quinta-feira, outubro 09, 2014

A frase

Há precisamente dois meses, comentando a solução encontrada para o BES, escrevi aqui:

Numa coisa, porém, Carlos Costa pode ter cometido um grave erro: ao ter afirmado que "a medida de resolução, agora decidida pelo Banco de Portugal, e em contraste com outras soluções que foram adotadas no passado, não terá qualquer custo para o erário público e nem para os contribuintes". Esqueceu-se porventura de acrescentar: "se tudo correr bem"...

É hoje evidente que isso pode, ou não, ser verdade. Para a vida, essa frase vai ficar-lhe colada à pele. Se tiver razão, a sua presciência será creditada, com louvor, no seu excelente currículo de grande servidor público. Se acaso se tiver enganado, esse erro não lhe será perdoado pela História. E pelos contribuintes

Hoje, naquilo que os comentadores já consideram ser o início da admissão de que a venda do Novo Banco, a um preço interessante, será muito difícil, a ministra das Finanças e o próprio primeiro-ministro começaram a alertar para o facto de que o Estado - isto é, todos nós - poderá ter de vir a incorrer em prejuízos financeiros, caso o encaixe de capital seja inferior aos montantes já canalizados para o banco.

Porque será que não há um mínimo de prudência por parte dos atores institucionais antes de fazerem declarações? É assim que se dá alimento à ideia de que os agentes políticos dizem uma coisa num dia e outra qualquer no dia seguinte.

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro Francisco

Mas não foi apenas o senhor Carlos Costa; foram também o alegado primeiro-ministro mais uma vez grande mentiroso, a Maria Luís e o Cavaco que andaram a plantar afirmações destemperadas.

Raio de País que nós, os Portugueses somos...

Abç

Um Jeito Manso disse...

Sabe, Embaixador, isto pode acontecer porque não têm escrúpulos (e está mais do que provado que os não têm) mas, cá para mim, antes de mais, o que acontece é que só dão pelas coisas quando tropeçam nelas, não pensam, não são dados a ver para além do que lhes põem à frente do nariz. Vistas curtas, cabeça fraca. Erros de casting. Gente assim jamais poderia ter funções de responsabilidade.

Tomara que seja por pouco tempo.

ignatz disse...

deixem-se de conversa fiada e perguntem mazé ao costa o quéque cozinhou com o zé maria para resolver os imbróglios com o primo.

Anónimo disse...

Toda a gente percebeu, nas justificações teóricas esfarrapadas, que nos iria sair do bolso ou no mínimo correr esse risco e, realmente, a falta de pudor é gritante. Mas por vezes no meio do sujeira aparece uma rosa (AJS para já) que nos faz duvidar de que a certeza “de que os agentes políticos dizem uma coisa num dia e outra qualquer no dia seguinte” pode ainda ser uma ideia…
antonio pa

Anónimo disse...

E isto tudo por causa de um Banco! - Porque é que não se deixou falir o Banco? perguntou-me um amigo estes dias;
- porque eu tinha lá mil euros e perderia o meu dinheiro, Respondi-lhe.
- Ah ! Pois eu tinha lá um crédito a pagar de 80 mil euros!
Mais a sério: Então não há responsáveis ? Assim também eu brincava com os dinheiros!
José Barros

ARD disse...

Peço-te desculpa mas não concordo com
a frase "é hoje evidente (...)".
Para muita gente, em que me incluo, isso foi IMEDIATAMENTE evidente.
Foi, como é hábito do actual governo, uma solução a mata-cavalos, desenhada sobre o joelho, sem estudo prévio.

opjj disse...

Parece-me que o contributo de todos é o bota-abaixo. Gente que recebe salários e pensões à custa da dívida do ESTADO mesmo sabendo que o está a atirar para a valeta, só se pode chamar de imbecil. Se um dia faltar no dia e na hora na conta bancária, talvez se interroguem.Aliás já vi muitos protestos pelo atrazo de 2 dias.
Cumps.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro ARD : a frase "é hoje evidente" foi escrita no dia 7 de agosto, imediatamente após a conferência de imprensa de Carlos Costa. Apenas foi agora "repescada".

Anónimo disse...

E o que é que acontece a esta gente???

Cadeia para o resto da vida????

JS disse...

Este Governador do BdP reconhece que não tem forma, ou meios, para supervisionar os Bancos privados, e evitar o que vai acontecer pela quarta vez: os contribuintes perderem nível de vida para salvar um Banco PRIVADO.

É o quarto Banco PRIVADO -na vigência deste organismo regulador BdP- em que a administraçãode de esse Banco PRIVADO detribui e redestribui os dinheiros que manuseia de forma mais que irregular sendo inputada, mais uma vez, uma hipotética -óbviamente impossível- correcção do sucedido ao erário público.

Quantas vezes mais terá que acontecer isto?.

O regulamento do BdP não é eficaz?.
Os Governadores já deviam ter pedido ao Legislativo, há muito tempo, alteração apropriada do seu poder de regulação.
Ou urge aceitar cruamente como válida a legislação europeia de que aos detentores de titulos e acções, aos "donos" de bancos privados o que é, ou não, ... deles.
Sem sofismas.
A divisão, "solução" optada (já experimentada na China), é um desastre anunciado para os cofres públicos, como bem assinalamos desde o início.

Quantas vezes mais terá que acontecer isto?.

Ps. Continuo a gostar da sua prosa. Do conteúdo, nem sempre de pleno acordo. Mas, por favor não se ofenda com algum, meu, desacordo ortográfico.

Anónimo disse...

Carlos Costa é culpado mas não é o único, como bem escreveu o primeiro comentador.
JPGarcia

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o sempre a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma extraor...