sábado, outubro 01, 2011

Rosário

Estou certo que a Rosário teria gostado do momento que os seus familiares e amigos criaram na quinta-feira, no Père Lachaise, na muito triste e emocionada despedida que muitos lhe fomos prestar.

Com o Álvaro Vasconcelos, seu marido, a Rosário de Moraes Vaz foi a espinha dorsal dessa grande aventura de modernidade no pensamento geopolítico português que constituiu o Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais, cuja revista "Estratégia" ela propria dirigiu.

Lembro-me bem dos debates que tivemos no âmbito do EuroMesco, essa rede a que ela tanto se dedicou, na busca de soluções para o espaço do Mediterrâneo, o tema que sempre a fascinou. E as discussões sobre a Europa, onde estivemos bastante distantes para, mais tarde, coincidirmos muito nas nossas perspetivas.

A Rosário era uma personalidade forte, frontal, com muitas ideias e com vastas razões para as afirmar. Muito culta, atenta às questões do mundo, iluminava as discussões e revelava a sua inteligência brilhante, num "tandem" sempre criativo com a serenidade profunda do Álvaro. 

Recordo, agora com saudade, a nossa última conversa, na sua casa, aqui em Paris, ela com o seu inseparável cigarro e o seu entusiasmo transbordante. E, depois, o último dia em que brevemente falámos, no ano passado: ambos de muletas, fruto de acidentes, saídos de uma conferência sobre a Europa, na Gulbenkian de Paris. Ironizámos que estávamos ambos como o próprio projeto europeu...

3 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes é doloroso chegar a um lugar que nos dá o prazer de o visitar e deparar com um texto destes. Não sabia, de todo, que se verificara esse triste acontecimento.

A nossa querida Amiga Rosário partiu. Um abração ao meu querido Amigo (desde o liceu) Álvaro, por intermédio deste blogue.

Desculpe-me a intromissão, caro Chico. Mas, os septuagenários tomam liberdades...

Alcipe disse...

Não a conheci, mas gostaria de transmitir uma palavra de pesar ao Álvaro Vasconcelos, de quem perdi os endereços...

Anónimo disse...

Com Alvaro Vasconcelos partilhamos algumas militancias onde intervinha tambem Manuel Ribeiro que o Alvaro téra esquecido e eu nao.
Foram tempos de esperanca e depois de desilusao. Mas nem tudo o tempo levou!
José Barros.

Alguma vez havia de ser...

São tantas as vezes em que discordo do meu amigo Sérgio Sousa Pinto que me apraz muito registar este momento em que subscrevo a sua análise,...