Há uns meses, a propósito das próximas eleições
presidenciais, e analisando os putativos candidatos da área conservadora,
escrevi por aqui que "Santana Lopes é um caso diferente. Desde há uns
anos, agora ajudado pelo papel na Misericórdia de Lisboa, tem procurado
construir uma imagem diversa do perfil "playboy" e pouco
"statesmanlike" que os portugueses antes dele haviam fixado, modelo
que o seu efémero e patético governo havia ajudado a instalar, de forma
indelével, na memória coletiva. O modo pausado como fala, as constantes
referências religiosas que pontuam o seu discurso, o registo "humano"
e de atenção para com os desprotegidos da sorte que marca uma em cada duas das
suas atuais palavras, desenham um retrato que tem pouco a ver com aquilo que
sobre ele ainda predomina no imaginário coletivo".
Santana Lopes, quando saiu do governo, em 2005, disse que ia "andar por aí". E, durante uma década, andou. Deixou-se entretanto de futebóis e "parcimonizou-se" na palavra. Agora, tendo medido o terreno, colocou-se já em campanha, na perseguição de uma ambição que se sabe antiga. Será que Portugal irá algum dia eleger Santana Lopes para Belém? Como dizia a outra: sei lá! Ontem, no "Público", um homem de direita como João Miguel Tavares desenhou dele um dos mais cruéis retratos que me tem sido dado ler nos últimos anos.
À modorra da escolha do candidato da esquerda corresponde o início de uma interessante zizania na direita. Isto até seria divertido, se não se tratasse do país.
Santana Lopes, quando saiu do governo, em 2005, disse que ia "andar por aí". E, durante uma década, andou. Deixou-se entretanto de futebóis e "parcimonizou-se" na palavra. Agora, tendo medido o terreno, colocou-se já em campanha, na perseguição de uma ambição que se sabe antiga. Será que Portugal irá algum dia eleger Santana Lopes para Belém? Como dizia a outra: sei lá! Ontem, no "Público", um homem de direita como João Miguel Tavares desenhou dele um dos mais cruéis retratos que me tem sido dado ler nos últimos anos.
À modorra da escolha do candidato da esquerda corresponde o início de uma interessante zizania na direita. Isto até seria divertido, se não se tratasse do país.
6 comentários:
Já estamos fartos de lagartos em Belém. Ao menos, Soares e Sampaio eram de esquerda.
a) Jaime Graça
o perfil "playboy" e pouco "statesmanlike" que os portugueses antes dele haviam fixado
A imensa maioria dos portugueses não vive em Lisboa nem lê revistas socialite que lhe permita saber que estilo de vida SL leva. Não sabe se ele é playboy nem se deixa de ser.
o seu efémero e patético governo
Foi bem melhor governo do que o do seu antecessor. O governo SL tentou fazer algumas reformas - por exemplo, da lei do arrendamento urbano - enquanto que o governo Durão Barroso não fez absolutamente anda nos dois anos que existiu. SL foi bem melhor primeiro-ministro do que Durão Barroso e do que António Guterres.
Meu caro Francisco Seixas da Costa,
leio atentamente todos os textos que publica. São ponderados e reflectidos.
Li este que nos brindou.
Entendimentos à parte, penso que o Governo de Santana Lopes foi injustiçado e merecia uma reflexão séria sem o folclore que procuram dar-lhe.
Vejo que cita o Senhor Tavares. Mas de direita e de senhor tem pouco. É o que é, um introvertido que pensa ter piada. Aliás, da desgraça do texto dele só apetece perguntar, será que ele se lembra que foi por terem corrido com o Santana Lopes que tivemos o Sócrates?
Não sei. Sei que olho à volta e vejo um deserto de gente e de ideias. Todos publicam livros pessoais, mas que diabo o Santana Lopes anda a publicar livros sobre sistemas eleitorais, papel do PR, fala de temas que até diria serem naturais.
Aguardemos com serenidade os tempos. mas olhemos com seriedade para o que cada um diz e faz. A diferença é abissal. É que Santana Lopes põe os Marcelos desta vida a anos luz de distância em coerência, profundidade e coragem.
Bem-haja.
Acho é que o JMT se esqueceu do memorável trabalho que PSL fez como Sec. Estado da Cultura e como Presidente da Câmara de Lisboa e da Figueira da Foz.
Memorável, sem dúvida.......
Luís Lavoura:
Eu leio os seus comentários de vez em quando na blogosfera e até os aprecio. Mas fiquei de espantado com este.
Admito que sejam efeitos do frio no campo onde vive, pois não são só os dedos que sofrem e ficam meio paralisados.
Considerar o governo de SL bom, que durou apenas 6 meses?
Mesmo que tivesse sido bom que efeitos teria tido.
Já se esqueceu do caos na colocação de professores?
E dos ministérios e secretarias de estado semeados a esmo de Braga a Faro?
Para não falar na câmara da Figueira a Foz que deixou com uma dívida monstruosa.
E da de Lisboa idem.
O dos 2,5 milões de euros do projecto do Frank Gerry para o Parque Mayer.
E agora dos 500 mil euros na Festa de Natal da Misericórdia.
Tenha pena de nós e do país.
Chico
Mal iria o país com o sr. PSL em Belém apesar do pesar que tenho pelo sôr Silva estar lá há uma porrada de anos. E ter sido reeleito pelos votos de muitos portugueses que não com o meu.
O Sr Luís Lavoura pode ter a sua opinião - estamos em Democracia e em Liberdade; porém espanta-me (sou dos que ainda se espantam) o elogio que faz ao Sr. PSL
Mas também me espanta - ó diabo, já são dois... - o Sr. Marco Dinis quando afirma que o Sr. José Miguel Tavares não tem memória ; transcrevo: será que ele se lembra que foi por terem corrido com o Santana Lopes que tivemos o Sócrates? (fim da transcrição)
Não gosto do Sr. PSL como também não gosto do Sr. MRS, como ainda não gosto do Sr. JMT: ponto. Querem os dois saber a minha opinião? E "aguardo com serenidade os tempos; mas olho com seriedade" o que aqui escreveram: também não gosto de "ambos... os dois"...
Abç
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