Um grande amigo, residente no Sri Lanka, mandou-me há pouco algumas belas fotografias da visita que a raínha Isabel II, de Inglaterra, fez a Portugal, em 1957, neste dia em que se celebra o 60º aniversário da sua assunção formal de funções.
Na imagem que reproduzo, vê-se a soberana britânica com a mulher do nosso presidente da República, Berta Craveiro Lopes. E, também, o ministro dos Negócios Estrangeiros de então, Paulo Cunha, à conversa com o duque de Edimburgo.
A visita de Isabel II a Portugal fez parte de outras operações políticas e protocolares de idêntica natureza, muito ligadas à necessidade de garantir apoios à política colonial portuguesa. Lembro, neste contexto, a visita, em 1959, do imperador da Etiópia, Hailé Selassié (que, tal como a raínha, também fez uma vistosa entrada pelo Cais das Colunas), e dos presidentes da República do Brasil, Café Filho (1955) e Juscelino Kubitschek (1960), bem como do presidente Sukarno, da Indonésia (1960) e do rei da Tailândia (1960).
Em todos os casos, a Baixa lisboeta foi cenário de cortejos muito bem recheados de assistência, de que nos ficaram, para sempre, imensas fotografias a-preto-e-branco em "O Século Ilustrado". Mas pode dizer-se que as visitas de Juscelino Kubitschek e Isabel II foram, sem sombra de dúvida, as que mobilizaram um público mais sinceramente motivado. Isabel II viria a Lisboa mais tarde, em 1985, numa visita já sem o fausto de 1957.
Em todos os casos, a Baixa lisboeta foi cenário de cortejos muito bem recheados de assistência, de que nos ficaram, para sempre, imensas fotografias a-preto-e-branco em "O Século Ilustrado". Mas pode dizer-se que as visitas de Juscelino Kubitschek e Isabel II foram, sem sombra de dúvida, as que mobilizaram um público mais sinceramente motivado. Isabel II viria a Lisboa mais tarde, em 1985, numa visita já sem o fausto de 1957.
Para se medir melhor a longevidade política da soberana britânica, consulte-se aqui.
18 comentários:
A rainha era tão fofinha quando era nova :)
E Catinga, você tamêm nada lhe escapa... : )))
Olhe o protocolo...
Júlia,
Cenas à frente de toda a gente, não!
Não seja possessiva, por favor.
O arranque da televisão em Portugal muito deve a este acontecimento... Quem tem dúvida de que o material usado pelos nossos (poucos) fotógrafos e cinéfilos eram fraquinhos?! Para que nada faltasse ou "empanasse" no momento X, o que vos parece? Foi de tal monta a influência da chegada da rainha e a reportagem televisiva, que na BBC, se relaciona este facto com o início da Televisão em Portugal! Felizmente por cá ficaram algumas das novidades da BBC, e até ao Funchal chegaram algumas "caixinhas" para filmar as figuras do jet set inglês, que por ali já andavam.De referir que foi no Funchal que se estabeleceu a primeira casa de fotografia de Portugal "CASA VICENTE JORGE SILVA", que já retratara os familiares da rainha, os seus políticos e os exploradores dos continentes e dos mares do sul: actividade de grande propaganda da Inglaterra do pós Guerra...
ERA UMA VEZ
Anda definitivamente uma certa melancolia no ar.
Acho que não será saudosismo, prefiro mesmo chamar-lhe melancolia.
Eu era uma miúda. Acabara de entrar para o Liceu e sei lá porquê a Rainha passou por Setúbal na véspera de chegar a Lisboa, talvez para entrar a bordo do iate real(Britânia, seria?) que a levaria ao cais das colunas.
Com mais duas ou três colegas esperámos longamente, sombrinhas em riste, a passagem do carro que trazia a Rainha.
Vimos pouco mas vimos. Entre a chuva,os vidros embaciados dos carro preto que a transportava, ela ainda esboçou um aceno sorridente para aquelas miúdas de batinha de liceu por baixo dos impermeáveis da época, ali alinhadas no passeio.
Eu não tinha televisão. Ainda esperei alguns anos por ela mas lembro-me das reportagens do Jornal O Século.
Caro embaixador, o que me arrepiava na altura eram mesmo os papelinhos que aos milhares eram atirados das janelas sobre essas "ilustres visitas"
Lembro-me bem de todos os que refere, sobretudo do presidente Cafe Filho, cujo nome me dava vontade de rir...
Vagamente recordo também que havia, entre as senhoras do Estado, uma que se distinguia pela sua beleza e elegância(afirmavam os Crescidos).
Seria a esposa do Ministro dos Neg. Estrangeiros? Alguém se lembra???
Cara Anónima das 17:24: Tem toda a razão de lembrar-se. Tratava-se, de facto, de uma senhora muito bonita e elegante, mulher do ministro Paulo Cunha, que se chamava Maria Amélia Pitta e Cunha.
O Cais das colunas e o Terreiro do Paço são os dois principais icones maçonicos que Lisboa pode apresentar ao Mundo.
Essas figuras eram sempre presenteadas com a chegada pelo Cais das Colunas, tal e qual aconteceu com o nosso ultimo Rei, no regicideo.
OGman
restaurou-se uma barca (tinha um nome)puxada por muitos remadores para trazer a rainha do seu iate até ao cais das colunas.Nunca mais foi usada.
ficaram alojados no palácio de queluz.
a av da liberdade estava bastante esburacada com as obras do futuro metro e conseguiu se cobrir tudo com uns paineis de relva que só serviram para a ocasião.
as janelas e balcões da r augusta alugaram se por preços altos para ver passar o cortejo. Foi usado um rolls royce.
a rtp nos seus inicios deve ter feito então a sua grande primeira cobertura em directo.
o problema colonial não devia estar ainda numa situação de contestação internacional muito aguda ou talvez ela não tivesse já vindo. ainda existiam colonias da frança, reino unido, belgica por todo o lado, embora estes já tivessem começado a programar as independencias.
o principe filipe, tal como um actor ou cantor, causou curiosidade entre as mulheres.
Tambem veio nesses anos o presidente do paquistão que despertou pouco interesse e curiosidade.
Caro Anónimo das 15:34: Já conhecia! Mas, como compreende, não posso publicar
Caro Embaixador
Obrigada por me ter esclarecido.
Pena é que o nosso "caprichoso Google" me obrigue a ser anónima neste blogue quando eu gosto mesmo é de me chamar ERA UMA VEZ...
Paciência...afinal o mais importante é mesmo participar.
Um dia hei-de conseguir.
Senhor Embaixador : foi por causa dessa visita que,pela primeira vez, um televisor foi comprado pela minha familia.
Quanto a mulher do Dr. Paulo Cunha recordo-me da admiração que sua beleza causava na nossa cinzenta sociedade de então.
Lembro que em Agosto de 1960 também vieram a Lisboa os reis da Tailândia, Bumibhol e Sirikit, muito marcantes pelo exótico mas, sobretudo, pela extrema beleza da rainha tailandesa. Trata-se, sem dúvida, de um interessante tópico para o protocolo de Estado, que tem andado tão mal tratado. Um Estado deve receber com dignidade e um toque de pompa. A grandeza também faz parte da imagem de um país.
Caro Amigo, Embaixador Seixas da Costa,
A propósito do Jubileu de Diamante da Rainha Isabel II, o DN entendeu assinalar a efeméride com destaque nas páginas centrais, o que parece uma iniciativa feliz e correcta. Leitor do DN há mais de 55 anos, cedo me habituei a tê-lo como jornal de referência.
Lamento, pois, que tenha havido tanta irresponsabilidade na redacção do sub-título da página 29, da edição de 6 de Fevereiro de 2012, onde em meia dúzia de linhas se cometem erros grosseiros para um jornal de nível nacional.
Vejamos:
- “Rainha desde 1953…”
No próprio artigo se conclui que a Soberana se tornou Rainha no momento em que o Rei Jorge VI faleceu, no dia 6 de Fevereiro de 1952, tal como acontece nas Monarquias, não havendo, portanto, descontinuidade. Aliás, estando a então Princesa Isabel em viagem pelo Quénia, regressa de imediato a Londres, sendo recebida já como Rainha, de acordo com a leis que regem o Reino Unido
- Como acontece nalgumas Cortes, a coroação ou cerimónia de juramento, acontece alguns meses depois, para dar tempo ao luto nacional e familiar e aos preparativos das cerimónias. Isabel II foi coroada em 2 de Junho de 1953, embora já fosse Rainha desde 6 de Fevereiro de 1952
- Afirmar que a Rainha “sobreviveu a um ataque a tiro de um adolescente, em 1981” parece um pouco exagerado. O que penso ter acontecido foi um disparo no meio da multidão, feito por alguém com intenção de perturbar a cerimónia, durante a parada anual que celebra o aniversário oficial da Monarca, no mês de Junho (quando o tempo é mais agradável do que em Abril, mês em nasceu), o que fez com que o cavalo montado pela Soberana se assustasse, sem consequências de maior. O termo “sobreviveu” é excessivo… pois a Soberana não foi atingida nem caiu do cavalo
- O apogeu da imprecisão, para não o qualificar de modo mais forte, vem quando o autor da peça afirma que Isabel II teve um “ânus horripeles” (sic) em 1992! O autor da frase saberá o que escreveu ou terá alguma ideia do latim? Basta ir à Wikipedia para ver que “ânus” significa “orifício final do intestino grosso” por onde são expelidos certos produtos que a decência me impede de descrever; “horripiles” não deve existir, pelo menos em língua usada pelos humanos, já que nem o Google a localiza... Deveria querer citar as palavras usadas pela Soberana, na sua mensagem de Natal de 25 de Dezembro de 1992, em que motivos familiares, nacionais e patrimoniais graves mereceram que qualificasse tal ano como annus horribilis (em latim…) (ano horrível em português corrente)
- Por último, no que se refere à fotografia sobre a 1ª. visita de Isabel II a Portugal, de 18 a 21 de Fevereiro de 1957, retribuindo a do Presidente Craveiro Lopes a Londres, de 25 a 29 de Outubro de 1955, o final da legenda também não é correcto. Em 1985 a Rainha visitou novamente o nosso País, de 25 a 29 de Março, em visita de Estado, retribuindo a do Presidente Ramalho Eanes a Londres, de 14 a 17 de Novembro de 1978. Basta consultar as edições do DN dessas datas… ou a internet
José Honorato Ferreira
Esquece-me de acrescentar dois outros nomes grandes da cena internacional de então que passaram por Lisboa: o Presidente Sukharno da Indonésia, em Maio de 1960 e o Presidente Eisenhower, creio que no mesmo ano.
Caro José Honorato Ferreira: não me chega aqui o DN, salvo nalguns extratos informáticos, pelo que me escapou essa do "ânus hirripeles". Quase que apetecia dizer que se tratou de um lapso à altura da escola jornalística que o produziu...
Meus senhores,
O DN é um jornal em avançado estado de degradação. Eu sou "frequentador" da versão "online" e digo-vos: aquilo está de fugir!
Meu caro José Honorato
Tudo o que dizes é pura verdade. Acontece que deixei de comprar o DN, desde que de lá saí com o António José Teixeira e a Helena Garrido.
Servi durante vários anos o DN, com muito gosto. Mantenho lá grandes amigos. Mas a actual direcção deixa muito a desejar. Por isso deixar de o adquirir ou mesmo consultar.
O CERIMONIAL DA CHEGADA DE ISABEL II A LISBOA FOI IDEALIZADO PELO ALMIRANTE TENREIRO E REPETIDO DEPOIS PARA O CAFÉ FILHO, KUBITCHEK, E IMPERADOR DA ETIOPIA.
FOI UMA COISA ESPETACULAR.
NA CINEMATECA EXISTE UM DOCUMENTARIO A CORES ESTUPENDO DO ANTONIO LOPES RIBEIRO SOBRE A VISITA CURIOSAMENTE NUNCA SE VE O PROF. SALAZAR
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