Não são muitos. Aliás, são cada vez menos. Nasceram quase todos num tempo próximo do segundo conflito mundial. Por opção, destino ou meios de família, rumaram ao estrangeiro e por lá frequentaram partidos, copos e universidades. Começaram, quase sempre, pela margens da esquerda. Abril trouxe-os, com naturalidade, de volta. Como os marines de Bush no Iraque, esperavam ser recebidos com flores, foram-no com a olímpica indiferença de um país que não aprecia, por aí além, os iluminados, que detesta estrangeirados, muitas vezes por inveja, na maioria dos casos apenas por feitio. Com maior ou menor sucesso buscaram, na nova sociedade e na nova política, o lugar a que se julgavam fadados. Às vezes foram reconhecidos, até porque alguns tinham real qualidade, quase sempre à mistura com muita falta de senso da medida. Porque são tremendistas no verbo e na escrita, peroram sempre de cátedra, como "tudólogos" da vida, de quem bebeu "do fino", quase sempre num registo definitivo, de finis patriae. Alguns, raros, continuaram à cata de amanhãs que agora já só assobiam, outros foram seduzidos pela direita, outros ainda pelo bonapartismo breve da paróquia. Todos - mas todos! - entendem, lá no fundo, que a pátria que por aí anda os não entendeu, os não aproveitou, não lhes deu a importância e o estatuto de lápide na parede a que se achavam com direito, logo a eles, aos que se universitaram para serem a elite. Sabem tudo, mas não aprenderam nada.
14 comentários:
Caso de Alberto da Ponte que acaba de descobrir que o ter sido nomeado por Miguel Relvas não foi propriamente uma boa recomendação. Caso para dizer: mais vale tarde que nunca.
Penso que é não dedicado ao Alberto da Ponte - imagino mais a um conterraneo, que hoje é capa do "i ".
Como são amigos...não é muito bonito, não...
Carlos Andrade - Espinho
A pátria pode ser em qualquer lugar no mundo !
à minha volta: muitos estrangeiros; eles têm a pátria deles onde nasceram e têm a outra que é Portugal, onde por exemplo compram a sua casa, onde os filhos vão à escola e onde vivem o seu dia a dia e fornecem o seu trabalho! sem esperar que alguém lhes estenda o tapete vermelho!
quem pensa que "descobre a pólvora" vive frustrado
Caro Carlos Andrade. Falhou o alvo! Mas vou ler então o que diz
Uma nota que revela a ãnsia de certos portugueses que foram colocados por "ironias" do destino em certos lugares nos quais se esqueceram do lugar e familia onde "nasceram", imprudentes como sempre!
Não percebi nada, mas acho em belo texto.
António, aprendiz de nadólogo
Estou a ver o retrato do nobre da AMI acolitado á moda africana pelos parentes e aderentes a fazer turismo á conta dos pacóvios
Este assunto toca-me pela franja.
Desterrado desde os tempos da “outra senhora” o desejo de regresso mal me aflorou. Saí muito zangado e com todas as pontes voluntariamente cortadas. Aqui, decidi que não havia de estar sentado em duas cadeiras ao mesmo tempo. Larguei a antiga, fiquei com a nova. Mal avisados andam os que pensam que a antiga ainda lá está à espera deles.
Excelente.
Assenta, como uma luva, à infeliz capa do "i". A. Barreto julga-se um deus acima de tudo e de todos. E alinha no mais desbocado dos populismos. O que o País precisa é de sábios responsáveis. Para apenas ruído nos media, já basta o que basta.
maravilha de texto.lucidez absoluta
se não é, o post bem podia descrever o barreto e a sua decadência afundado em fel. a solidariedade vila-realente é que não permitia.
O bom senso é inato.A sabedoria é ubíqua,para quem seja normal e queira aprender. Mas para nascer normal,escorreito,são necessárias cinco gerações sem fome e três sem excessos,diz Heródoto.
Embora reconheça que, à medida da imaginação de cada um, o "fato" se possa adaptar, a verdade é que a "inspiração" do post está muito distante da sugestão feita. E não leio o "i".
Texto lapidar . A "lapide" que eles merecem. Don't ask...
Fernando Neves
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