Começo por uma constatação que me parece uma evidência: este governo é incomparavelmente melhor do que aqueles que existiram desde 2011. O perfil técnico e político das figuras escolhidas por António Costa é de grande qualidade, seguindo aliás aquilo que o PS costuma fazer nos inícios de ciclo, isto é, juntar figuras independentes e com prestigiado perfil académico com fortes e experimentados quadros políticos.
António Costa começa muito bem. Escolhe uma equipa relativamente jovem, colocando na sensível área económica nomes com grande credibilidade, que os mercados acolherão, com toda a certeza, com total confiança. Ninguém poderá dizer que este é um governo "esquerdista" e nenhum dos nomes apresentados pode sugerir que o primeiro-ministro fez, na escolha da sua equipa, qualquer concessão aos seus apoiantes da "esquerda da esquerda". Noto que os nomes-surpresa nas quatro pastas de soberania (aquilo a que os franceses chamam as pastas "régaliennes": Justiça, Administração Interna, Defesa e Negócios Estrangeiros) são, sem exceção, figuras de elevada e indiscutível qualificação, que dão fortes garantias.
Uma nota particular sobre os Negócios Estrangeiros. Como quem me conhece sabe desde há muito, considero que ter diplomatas à frente das Necessidades, independentemente da sua qualidade profissional e sensibilidade política, não é necessariamente uma boa ideia. O MNE sempre ganhou, em termos da sua força relativa no seio do governo, quando foi titulado por personalidades com peso político próprio. E isso é o que acontece com Augusto Santos Silva.
O novo ministro não é apenas um intelectual prestigiado e com elevada qualificação académica. Estamos perante aquele que é o mais experiente membro do governo, que dispõe do mais competo currículo ministerial, pela diversidade dos cargos exercidos (Educação, Cultura, Assuntos Parlamentares, Defesa). Em especial, noto que, na Defesa, uma pasta delicadíssima, Augusto Santos Silva desenvolveu um trabalho notável, claramente reconhecido pelas Forças Armadas.
A política externa portuguesa fica excelentemente servida com o nome escolhido por António Costa para a dirigir e Augusto Santos Silva vai rapidamente dar-se conta de que terá à sua disposição um dos mais qualificados, dedicados e leais corpos profissionais da nossa Administração Pública.
A política externa portuguesa fica excelentemente servida com o nome escolhido por António Costa para a dirigir e Augusto Santos Silva vai rapidamente dar-se conta de que terá à sua disposição um dos mais qualificados, dedicados e leais corpos profissionais da nossa Administração Pública.