A "Lusa" reproduz hoje declarações minhas a propósito da tutela das questões económicas entre o MNE e outros departamento do Estado. Um assunto que eu já havia abordado há dias no "Jornal de Negócios".
Como na altura previ, vai assistir-se, daqui a dias, a uma "maquilhação" política do problema, através de uma retórica distribuição de competências, com o anúncio de tutelas partilhadas, numa linguagem de despacho e de lei orgânica, em que o papel dos embaixadores será (apenas) formalmente salvaguardado. Não se espantem mesmo se, da parte do MNE, vierem a surgir vozes de "contentamento" com a solução encontrada, a qual, "claro", garantirá a "eficácia" e "preservará" o papel "central" da diplomacia. Conversa fiada...
Tudo isso, a surgir, não passará de um "trompe l'oeil": ou o MNE, perante a inexistência no seu seio de uma direção-geral específica para as matérias económicas, fica com a tutela exclusiva da AICEP, ou as Necessidades ficarão numa posição periférica do circuito económico externo, apenas colocando a sua rede de embaixadas e consulados ao serviço do ministério da Economia. A experiência provou que isso não funciona em favor dos interesses globais do país na ordem externa.
11 comentários:
Fez muito bem, em escrever aquele artigo. O que é de lamentar é não se saber qual a posição da Tutela, que já deveria ter vindo a terreiro defender a sua dama.
Quanto a PP, depois daquela decisão irrevogável, que acabou por não o ser, é curioso constatar mais uma sua contradição, quando antes defendia a Diplomacia Económica (pólvora que já tinha sido inventada há muito, como todo o experiente diplomata e com longa carreira bem se lembra) no MNE e agora a vai buscar ao mesmo MNE. Afinal, essa Diplomacia Económica não é mais do que um instrumento político para ele auto-promover e, por outro lado, de esvaziar a importância do seu ex-Ministério e do actual MENE (Ministro de Estado), Machete, por junto.
Meu caro, você tem feito mais pelo MNE, publicamente, quer ao defender críticas injustas à casa, quer ao bom nome da classe, do que a tal ASDP e as Tutelas.
Quanto ao “ex-embaixador”, enfim, quem não sabe (o jornalista) é como quem não vê. E você até foi modesto ao considerar-se “antigo diplomata”, que você continua a ser, visto ter sido essa a sua profissão durante várias décadas (suponho que mantém o seu passaporte diplomático), só que agora aposentado.
Por fim, seria interessante saber o que pensa o nosso colega e actual C-G do PM, sobre este assunto.
a)Rilvas
Caiu o Carmo e a Trindade!
Senhor Embaixador,
Quando surgiu a “saga” e invenção da “Diplomacia Económica” pelo então ministro da Economia embaixador Martins da Cruz e com isto o desaparecimento do ICEP que viria a dar lugar ao AICEP, era então eu, há 5 anos, o representante do ICEP, na Embaixada de Portugal em Banguecoque agregado à função de Assistente Administrativo Principal, quem em nada prejudicava o expediente da missão.
.
Desde que me apercebi de tal facto que a minha prestação de serviço, de representante do ICEP e 1500 dólares mensais iriam terminar (não era este o montante o principal mas o deixar a obra iniciada a meio), escrevi longos e-mails (arquivados na minha papelada) ao então vice-presidente do ICEP que seria um erro, fatal, terminar com o ICEP e entregar o comércio internacional à tutela do Palácio das Necessidades, dado que os diplomatas portugueses (não todos) estavam vocacionados para expandir, o comércio português, nos países para onde foram destacados. Bem é que a nossa diplomacia (infelizmente) ainda se rege pelo sistema feudal e no Palácio das Necessidades impera a “cagança” do estatuto de julgar que vale e não presta para nada.
.
Mas voltando ao ex-ministro Martins da Cruz (não sei por onde anda agora) do Governo de Durão Barroso, o seu feito da criação da Diplomacia Económica, foi um acto que viria usar como uma demagogia de cordel, pois o homem nunca haja feito nada na vida a não ser um “mestre” de cerimónias e acompanhamento de um primeiro-ministro (espécie de uma floreira de rosas mal-cheirosa) nas suas visitas as estrangeiro.
.
E então na altura, Martins da Cruz faz do Eça de Cruz (o disse alto e a bom som) o seu pau de bandeira de que quando Cônsul Geral em França enviada informações do comércio francês para as Necessidades.
.
Os ministros dos Estrangeiros depois de Martins da Cruz vão usando a Diplomacia Económica como forma de propaganda cordelina e vejo nisto: “engana menino e toma-lhe o pão”.
.
Foi confrangedor, para mim, ver o último ministro dos Estrangeiros numa correria, a voar nos céus dos 5 continentes, a procurar vender (não sei o quê) e a chefiar uma delegação empresarial e para compôr o ramo uma equipa de televisão da RTP; o Presidente do AICEP, voou junto, que procurava, sempre,sempre, dar a cara, atrás do ministro, para os amigos lhe verem a face no vidro do televisor, quando este dava entrevistas para o “povoléu” menos esclarecido e ignorante na matéria, entender que o senhor ministro dos Estrangeiros estava sendo um “mistro das arábias”.
.
Teria aqui pano para mangas para revelar tamanhas “cavaladas” pelo que têem feito, indecentemente, ao comércio externo português desde a criação da “Diplomacia Económica” que foi semente lançada em terra árida que nunca germinou.
Seu admirador e saudando-o de Banguecoque
José Martins
há os pontos de vista do ministerio dos estrangeiros em contraposição aos min do comercio ou ecopnomia. cada um pensará que a area é predominantemente sua, os do comercio por ser promoção comercial e/ou os da economia por ser investimento no pais, os do estrangeiro por serem acções no exterior, etc, qual tem razão? um adido militar ou de defesa depende de que ministerio efectivamente?
é questão não facil e não basta chamar ao mne a autoridade se não tem os meios, embora algum papel e competencias tenha sempre de ter.
o que deve sempre é ficar salvaguardada a autonomia das embaixadas e consulados e diplomatas responsaveis em relação a ministerios que não os estrangeiros.
o mesmo se passa com a cultura ou coordenação do ensino, passando uns anos para um lado, instrução, educação, ensino, noutros para o outro, mne, etc.
oportuno este tema ser debatido e abordado por fsc com sua longa experiencia de diplomata/membro do governo e por outros.
quanto a pp como diz com graça o comentador rilvas tem pelos vistos um sentido bem pratico e não precisa debater a problematica, simplesmente leva a diplomacia economica consigo para onde vai, o irrevogavel é sempre revogavel...
quanto ao ex embaixador, pois será em brasilia, o jornalista tem ainda organicas para aprender quando fala de diplomacia, etc
Senhor Embaixador
A decisão de colocar a AICEP na dependência exclusiva do MENE Portas foi um erro, pois serviu apenas para retirar do circuito o Ministério da Economia, que na altura era liderado por Santos Pereira.
A decisão de integrar a rede externa da AICEP na dependência funcional do MNE foi correcta, pois permitiu um maior apoio e intervenção das Embaixadas na promoção da diplomacia económica.
A parte negativa foi a exclusão do Ministério da Economia da gestão da AICEP. O ME, com o seu conhecimento detalhado das empresas e da realidade empresarial portuguesa não deveria ter sido afastado, como foi.
Espero que agora se verifique uma articulação na gestão da AICEP entre ME e MNE, pois só assim se pode verdadeiramente potenciar a internacionalização da economia portuguesa, que é fundamental para a recuperação de Portugal.
Negociatas e cá para a gente fina, Senhor Embaixador, olhe os seus amigos socialistas moderados, tão entusiasmados que andam com os exemplos passados de banca criativa... Ainda ficam como nos, Feliciano, disse- me hoje a Senhora Engenheira a sorrir.
a) Feliciano da Mata, escroque moderado
Ó Feliciano, por andas tu, meu marau, que já ninguém te põe a vista em cima, desde que bebemos umas bejecas no terreiro à entrada do Bois, no fundo da Foch, umas horas antes delas se pavonearem por lá? Deixaste de arear pratas nos salões do XVIème? Andas então pelo Golungo, feito colono, a ajudar a engenheira na caça aos gambuzunos facetados, que fazem furor em Amesterdão? Põe-te a pau, Feliciano? Tens contrato, com tudo clarinho, tudo preto no branco? Recebe um abraço do Ronaldo (Azenha de Noisiel), aqui de Pont de Sèvres.
No artigo do JN também se afirma que o Sr. Embaixador foi "embaixador na Noruega, Angola, Reino Unido, Brasil e França"... Parece-me que acabou de ficar com um currículo ímpar !
Cordialmente,
Pedro Santos
Caro Pedro Santos: nem tinha notado! Embaixador na Noruega aos 31 anos e em Angola aos 35, é obra! E, pelos vistos, esqueceram-se dos Estados Unidos e da Áustria. Quem lê de firma apressada currículos faz destas coisas.
Senhor Embaixador,
Volto.
.
Acrescento algo ao cometário de anónimo e relativo à frase seguinte:
“A decisão de colocar a AICEP na dependência exclusiva do MENE Portas foi um erro, pois serviu apenas para retirar do circuito o Ministério da Economia, que na altura era liderado por Santos Pereira.”
.
Paulo Portas usou mais os pés do que a cabeça . Paulo Portas percebe tanto de comércio internacional como eu de lagares de azeite e pretendeu, apenas, voar pelos céus do Mundo e “fazer de conta” que estava a trabalhar para o país. Fez-me lembrar o ministro da Economia Manuel Pinho e Basilio Horta de quando, por conta do AICEP, viajaram no Falcon da FAP e parece-me que nunca chegaram a pagar o “calote” que a FAP reclamava.
.
Paulo Portas é necessário que entenda em não se armar em “chico esperto” e todas as acções e asneirada passam ao largo e deixar de pensar: “que se lixe o mexilhão, eu cá vou levando o meu!!!...
.
Seria altura de se saber qual o montante que o Portas despendeu em viagens de “nada” e juntar o montante que sacou de ajudas de custas que sairam do FRI (Fundo para as Relações Internacionais), o saco azul (dinheiro dos emolumentos) do Palácio das Necessidades.
.
Hoje e no futuro para se levantar a economia de Portugal será necessário que se pegue na pasta (à laia de pracista) e se vá para a rua e oferecer aquilo que ainda produzimos e temos para vender.
.
Será necessário que se saiba que o prestígio de Portugal no estrangeiro está pelas ruas da amargura, porque perdeu todos os comboios e não apanhou nenhum.
.
Afincadamente todos devem trabalhar e deixar as “caganças” do passado. Aquele tempo dos delegados do ICEP (creio do AICEP igualmente) aparecerem a esfregar os olhos ao meio dia no escritório e depois, durante a tarde, polirem o fundos das cadeiras nos bares deve terminar.
.
Termino: “conheci há anos um grado do ICEP que se deslocou da Africa do Sul a Banguecoque, apenas, para comprar gravatas, famosas, do Jim Tompson”.
Saudações de Bangkok
José Martins
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=82459
Enviar um comentário