teria sido o indicado para a ligação entre Lisboa/Banguecoque/Macau.
Saudações de Banguecoque
Obrigada!
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