Passei, há minutos, ao lado do Palácio da Ajuda. Por lá trabalhei, nos meus tempos militares, tendo-me interrogado, na altura, sobre qual a misteriosa razão que levava a que, desde há séculos, a sua fachada oeste se mantivesse com aquele ar de ruína inacabada. Um dia, nos anos 90, tive o ensejo de assistir a uma reunião política em que o assunto foi discutido e uma solução possível foi abordada. Desconheço a sua sequência, que presumo que terá sido nenhuma.
A "malapata" de Santa Engrácia acabou nos anos 70. Fizeram-se o CCB e imensos quilómetros de autoestradas, pavilhões gimno-desportivos, rotundas, milhares de obras, muitas delas inúteis, para encher o olho e o bolso patobravista autárquico. Terá também havido dinheiro para construir, de raíz, um novo e muito discutível Museu dos Coches. Neste mar de fundos, por que será que o Palácio da Ajuda permanece como o parente pobre do nosso mais valioso património histórico-arquitetónico?
Já se percebeu que não há a menor hipótese de vir a construir-se o resto do palácio, sob o desenho conhecido. Mas então por que razão não se opta por uma solução arquitetónica inteligente e criativa (mesmo "modernaça"), não excessivamente dispendiosa, que dê um "fecho" decente ao que já está construído e acabe, de uma vez por todas, com aquele triste mono que se vê do lado da calçada da Ajuda e que, do interior, apresenta o que a fotografia mostra?
Já se percebeu que não há a menor hipótese de vir a construir-se o resto do palácio, sob o desenho conhecido. Mas então por que razão não se opta por uma solução arquitetónica inteligente e criativa (mesmo "modernaça"), não excessivamente dispendiosa, que dê um "fecho" decente ao que já está construído e acabe, de uma vez por todas, com aquele triste mono que se vê do lado da calçada da Ajuda e que, do interior, apresenta o que a fotografia mostra?
Há um amigo meu que tem uma teoria: dado que é precisamente nesse palácio que funciona o IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico), ninguém "olha" para o Palácio da Ajuda do lado de fora.
Mais a sério: eu sei que os tempos não são os melhores para a realização de "obra pública", mas alguém me saberá explicar a razão pela qual o Palácio da Ajuda não encontrou nunca uma solução arquitetónica final?
13 comentários:
Boa questão...
Por apenas que essa obra não esteja já prevista no programa dos candidatos ás autárquicas, seria uma gafe ,revitalizar e reabilitar a ajuda pode ser decisivo na captação de votos...
A coisa mais óbvia para fazerem era ajardinarem a fachada "abandonada". Coberta com hera talvez ficasse menos triste.
Talvez um patrocinador chinês ou angolano resolvessem o problema...
O futuro museu dos coches é um mastodonte horrível. Não sei quem é o arquitecto - é capaz de ser melhor não saber - mas quando ontem lá passei ia esbarrando no carro da frente ao olhar para "aquilo"!
Porque sim.
Não sei se o Palácio da Ajuda tem terrenos para onde se possa expandir naquela direcção sem invadir a via pública. Pode ser que um dia, quando houver outra ditadura em Portugal, a coisa se resolva.
Não dá "dinheirito" aos lobbies partidários......também....da construção civil !!!!!
Alexandre
Sr. Embaixador aguardo a informação com muita expectativa|
Angela
Só precisávamos de não cuidar mal do território para termos o paraíso!
Diz-se que, na criação do Mundo, um Anjo questionou Deus por ter sido injusto, tendo-se provavelmente equivocado, ao considerar condições excepcionalmente mais favoráveis, neste local, relativamente a todos os outros. Ao que Deus Lhe respondeu:
Espera até veres quem é que eu lá vou pôr!
Mais "recentemente", nos seus passeios dominicais, Salazar afirmava ao seu motorista, enquanto observava o "boom" de construção da época:
Ainda dizem para aí que sou só eu que mando neste País!...
Confesso que também não me agrada nada ver a parte de trás do palácio naquele estado de ruína inacabada. Creio que deveria de alguma forma tentar finalizar-se aquela obra. Não houve em tempos idos um projeto quando PSL foi Secretário de Estado da Cultura?
Não sabia, mas fui saber a autoria do novo monstro. O novo Museu dos Coches ocupa 15.177 metros quadrados nos terrenos das antigas Oficinas Gerais do Exército, e foi concebido em consórcio com os ateliers MMBB Arquitectos (Brasil), Bak Gordon Arquitectos, e Nuno Sampaio Arquitectos (Portugal).
Está visto porque é que é tão grandioso. Tem a marca internacional de que nós, provincianos, sempre carecemos. E se temos bons arquitectos em Portugal...
Podiam optar por uma estutura moderna e terminar com vidro e aço - a Pirâmide do Louvre também foi muito criticada e hoje já ninguém se lembra.
No entanto, a única solução viável para a cabeça dos nossos governantes passará, eventualmente, por vender uma ala do palácio à Isabel dos Santos para pernoitar quando vem a Lisboa.
Concordo com a Helena SC quanto ao futuro Museu dos Coches, um verdadeiro "mamarracho" desenquadrado e que faz do CCB um edifício clássico!
Esqueci-me de assinar o comentário das 12:31.
Isabel BP
P.S. Anónima, mas não tanto :))
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