segunda-feira, outubro 31, 2016

O professor Coutinho

Anda por aí a polémica sobre os "doutores" que, afinal, não o são, que inventaram títulos, talvez para adocicarem o "Vai um cafezinho, shotôr?", lá pelos ministérios.

Há muitos anos, na Pompeia, em Vila Real, no tempo em que não havia telemóveis e, nos cafés, os clientes eram chamados em voz alta, quando surgia uma chamada telefónica para eles, havia um "caramelo" com ar pomposo, alto e de poupa, que era useiro e vezeiro na utilização desse tipo de serviço. Andava na Escola do Magistério Primário, mas, ao que se sabia, estava ainda bem longe de ter concluído o curso que lhe daria direito ao título de professor. Não obstante, era frequente ouvir-se "Chamam ao telefone o professor Coutinho". O nosso homem, estrategicamente colocado do outro lado do café, levantava-se pausadamente e, solene, atravessava a sala em direção ao aparelho preto, pousado sobre a lista telefónica, que o meu amigo Neves facultava ao uso dos clientes. E por ali ficava, uns minutos, enrolado sobre si próprio, emitindo sons ininteligíveis.

A frequência regular das chamadas, naquela hora de enchente depois de almoço, levou à desconfiança: aquilo era "montado" para consagrar, por usucapião auditivo, o título antecipado do grau académico do Coutinho.

Um dia, depois de uma taina no Choco, o Pinto, colega do Coutinho no "Magistério" (os homens, por lá, contavam-se pelos dedos de menos de duas mãos), descaiu-se e confirmou que sabia do caráter deliberado das chamadas para homem,  para "armar", como então se dizia. Eram feitas à sucapa por uma criada da casa onde o Coutinho se hospedava, perto da Cardoa, com a qual ele mantinha uma "amitié particulière". A partir desse dia, a história correu em mesas da Pompeia e, sempre que o Coutinho era chamado ao telefone, havia quem organizasse uma caçoada algo barulhenta. Mas a coincidência desse ruído com o "perpwalk" pós-pandrial do Coutinho parece ter tido sucesso: as chamadas desapareceram!

Que será feito do professor Coutinho?

11 comentários:

Anónimo disse...

o camarada ascenso é um exemplo da 'democracia' portuguesa
e nao quem o ponha na prateleira?
ou a real politik do pais é esta... coisa...?

Anónimo disse...

Em português, o "sh" não existe. Isso é em inglês.
Em português escreve-se "ch" ou "x".

Anónimo disse...

O problema não é serem ou não Licenciados, o problema é eles dizerem que são, um até tinha duas pseudo Licenciaturas e afinal Zero. Até porque sabemos bem que em Portugal isso nem sinal é de se ter um bom emprego. Todos sabemos que vale muito mais uma boa cunha ou compadre do que uma boa Licenciatura. Já temos uma equipinha jeitosa; Sócrates, Relvas, e agora estes dois que nem me lembro o nome. Só falta mais um para uma equipa de Hóquei, mas candidatos por aqui não faltarão, Lavouras, Silva, Freitas e por ai vai.

Anónimo disse...

o ascenso foi um dos que se soube guindar nesta podridão chamada Portugal. Mas atenção que não foi apenas ele. Eu já só queria ver Portugal cair na anarquia total ia cá ser um tamanho ajuste de contas direto. Quanto eu dava para ver isso.

Anónimo disse...

As JOTAS, tanto do PS, como do PSD e CDS, em vez de serem escolas de civismo, educação, estudo da Política, só produziram artistas destes e muitos outros

Anónimo disse...

O das 14:36 julga que tem piadinha com os comentadores que ataca. Entre eles um que lhe deve ser ideologicamente próximo. Só que tem azar ca gracinha, que o Lavoura é Professor Doutor por direito próprio.

Anónimo disse...

E aqui temos um cheio de habilitações e que escreve "shotôr"!

Anónimo disse...

"Em português, o "sh" não existe. Isso é em inglês.
Em português escreve-se "ch" ou "x"."

Eu digo e tu obedeces percebeste?

ja o meu pai me ensinou assim, antes dele o pai dele, e antes dele o pai dele. Entendido? Que a lingua portuguesa so a mim pertence.

Anónimo disse...

Obrigado

aprendi duas palavras: taina e prandial

(alem do perp walk...)

Anónimo disse...

O Embaixador tem aí um maluquinho que está obcecado com o tal ch ou sh. Não quer dar-lhe um shuto ou um chuto?

Anónimo disse...


"Usucapião auditivo" é um achado para caracterizar o método de reconhecimento do diploma do autoproclamado professor.

Luís Quartin Graça

João Miguel Tavares no "Público"