Olhando para ela, para o perfil esguio, algo Modigliani, um "look" procuradamente sereno, aquele esgar um pouco complacente similar ao que a burguesia endinheirada usa afivelar para o comum dos mundos, dir-se-ia uma Kennedy, mesmo que do ramo Peter Lawford, dos que passam férias em Martha Vineyards ou na parte boa dos Hamptons. Se olharmos bem, para as sardas e para a ruivez, também há por ali muito da origem irlandesa (a mesma dos Kennedy, aliás), esses latinos do Norte, pelo que talvez seja isso que justifica a coragem que um dia teve ao chamar "monster" a Hillary Clinton, o que a levou a uma demissão. Ao mesmo tempo, aquela senhora, que só conheço pelas imagens televisivas, foi jornalista e escreveu um livro sobre o genocídio e por ele recebeu o prestigiado prémio Pulitzer.
Chama-se Samantha Power e é a representante diplomática americana junto das Nações Unidas. Quando, na tarde de ontem, ouvi dizer que o Conselho de Segurança se inclinava para indigitar António Guterres como novo SG da ONU, o meu instinto foi "esperar por ela", e olhá-la. E quando o efusivo russo deu por adquirido que era o candidato português que o Conselho ia escolher, descobri-a, finalmente, ao seu lado. E ao vê-la sorrir e anuir com a cabeça, tive então, em definitivo e pela primeira vez, a certeza de que Guterres tinha ganho. É que o apelido da senhora, goste-se ou não, faz toda a diferença nas Nações Unidas.
3 comentários:
"Power was born in Dublin, the daughter of Vera Delaney, a field-hockey international and kidney doctor, and Jim Power, a dentist and piano player. Raised in Ireland until she was nine"
Martha's Vineyard e não Martha Vineyards
Esta senhora foi uma das principais responsáveis por lançar o caos na Líbia e na Síria. Juntamente com Victoria Nuland e Hillary Clinton, constitui o trio de mulheres que tenta empurrar o Mundo para uma terceira guerra global. Talvez só António Guterres as consiga travar.
Enviar um comentário