sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Semana inglesa

No passado domingo, passeando pela londrina King's Road, com todas as lojas abertas, lembrei-me do conceito da "semana inglesa" - a conquista do direito ao descanso obtida no início do século XX. Inicialmente, era um dia e meio sem trabalho nos serviços, passando, mais tarde, a dois dias completos. O comércio foi sempre mais flexível, embora o domingo se tivesse mantido, durante muito tempo, um período "sagrado" de encerramento de quase tudo.

O mundo, entretanto, mudou. A flexibilização dos horários, que sempre existiu em sociedades com direitos sociais limitados, foi-se impondo no mundo liberal, impulsionada, em especial, pela pressão do comércio, ou melhor, do dinheiro. A concorrência entre os diversos modelos de comercialização acabou por criar uma "epidemia" quase inescapável.

Hoje mesmo, foi anunciado que o presidente Nicolas Sarkozy tem intenção de alargar as já existentes facilidades de abertura do comércio ao domingo, um pouco na linha do seu conhecido slogan político: trabalhar mais para ganhar mais. Aliás, muitas zonas turísticas, e não só, de Paris já abrem regularmente todo o fim-de-semana.

Neste tempo em que também alguns feriados desaparecem, em que se flexibilizam certas coisas que tínhamos por adquiridas, talvez algum contraditório não faça mal aos espíritos. Por isso, este fim de semana, já coloquei de parte, para reler, o "Droit à la paresse", o clássico de 1880 de Paul Lafargue, uma obra que imagino não deva ter desagradado ao sogro do autor.

13 comentários:

Anónimo disse...

O Marx não gostava do genro, considerava-o um mulato sem eira nem beira. A Laura sofreu imenso.

Revolucionário, sim, génio, claro, mas ... sempre um alemão!

a) Feliciano da Mata, da V Internacional

Anónimo disse...

Paresse-me bem...

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Feliciano: Eu não escrevi que o sogro gostava do genro. E não subscrevo os epítetos, não apenas racistas mas também xenófobos, que o amigo adiantou. Tento na tecla, Feliciano, tento na tecla...

Gil disse...

Meu caro Mata, nao sei se oMarx gostava do crioulo mas elogiou-o por diversas vezes. vezes.
E o Lafargue não devia desgostar dos alemães visTo que usou, como epígrafe para a sua obra magna uma frase de Lessing (Gotthold Ephraim e não Lessing:
"Sejamos preguiçosos em tudo, excepto no amor e na bebida, excePto em sermos preguiçosos".

Anónimo disse...

Eu gosto muito de citar Tristão Bernard. Não a proposito do fim de semana inglesa mas a proposito do trabalho em geral e cuja frase de T.B. tento aplicar estes ultimos tempos: "levantar todos os dias por volta das seis da manhã para ter o dia inteiro sem fazer nada"  
José Barros

Helena Sacadura Cabral disse...

Este Feliciano, sob a batuta do antigo mestre e patrão, está a revelar um à vontade nesta sua casa, que até a mim própria me surpreende. Eu que sou uma terra a terra...
Mas é isto: "não sirvas a quem serviu, não peças a quem pediu"!
O que é certo, é que o rapaz começou por mordomo, atirou-se às parabólicas, fez negócios nos transportes e agora dá-se ao luxo de citar Marx...
Qualquer dia te-mo-lo a debitar Passos Coelho ou Cavaco Silva.
Vai longe e deve estar a bater-se para assessor de Mario Soares, dado que Socrates o pensador português não vive cá.
Assombroso, Senhor Embaixador!

Anónimo disse...

Sr Embaixador,peço-lhe licença para dirigir-me ao Sr Feliciano da Mata para felicitá-lo (nao fora ele Feliciano) pela coragem que tem para terçar armas com o autor do Duas ou Tres Coisas.
Eu já o admirava pela falta de “tento na tecla” e pela coragem com que se auto-tutologa
Tutólogo (da primeira hora) Faz-tudo, Filósofo moral e, até, imaginem, na V Internacional.
Vao, com um abraço, os parabéns pelo humor.
PS – Já me esquecia de mencionar que também foi (ou ainda é?) Garçon, entendido en choucroutes, etc… etc… etc…
Francisco F. Teixeira

Anónimo disse...

Ai, Senhora Dona Helena, não subestime quem serviu!

a) Feliciano da Mata

Fada do bosque disse...

Marx é alemão, mas escreveu isto em França:

(...)(Energia pessoal de indivíduos de diferentes nações Alemães e Americanos - energia devida ao cruzamento de raças - daí o cretinismo dos Alemães verdadeiros cretinos - Em França, Inglaterra, etc, dos povos estrangeiros transplantados para um território evoluído e para um local
inteiramente novo na América; na Alemanha a população não teve a mínima reacção.(...)

(...) Este modo de fazer história que era empregue sobretudo na Alemanha (em que a própria História salta directamente do homem de Neanderthal para o século passado) deve ser explicada a a partir do contexto: A ilusão dos ideólogos, dos juristas, dos políticos e dos homens de Estado) alemães (...)

Marx e Engels in A Ideologia Alemã

Anónimo disse...

Cara HSC
A velha Senhora agradou-se tanto do humor do seu brilhante comentário 'feliciânico' que se propôs elaborar rimalhada para competir (com pouco êxito - confesso eu, em surdina, não vá ela aperceber-se):

basta lata tem 'meu' mata
que bem lhe admiro a bravata
pois tudo trata e maltrata
não se nega à negociata
ilustre 'estro' meu destrata
com pluma de diplomata
e até marx ora desata
a citar autodidata

mas meu mata não é pata-
choca tonta patarata
que agora nem psicopata
por medo de que se abata
sobre ele grande enxurrada
serve a coelho-cavacada.

(eu cá sou velha marada
e sonho ser pró 'meu' mata
meiga gata se lhe agrada)

*

(brinquemos irmãos
gozemos irmãs
se hoje há dias vãos
não há amanhãs)

Helena Sacadura Cabral disse...

A Velha Senhora está com laivos da Internacional Socialista. E tem toda a razão, porque se hoje há dias vãos, é porque não há amanhãs!

Helena Oneto disse...

Não reli o "Droit à la paresse" mas deliciei-me a ler o novo "Tim Tim:)!

Anónimo disse...

O fecho ao domingo é uma imposição da Igreja , para que os seus fiéis possam dedicar-se à sua fé.

Os judeus e sabadistas , descansam ao sábado!

Não existe nenhum modelo liberal. O que existe é um modelo de parceria entre os governos, as corporações multinacionais e os Bancos para "chuparem" o sangue aos desgraçados. O clima de concorrência de que o Sr Embaixador fala não existe , a não ser entre os pequenos logistas de rua.
As grandes coorporações exercem a sua actividade sem concorrência ou com concorrência controlada , como acontece , nos combustiveis , telecomunicações, distribuição , enregia e nas restantes matérias primas e produtos basicos , etc !

Os parlamento legisla à medida das grandes corporações e estas trabalham em regime de monopólio para poderem pagar bons ordenados aos politicos !!!
Este é que é o mundo liberal que existe . O mundo liberal de que o Sr Embaixador fala não existe. É um sofisma !

Quanto às lojas abrirem ao Domingo, convido o Sr Embaixador a visitar os centros das cidades portuguesas ao Domingo e fazer umas comprinhas!

OGman

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