sexta-feira, maio 24, 2013

Quem é Eça?

Foi no "Diário de Notícias" de ontem. Uma senhora que dá pelo nome de Joana Emídio Marques termina assim uma notável peça sobre a descoberta do texto para uma opereta que Eça de Queiroz terá escrito "a meias" - na incisiva expressão da escriba - com Jaime Batalha Reis:

"Eça de Queiroz (1845-1900) é um grande romancista da literatura portuguesa, autor, entre outros, de Os Maias, O Crime do Padre Amaro; este último é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX. O escritor foi ainda jornalista, polemista, diplomata e membro do movimento literário Geração de 70".

Note-se a elegância da escrita, o rigor da pontuação e o estilo didático e de cultura de almanaque de quem podia estar a fazer uma nota necrológica sobre um poeta romântico da Transnístria. Confesso que desconhecia esta vocação do "Diário de Notícias" de nos servir textos dignos das páginas da Wikipedia. Até o Palma Cavalão, na "Corneta do Diabo", tinha uma pena bem "mais catita". 

Já agora, talvez alguém devesse explicar, lá no jornal, à ilustre plumitiva, que esse tal de Eça de Queiroz escreveu, precisamente na folha que hoje tão generosamente a acolhe no seu seio (como diria A.B. Kotter, personalidade cuja biografia a senhora não conhecerá, pela certa), também "a meias" com Ramalho Ortigão, um folhetim intitulado "O Mistério da Estrada de Sintra" - que, no estilo da "notícia", deveria ser qualificado como um concelho situado a Oeste da Amadora, a qual também já se chamou Porcalhota.

Em tempo: modestamente, eu disse que o texto era "digno das páginas da Wikipedia". E não é que a abertura do mesmo é exatamente tirada daí? 

19 comentários:

Anónimo disse...

O problema do Eça (mas decerto o problea será dos portugueses...) é que a maioria dos textos que escreveu nunca mais perdem atualidade!
José Barros

Anónimo disse...

Uma delícia!

outeiro

Anónimo disse...

Foi a isto que chegãmos.
A isto e a ver o Eça reduzido a citações que parecem retratar a actualidade mas cujo anacronismo é evidente para quem, realmente, o leu.
É actual, claro que é. É actual como Shakespeare, Goethe e Aquilino; como Garrett e Vítor Hugo. E por aí fora...

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Francisco este seu texto é delicioso e mostra bem como o humor é a arma mais eficaz para mostrar que o rei vai nu!

a d´almeida nunes disse...

Mas, caro amigo, se a coluna onde está inserido este artigo, tem uma finalidade específica, às tantas até se pode aceitar a simplicidade e ingenuidade da sua escrita!...

Vou ler...

Anónimo disse...

Lá está o colega (sei que não tem em grande conta o meu trabalho, mas enfim, parece que gosta das minhas prosas) a exagerar na sua bondade. Eu sou apenas um pobre homem da Póvoa de Varzim e tenho a mesma história da República dos Vales de Andorra... A propósito, lá no nosso Ministério já se deram conta de que eu nunca plagiei o Zola? Os colegas não perdoam, mesmo cento e treze anos depois de se estar morto... Pode crer. meu amigo, prepare-se!! Seu

a) José Maria Eça de Queiroz, via medium avalizado

patricio branco disse...

a wikipedia é muito superior, ou melhor, este texto é mediocre e o da wikipedia é util para consulta e decente.
e o texto para opereta, descoberto, que será?

António Pedro Pereira disse...

Senhor Embaixador:
E esta pérola do «bom português» de um elemento da nossa elite, no caso económica, Nuno Carvalhinho, presidente da Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas (ANPME), que considera as recentes medidas do governo positivas: «[...] e eu creio que vão haver empresas que vão aproveitar estes incentivos [...] e não deverão haver muitas empresas [...] eu acredito que sim, que vão haver empresas que vão fazer este tipo de investimentos.»
Como disse Miguel Sousa Tavares na entrevista de hoje ao Jornal de Negócios, citando o pai: «os países não progridem sem elite e a elite portuguesa morreu toda em Alcácer-Quibir».

Anónimo disse...

Eça é considerado o escritor perfeito.
Atinge a perfeição de escrita em Os Maias.

Anónimo disse...

Eça é que é essa,omeça!

Anónimo disse...

é o resultado das politiquices, facilitismos, decididos pelos dirigentes dos ultimos 30 anos...

quem sao esses?..

Isabel Seixas disse...

O Sr. com Eça não facilita...

Blogger disse...

a senhora não estaria a ironizar ?

EGR disse...

Senhor Embaixador:peço desculpa mas V. Exa. está muito exigente com DN.
Pensando bem, salvo algumas honrosas excepeções,o que V. Exa.assinala está em total consonancia com o nível geral do DN.

Anónimo disse...

Grande Embaixador! Magistral!

Anónimo disse...

Grande Embaixador! Magistral!

Anónimo disse...

No DN de hoje (25/5/2013), o seu eminentíssimo e intervenientíssimo director comete a seguinte frase: "(...) o Conselho de Estado é um órgão constituído por alguns notáveis do regime cuja função será a de aconselharem (sic) o Presidente da República.
É, repito, o director da folheca!

Anónimo disse...

Caro 'Anônimo' das 13:35 de ontem
A 'velha senhora' declara-se, uma vez mais, encantada (apaixonada?) com o a):

mais um a)zinho querido
desta vez atrás do eça
tão fino humor não duvido
do jovem faz mais do que essa
promessa que é já certeza
(a meu ver bem entendido
que outros veres não valido)
publique humor meu amor
mais sedutor ficará
ouso velha lhe propor
e continue co'o a)

Anónimo disse...

Errata:
O anónimo é o das 13:35, sim, mas do dia 24.
(Esqueci-me de enviar na hora a rimalhice. A velha senhora que o não saiba ou, se o souber, que me perdoe).

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...