quinta-feira, maio 16, 2013

Postal do ajustamento

Para quem não saiba, a rua Sá da Bandeira foi, por muitos anos, uma das artérias comerciais mais conhecidas da Porto. Recheada de boas lojas e com um comércio de qualidade, lado a lado com lugares mais populares, era um dos eixos mais importantes da capital nortenha.

Passei por lá há pouco. Aqui fica um retrato da atual rua de Sá da Bandeira. Se não tivessemos a abertura de espírito para acreditar que, graças ao processo de ajustamento em curso, os "amanhãs" vão trazer por ali Vuitton, Armani e Hermès, até podíamos ter a tentação de pensar que era apenas a pobreza que vinha aí. Qual quê!

14 comentários:

Iphone da Estrela disse...

Caro embaixador,

Independentemente da minha opinião sobre a fusão de freguesias a nível nacional, escrevo para lhe dar conta de que a reforma administrativa para a cidade de Lisboa é um processo que corre há já alguns anos.
Na realidade Lisboa tinha 53 freguesias, numero completamente desajustado para os cerca de 500 mil habitantes da cidade. Havendo mesmo freguesias (sobretudo na baixa) com menos de 1000 habitantes. Compare-se, por exemplo, com Paris com cerca de 2 milhões de habitantes e apenas 20 Maries (frança publicou ha alguns anos uma lei especial para reformar administrativamente para Paris, Lyon e Marseille).
Tive oportunidade de participar nos estudos realizados para a Câmara de Lisboa (Coordenados pelo professor Augusto Mateus) e posso garantir a bondade das soluções propostas para a cidade. A reforma pecará, aliás, apenas por não ir mais além! A criação de freguesias com massa crítica é fundamental para eficiente prestação de serviços públicos, garantindo, por outro, que se mantém uma adequada escala de proximidade.

Banda in barbar disse...

sim lembro-me, cheia de casas com rendas dos 600$00 aos 4 contos e quinhentos, casas burguesas cheias de livros e tralhas que o senhorio herdara ou que os herdeiros queriam por no lixo a custo zero...
era uma rua cheia de velhos, era...

Anónimo disse...

Ora, se bem me lembro, rua commercial quando havia gente de meia-idade em Lisboa, com filhos e netos também na dita avenida de rendas congeladas e rendimento disponível.

Josué do Pan de sucre disse...

Centros comerciais, hipermercados, pois acho que não deve vir a compras a Lisboa há muito tempo, nas lojas não se paga a qualidade, pagam-se as rendas altíssimas dos espaços e artigos de importação, para encher a basbaqueira nacional.

Anónimo disse...

Então não, lojas com rendas baratíssimas cujos trespasses se vendiam por 100 mil e 200 mil contos?
É dessas que fala?
Ali cerca da Trindade, zona de grande movimento e não só de drogados, um filho do conde de Bobone, com consoantes extra, comprou o trespasse de uma dessas lojas por 20 mil contos.
É pena que optasse por um negócio moribundo, podia ser peor, podia ter aberto uma loja de telemóveis ou de croissants, ou de aluguer de vídeos, como uma que existiu perto da Sá da Bandeira em 198?.
Porque será que desapareceram, padeciam das crises?

Banda in barbar disse...

Sá Da Bandeira sinhá?
Preto gosta muito...

Anónimo disse...

Bem conseguido Post! Realmente! Tenho pena do que aqui nos é mostrado. E que saudades quando ess Rua era bem melhor.

Bmonteiro disse...

Permito-me,
alguma ironia quanto ao termo ajustamento.
O que temos na imagem, vejo-o como ajustamento não à actualidade, mas aos prodigiosos anos 80-90...
Até hoje com XIX governos ditos democráticos, outros tantos autarcas eméritos, as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, com os magníficos e modernos centros históricos, a raiar a indigência, estão bem de acordo com uma coisa.
O estado a que chegou esta Estado. Falido.

freitas pereira disse...

A recuperação económica da mais profunda recessão desde a Grande Depressão está em curso há já algum tempo, dizem eles, mas mantém-se demasiadamente dependente dos estímulos da política macroeconómica e até agora tem sido insuficiente para combater a elevada e persistente taxa de desemprego em muitos países. Ora sem emprego não há produção, não há consumo , as lojas fecham e as cidades desertificam-se. Como Detroit, no Michigan, que agora recomeça a viver.

Todos os espertos sublinham os perigos que os programas de ajustamento financeiro demasiado pesados fazem recair sobre a economia mundial e ainda pior para os países dotados de economias anemiadas ou quase inexistentes.

Mas, Senhor Embaixador, são outros, mesmo os da "casa", que impõem, " par ailleurs", as marchas forçadas que levam ao espectáculo que notou na Rua Sá da Bandeira! Eu vi o mesmo espectáculo triste nas ruas de Atenas este ano. Sem falar da insegurança crescente de passear à noite nessas mesmas ruas. O que quer dizer que o desemprego e a delinquência vão agora de mãos dadas.

A Europa mergulhou numa recessão organizada pela filosofia alemã da “austeridade” (há uma velha tradição na Alemanha de “filosofia da miséria” e de “miséria de filosofia”…) e imposta por uma imperial Merkel, assessorada pelo BCE, FMI e uns tecnocratas neo-liberais , etiquetados sociais democratas, bastante ignaros. O desastre é agora evidente e está bem espelhado na estagnação económica do Velho (demasiado velho?) Continente.

A urgência é grande de obrigar a Europa a mudar de itinerário.

Barack Obama tem toda a razão: “A austeridade não é um programa económico

Anónimo disse...

Acho "ajustamento" uma palavra inerte, uma desculpa para esconder a dura realidade e não assumir o seu lado negro .


Alexandre

EGR disse...

Senhor Embaixador: já por diversas vezes, neste espaço, tenho assumido a minha condição de portuense; nasci no Porto, e lá vivi,estudei,e trabalhei até há poucos anos.
Sei que tem especial gosto pela minha terra; hoje quando lá assalta-me uma profunda tristeza pelo estado a que tudo chegou.
Por casualidade,nos ultimos tempos passei duas vezes na Rua Sá da Bandeira.
Que lastima senhor Embaixador!
Mas permita-me que acrescente : Praça dos Poveiros,Rua Passos Manuel,Rua Fernandes Tomás,Rua Formosa,Rua Mouzinho da Silveira para só citar as que me ocorrem.
Enfim, simplesmente, deprimente.

arg disse...

Bonita foto.

Anónimo disse...

Eu nao conheco bem o Porto, devo confessar. Quando ha dois anos fiquei no Porto com um grupo de amigos, o nosso hotel, simpatico, acolhedor, de preco razoavel, com um barman apto em caipirinhas e manhatans ficava na Av. Sa da Bandeira. Mesmo em frente, uma optima escola de linguas "Inlingua" de seu nome .
Foi um prazer descobrir mais um cantinho do Porto.

Saudades de Londres

F. Crabtree

Anónimo disse...

Pela foto, aquela rua parece ter sido abandonada há mesmo muito tempo. Custa a crer que tenha sido esta crise que tenha feito estes efeitos. Enfim.....

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...