sexta-feira, abril 09, 2010

Chirac

Por estes dias, as sondagens revelam que Jacques Chirac conserva uma grande estima por parte dos franceses. Na leitura mais "fina" das razões dessa popularidade, a generalidade dos observadores nota o prestígio que o antigo presidente criou, ao ter colocado a França, lado-a-lado com a Alemanha e vários outros países, em oposição à decisão americana de invadir o Iraque, sem um mandato multilateral.

Passam já 7 anos sobre esse episódio que dividiu a Europa e o mundo. Mas os franceses não esqueceram que, no momento oportuno, Chirac soube colocar-se ao lado da razão e da justiça internacionais. Se há uma virtude que a França tem, essa é a sua memória.

12 comentários:

Anónimo disse...

E, nesse sentido, ficou célebre o discurso de Dominique Villepin nas Nações Unidas (em 2003, creio), a propósito da invasão do Iraque pelos EUA, sem um mandato internacional, como aqui refere o Embaixador. Para quem já não se recorda, vale a pena voltar a escuta-lo no You Tube. Um discurso que foi ouvido “amargamente” pela então Administração norte-americana (de George W. Bush).
P.Rufino

Anónimo disse...

Como é bom encetar o dia com o pano de fundo da esperança em homens dignos, que sabem dizer Não!...

Ao vislumbre de qualquer extermínio, onde o tira teimas é desleal,e um dos percursores escapa imune comprovando o endeusamento e poder dos misseis e a leviandade da decisão nem sequer é punida com um silêncio atroz, até aposto que dormem descansados e sem a insónia da culpa, ostentando com desfaçatez o tenho a consciência tranquila.


"Sólo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente "En Ana Belén

"A propósito da invasão do Iraque pelos EUA, sem um mandato internacional"

Isabel Seixas

José Barros disse...

Com dupla nacionalidade, portuguesa e francesa, raras vezes senti necessidade de pertencer mais à França do que a Portugal! Mas aqui não hesitei em manifestar na rua e senti-me mais em simbiose com Chirac do que com Durão Barroso. Para aquela invasão, a diplomacia americana utilizou o que há de mais vergonhoso: a mentira. Depois utilizou a força sem ouvir a maioria! Talvez a história possa um dia trazer ainda mais esclarecimentos e chamar a contas os responsáveis desta tragédia que sete anos depois continua a fazer victimas...

Anónimo disse...

Gosto do sorriso do Sr. franco despretensioso, ficou mesmo bem nesta fotografia , tão bem como a memória do seu feito...

Desejo-lhe mesmo felicidades, e que os Franceses e não só se nutram das Boas memórias...

Quem me dera nesse contexto poder sorrir também incondicionalmente orgulhosa da lucidez das decisões...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Imaginemos que Durão Barroso, que era da mesma familia politica dele, tivesse seguido os seus conelhos....Imaginemos que em vez de Chirac era o Sarkozy que estava na altura no Eliseu....

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssimo Embaixador Francisco Seixas da Costa: concordo com a posição sensata que J. Chirac manteve na situação da invasão do Iraque, tal como o fizeram em Portugal Mário Soares e Diogo Freitas do Amaral.

Contudo, talvez devido ao mal-amado J.W. Bush começou a pairar na Europa, e em França, um sentimento antiamericano anterior de que o intelectual francês Jean-François Revel nos deixou uma obra de testemunho sobre essa conjuntura histórica cujas raízes se encontram, no seu ver, no colapso do mundo bipolar e no 11 de Setembro de 2001( em português: J.F.R., Obsessão antiamaricana, Lisboa, Bertrand Editora, 2002 - escrito e publicado antes da invasão do Iraque ). Vale a pena revisitar com sentido crítico esta obra.

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Fernando Correia de Oliveira disse...

A invasão do Iraque foi o erro mais trágico que os Estados Unidos cometeram nas últimas décadas - um crime da Administração Bush, à luz do Direito Internacional, com a cumplicidade de Londres. Dividiu a Europa e lançou o Ocidente numa situação irresolúvel, cujo preço vamos continuar a pagar por muitos anos. O papel de Portugal, através do Governo Barroso? O da toalha no braço, a servir os senhores da guerra.

António P. disse...

Pode ser que tenha razão, caro embaixador...pelo menos no tema em causa ( a guerra do Iraque )
Mas não deixa de ser curioso que Chirac seja um supseito de corrupção de alto calibre.
Bom fim de semana.

Santiago Macias disse...

Chirac fez, decerto, uso desse princípio tão gaulês de manter fora da esfera americana as decisões estratégicas que à França dizem respeito.
Mas Chirac procurava, com sinceridade ou não, a proximidade aos hábitos populares. Confessar o apreço por um copo de vinho e por uma cabeça de vaca é coisa que suscita empatia. As pessoas gostam de se identificar com o que / com quem está perto delas.

Helena Oneto disse...

Foi, sem duvida, o que "salvou" (e que ficará na História) de Jacques Chirac como presidente.

A "grande estima" por Chirac é, na minha opinião, também, resultado da "pouca estima" -actual- pelo seu sucessor Nicolas Sarkozy.

Como diz o Senhor Antonio P. também "ficam" as multiplas questões, sem resposta, sobre o "côté" obscuro do "redoutable" presidente do RPR.

Julia Macias-Valet disse...

Caro Santiago,

"Cabeça de VITELA"...quand même...

É verdade que ao escolher a macieira em 1995 como simbolo da sua campanha à presidência da républica Chirac quis de forma declarada renunciar (um pouco) à sua imagem burguesa e aproximar-se da França profunda.
Inesquecivel a frase criada para a sua marioneta dos "Guignols" : MANGEZ DES POMMES !

Estou de acordo com Helena O. que a sua nao atitude de "maria vai com as outras" ficara para a Historia.

Anónimo disse...

Mau... Querem lá ver que S.E. se descaiu?
"Chirac soube colocar-se ao lado da razão e da justiça internacionais."
Então Senhor Embaixador em França, Portugal colocou-se do lado de quem? Da loucura e da injustiça feudal?
Isto está bonito....

JM

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