quinta-feira, fevereiro 23, 2012

José Afonso

Tive a sorte de poder assistir - de pé, bem à frente - ao espetáculo histórico que teve lugar no Coliseu dos Recreios, de Lisboa, em 29 de Março de 1974, pouco antes do 25 de abril.

Hoje, dia em que passam exatamente 25 anos sobre a morte de José (Zeca) Afonso, aqui fica uma imagem desse momento, na qual se podem ver, da esquerda para a direita, Barata Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Manuel Freire, Fausto, Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira. Foi uma sessão memorável, mas, se bem recordo, uma noite em que Zeca Afonso não cantou nenhuma das suas principais canções, porque a isso não estava autorizado.

Da sua produção, e numa versão "pura", escolhi o tema de 1963 "Os Vampiros".

10 comentários:

patricio branco disse...

elenco de luxo o desse espectaculo a que não assisti.
José afonso apenas tive a oportunidade do ver uma vez, num anfiteatro da universidade de lisboa, tambem antes do 25 de abril. Cantou os vampiros que ouvi então pela primeira vez.
estava tambem a correia de oliveira, nesse espectaculo.
adriano correia de oliveira era igualmente um grande cantor, basta ouvir a canção com lagrimas com letra de manuel alegre.

Alem das letras que cantava, josé afonso foi ainda autor de dezenas de poemas de qualidade que estão publicados num livro que reune tanto estes como aquelas. e ler a sua poesia é uma surpresa.

boa homenagem a que lhe é prestada.

Anónimo disse...

Seria ainda em 74 ou 75, mas já depois de Abril, o Zeca veio cantar a Melun.
Quando pelo caminho lhe dissemos que a sala era uma sinagoga ele retorquiu:
-Já me disseram que dançam com as minhas canções nas discotecas... E então? O meu canto não é livre? Eu canto onde vocês quiserem.
E cantou. Parece que ainda foi ontem!
Hoje, quando passo ao lado da sinagoga recordo sempre o Zeca Afonso...
Recordando a sua morte há 25 anos, hoje, o Jornal “Expresso” publica um excelente texto a não perder.
José Barros

Anónimo disse...

ERA UMA VEZ

Caro embaixador
Também estive lá!!!

Quando entrámos no Coliseu cantava-se já nas bancadas uma canção que ouvi pela primeira vez:"o povo é quem mais ordena..." e aquela melodia pouco a pouco, ia tomando forma e dimensão.

Pouco depois um palco cheio e o Zeca avisava que só estava autorizado a cantar"O milho verde" e a "grândola".
A Pide não tinha percebido a "metáfora" da segunda canção. Nunca lhes terá passado pela cabeça
que ali estava inesperadamente a nascer UM HINO.

O espectáculo crescia, crescia, galvanizava e no final cantava-se em pé e em lágrimas o Hino Nacional.

Os corações batiam forte,à saída os corredores foram percorridos num contido silêncio.
Ao descer a ladeira do Coliseu eram visíveis muitas carrinhas azuis, repletas de polícia. Não houve incidentes, mas dentro de um silêncio "sorridente" sabia-se, adivinhava-se... que alguma coisa estaria para acontecer.

Tenho pensado mil vezes que naquela noite, o grito de BASTA de uma geração culta, mais ou menos politizada foi simbolicamente o início de algo que já não poderia voltar para atrás.

Vivo na cidade onde Zeca viveu e foi sepultado no maior funeral que alguma vez me foi dado assistir.
Conheci-o mais ou menos de perto.
Simples,lindo,corajoso,operário dos seus ideais,desprendido, nunca desejou outra coisa da vida que não fosse ser o ZECA.
(Já tantos se venderam)

25 anos? Custa a crer. Que saudades.

António P. disse...

Caro Embaixador,
Também assisiti a este espetáculo.
Realmenet foi uma sessão memorável.
Cumprimentos

Helena Sacadura Cabral disse...

Onde isso já vai, Senhor Embaixador.
Onde já vai a Europa Unida.
Onde nós já vamos ... indo!

Anónimo disse...

A música e poemas do Zeca Afonso são brilhantes! Dificilmente será igualado!
No entanto, julgo que, devido à sua altíssima sensibilidade, teve conceções politicas completamente utópicas.
O estado da situação atual está mesmo a “jeito” para a descarga da sua irritação…(auto)exilar-se-ia?
O que tenho pena é que tenha ido tão cedo e que não tenha continuado a deliciar-me com a sua enorme arte. Fico com o que deixou que é muito.
O resto…, agora, ainda me divertiria mais…

Anónimo disse...

Caro dr. Seixas da Costa, é com muito agrado, que verifiquei a diversos níveis, a relevância que foi dada a esta efeméride.

Quando estava de "oficial dia" no HMDIC,(hospital militar de doenças infecto contagiosas), os nossos queridos Zeca e Adriano eram muitas vezes meus convidados, para jantar e tertuliar.

Que saudade.

Guilherme.

Anónimo disse...

Hoje, com a miséria a aproximar-se aparecem as memórias daqueles que fizeram e difundiram os ideiais libertários. Os ciclos repetem-se !!
As letras são as mesmas e as letras também , mas esses musicos foram todos ostracisados nos tempos do reinado do Mario Soares, Cavaco Ramalho e Sampaio!

Agora começaram a fazer falta e voltam outra vez!

O que é preciso é animar a malta !!!

OGman

Helena Oneto disse...

Boas recordações! Não tive a sorte de assistir a esse memoravel espectaculo (porque estava noutra memoravel noite) mas tive ocasião de os ver e ouvir todos, juntos ou separdos, noutras não menos memoraveis ocasiões!

Borges Machado disse...

Borges Machado

Portugal sem a "pessoa" de José Afonso, jamais seria o mesmo !!!
José Afonso, homem de fortes convicções e fortes ideias !!!!

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Não, não é "dos Pintores": é do Pintor. Onde fica? Fica em Santo Antão do Tojal. Não sabe onde é? Ó diabo! Conhece A-das-Lebres? T...