Amanhã de manhã, vou dar uma aula a um grupo de alunos da Escola de "Management" da Universidade de Missouri. Entre outros temas, tratarei das condições para o investimento estrangeiro em Portugal, desde a burocracia aos incentivos fiscais, dos problemas e "timings" da nossa Justiça à qualificação da mão-de-obra, passando por uma análise àquele leque de items que vulgarmente são tidos como condicionantes na vontade de investir num país. É minha intenção fazer também notar que, apesar de ainda persistirem, em certos setores, alguns dos "vícios" endémicos que estão associados à imagem de Portugal - compadrio, nepotismo, "amiguismo", tráfico de influências, isto é, pequena corrupção - há hoje uma maior transparência, uma mais fácil denúncia pública destes abusos e a uma maior atenção social à desigualização de oportunidades.
Estava a tomar algumas notas para o que irei dizer quando deparei com um artigo no DN que dá conta que, numa determinada organização profissional portuguesa, reconhecida oficialmente e que obtém vantagens do Estado para o seu estatuto, nomeadamente de ordem fiscal, num concurso público para recrutamento de juristas, "em igualdade de circunstâncias, será dada prioridade aos candidatos familiares de membros" dessa estrutura profissional. Ainda me belisquei para perceber se estava a entender bem o que estava a ler. Era verdade! Assim mesmo, de forma "transparente", como o respetivo responsável explicava com orgulho.
Assim não vamos lá!
8 comentários:
Talvez possa ser para que possam partilhar os custos de transporte para o local de trabalho?!!!
Essa "pequena corrupção" como lhe chama já se tornou algo tão natural que colocar num anúncio de emprego pareceu a quem o escreveu algo naturalissimo. Provavelmente nem lhe passou pela cabeça que se calhar era ilegal.
Foi engano. Queriam pôr como primeiro critério de selecção...:-)
Tive um bom amigo, Eng. numa Câmara Municipal, que respondia aos "pedidos" - Justiça para todos, favores para os meus amigos !
transparência familiar portanto
Parece-me tão ilegítimo como as universidades americanas que dão preferência à admissão de mulheres. Ou como as escolas privadas que dão preferência à inscrição de irmãos de alunos.
Não é propriamente nepotismo, é um critério de desempate.
de acordo com Luís Lavoura. Sendo um critério de desempate parece até uma preocupação humanista no sentido de facilitar a vida às pessoas
João Vieira
em igualdade de circunstâncias deita-se a moeda ao ar...
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